Devasto conta tudo sobre “O Céu é o Limite”, o maior single do ano no rap nacional

Conversamos com o produtor que parou a cena lançando sua poderosa faixa com os maiores nomes do rap nacional atualmente.

Devasto é um grande produtor do rap nacional, que já trabalhou com grande parte do cenário e no ano passado liberou o projeto Em Tempos de Hoje com um time pesado que incluiu Rashid, Djonga, Drik Barbosa,Febem, Doncesão, Medulla e mais. Mas neste ano, Devasto se superou e liberou o maior single do ano no rap nacional, “O Céu é o Limite” com as participações de Mano Brown, Emicida, Bk’, Djonga, Rincon Sapiência e Rael.

Alguns podem descordar, mas é difícil nomear outra música que tenha o tamanho de “O Céu é o Limite”. Claro, tivemos excelentes lançamentos este ano, só que Devasto conseguiu juntar os lideres de 3 gerações do cenário em sua “reunião de amigos”. Por isso, acho justo que o titulo de maior single do ano fique com o produtor, se é que esta competição exista.

Se você segue o produtor nas redes sociais, deve ter visto que ele vinha provocando os fãs indicando o lançamento de sua mega faixa por um bom tempo. Com isso, uma expectativa gigantesca foi criada e atingiu todos que acompanham a cena. Resultado: O clipe de “O Céu é o Limite” se aproxima dos 3 milhões de visualizações no YouTube e a música já teve mais de 1 milhão de plays nas plataformas digitais de Streaming, como Spotify, Deezer, Apple Music e Tidal.

Muitos fãs de hip hop, inclusive eu, ficaram curiosos para saber como tudo aconteceu e Devasto conseguiu unir todos estes pesos pesados em uma só música. Não é fácil, por vários motivos, uma prova disso é que você consegue contar nos dedos de uma mão quantas vezes isso já aconteceu. Decidimos então conversar com o produtor, que nos contou todos os detalhes sobre a produção do maior single do ano, “O Céu é o Limite”.

Confira nossa entrevista abaixo.

Esse single deve ter um grande impacto no cenário nacional, era isso que você estava pensando quando idealizou a produção da faixa? Como surgiu essa ideia de produzir um single com todos estes grandes nomes do rap nacional?

“A ideia desse single foi algo muito natural, na real esta produção eu já tinha rascunhado há alguns anos com o Mano Brown, na época que estávamos produzindo umas faixas para o disco “Boogie Naipe”, mas depois eu olhei bem e achei que não tinha muito haver com o projeto “Boogie Naipe”, porque o projeto era um lance mais Funk, mais Soul e essa faixa “O Céu é o Limite” tem esta essência mas também tem a essência do rap. Então, em janeiro deste ano, eu tive a ideia de começar fazer uns projetos, singles, com vários artistas com a minha direção, dirigindo os artistas dentro da minha visão. Dentro disso, ligeui pro Brown e falei: ‘Mestrão, to com a idéia de fazer um single “assim, assim e assado”, você topa?’, e ele respondeu: ‘Tõ dentro, vamo embora. Só mandar o beat.’. Mandei pra ele, na sequencia liguei pro Rincon, que fecho também, assim por diante e todos eles aceitaram.

É uma rapaziada que eu conheço de longa data, todos esses artistas são meus amigos há bastante tempo. Eu queria fazer algo com essa transição, do rap anos 90 vindo para a realidade que estamos hoje, sabe? Essa transição destas 3 gerações que fazem parte do single. Que é uma ideia muito importante como referencia nossa, negra, ter esses monstros reunidos em uma faixa.”

Por que do título “O Céu é o Limite”? Qual a mensagem que você deseja passar para o público com isso?

“O título diz tudo. Para nós de origem da quebrada, todos nos de origem de periferia. Para nós sempre foi difícil, tudo. Tudo é difícil para a gente que mora na periferia. Então, é um lance motivacional, “O Céu é o Limite” não tem telhado para nós. Tudo o que você quiser para sua vida e tudo que você almejar para você, trabalhe com muito foco, muita dedicação, muito amor em cima daquilo que as coisas acontecem. A ideia é passar isso, não exitem barreiras para a gente.”

Como foi juntar todos esses grandes artistas para participarem da faixa?

“Então tem essa questão, eu tenho 18 anos de carreira e de estrada, então eu vi essa galera chegar. Tirando o Mestrão, que é o Mano Brown, meu padrinho que me ajudou muito no começo da carreira e é mais velho do que eu, o resto da rapaziada eu vi acontecer. Emicida eu vi acontecer, vi o Rincon, Rael, Bk’ e Djonga que são da geração mais nova. Então, eu vi essa rapaziada, eu conheço essa rapaziada, nos corremos juntos em alguns momentos dessa nossa trajetória, a gente se esbarrou de alguma forma e a gente já vinha falando de música e de muita coisa relacionado a arte. E temos uma amizade de longa data, com todos esses irmãos, então eu quis fazer uma música com meus amigos, saca? Pô, eu conheço os caras, nos temos uma amizade de longa data, eu nunca chamei eles para participar de um som especifico, a não ser o Djonga que já tem uma faixa comigo, mas eu queria uma faixa que tivesse meus amigos, a galera que eu realmente conheço, que a gente já lutou junto, trabalhou e se ajudou de alguma forma e já vivemos coisas juntos.”

Nós conte um pouco mais sobre o processo criativo da produção do single, detalhes e curiosidades de como tudo aconteceu.

“A produção rolou há alguns anos, o rascunho tem mais de 5 ou 6 anos. Fiz o piano, a guitarra e a batera. Na época eu estava fazendo uns trabalhos com o William Magalhães, que acabou fazendo o baixo da faixa. E deixei de canto, porque surgiram muitos trabalhos na época e essa produção ficou de canto. E neste ano, eu decidi lançar ela porque é uma produção que eu gosto muito e tenho uma apego particular. Agora em janeiro, quando decidi ativar esse projeto, convidei o Fernando Tristão, que é um tecladista gênio daqui da quebrada para uma participação e é bem isso. Produção pra mim é essa parada de clima, tu sente, tu tá ali com as pessoas envolvidas e bate uma inspiração e só sai.,não tem muito como explicar.”

O single conta com os melhores rappers do rap nacional, você sentiu que rolou uma competição entre eles para ver quem teria o melhor verso na faixa?

“Então mano, eu não senti nenhuma competição porque, na real, é lance da união. Os pretos tem que estar andando em bloco, juntos. Fazendo as coisas girarem juntos, com uma força e união. Então entre nós não tem esse tipo de concorrência, ta ligado? Não existiu esse tipo de pensamento, tipo: ‘Quem vai fazer o verso mais foda que o outro’, nunca existiu isso. A faixa é um grito. é um lance que para todos nós do povo negro, do povo periférico. Então esse lance de concorrência nunca rolou e nunca vai rolar entre nós. Somos uma família e andamos em bloco.”

Sobre o videoclipe, como foi o clima das filmagens? E a direção realmente foi feita diretamente de Nova York?

“O clima da gravação foi maravilhoso, uma momento único, especial e, para mim, histórico. Porque juntar todos esses gênios da música popular brasileira em uma faixa pra mim é um honra imensa, um sonho realizado. E no dia da gravação foi da hora, toda a equipe trabalhando com muita dedicação, coração e amor. Foi muio bacana.

Dentro desse lance de traze as pessoas próximas de mim e que eu vi crescer, convidei o Pedro Gomes que é meu amigo de longa data e um representante monstro da arte cinematográfica periférica, um cara que estudou muito. Ele aceitou na hora, se sentiu honrado pelo convite. E ele está morando em Nova York, trabalhando lá e fazendo vários projetos. E quando consegui a data para gravar o videoclipe, ele falou que iria voltar para os EUA 3 dias antes porque ele tinha um compromisso. Então falei pra ele: ‘Irmão, vamos usar a tecnologia a favor do gueto. Vamos alugar a melhor internet portátil e botar você para dirigir o clipe via Skype.’, e foi o que aconteceu. Ele dirigiu, foi muito louco, foi uma maneira diferente de trabalhar, moderna e é até baseado no tema “O Céu é o Limite”, para nós não tem limite, não tem teto, saca? Vamos trabalhar junto não importa a distância. Pra mim foi uma honra, o clipe tá lindo demais, tá muito gangsta. To muito feliz com o resultado.”

Este single é parte de algo maior que você está planejando? Talvez um álbum?

“Na verdade é um projeto Devasto Prod, não é de um EP ou álbum. Meu projeto artístico é estar fazendo, ainda não sei qual o intervalo de uma música para a outra, mas é vir com esse lance de estar unindo vários irmãos em uma faixa e sempre estar lançando um single dessa forma, com vários monstros. Já estou planejando alguns trabalhos para sair neste mesmo formato. Com outros nomes, mas nesse formato. O lance é sempre esse, ‘Devasto Prod Apresenta’, vou estar sempre apresentando umas junções diferentes com um outro tipo de pensamento, do meu ponto de vista. É isso, se preparem que vai vir muita coisa pesada, pesada mesmo, vai vir muita coisa que estou gostando muito. Essa fase criativa minha tá muito alta e eu to planejando muito coisa boa para vir depois deste single.”

 

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