Mc Lan revela detalhes de parcerias internacionais e de novo álbum em entrevista exclusiva

Escrito por André Bernardo 15/05/2020 às 10:54

Foto: Divulgação
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Mc Lan prepara um novo álbum cheio de participações internacionais e revelou todos os detalhes em uma entrevista exclusiva.

Nos últimos anos, Mc Lan tem sido um dos principais nomes do funk no Brasil. Agora ele planeja ir além. O funkeiro de Diadema quer conquistar o mundo com o seu primeiro álbum internacional, que recebeu o nome de “Bipolar” e terá a participação de vários rappers conhecidos mundialmente.

Em entrevista exclusiva para o Rap Mais, Mc Lan fala sobre a origem do álbum, os convidados, o cenário atual da música brasileira, momento da carreira, seu encontro com Kanye West e até sobre a quarentena. Confira abaixo.

Como e quando você teve a ideia de fazer um álbum internacional? Já era um projeto pessoal fazer um álbum desse porte?

Lan: Em 2018, estava fazendo um álbum de Trap Nacional e em meio a gravação desse álbum de trap, uma influencer chamada Gabriela Rippi me apresentou para um DJ renomado chamado Skrillex, que tinha vontade de fazer funk misturado com dubstep com algum artista brasileiro, e acabou casando com algumas ideias que eu tinha em mente. Nisso, em 2019, ele me apresentou o Ty Dolla $ign pelo Instagram e fizemos uma amizade legal a ponto dele me chamar para ir para a América. Nesse meio tempo, o Ja Rule quando veio ao Brasil acabou vindo na minha casa (até levei ele na casa do Hungria), o Dj Motiv8 do Black Eyed Peas acabou dormindo na minha casa também, fiz amizade com o Tyga e assim fui fortificando minhas amizades lá fora.

Acabei indo para os EUA ainda em 2019, e lá conheci através de alguns amigos, o Ty Dolla $ign pessoalmente, que me apresentou o Kanye West e Machine Gun Kelly em Chicago. Fomos para uma balada privada juntos, e fui percebendo que os americanos tinham uma certa empatia por mim, pela minha imagem e pelas minhas músicas e, após algumas conversas, resolvemos fazer algo juntos. Dentro disso tudo eu fui fazendo amizade com o Major e com o Dj Tay James, que são parceiros de trabalho do Justin Bieber, e fui no estúdio do Duane Da Rock em LA, conheci pessoas como The Game, Jadakiss, Fat Joe. Assim começou toda a história por trás desse álbum.

O que é o “Bipolar”? O conceito e o porque deste nome? Tem algo sobre mostrar suas duas faces musical?

Lan: Bipolar representa dois lados muito diferentes de uma mesma persona. Todos me conhecem como o MC Lan Novamente, o funkeiro que canta com voz grave e faz músicas obscenas sobre sexo, mulheres, diversão e favela. Mas não imaginam que o Lan é um personagem, criado a partir das minhas vivências, seja nas ruas, na favela ou na prisão. O MC Lan Novamente é só uma das muitas facetas que tenho dentro de mim e, após muitas reflexões e estudos, percebi que 2020 era o ano para eu fazer essa transição e mostrar uma das minhas outras personas, que não tem nada a ver com o personagem que todos estão acostumados, e é aí que entram o Lan Presidente e o Lan Cruz, outras duas personas que irei trabalhar também ao mesmo tempo que trabalho o MC Lan Novamente. “BIPOLAR” representa essa mudança de características e pensamentos, onde eu não cantarei somente com voz grave, mas também cantarei melodia, onde não cantarei só funk, mas também cantarei Rap, Trap, EDM, Reggaeton, Dubstep, Forró, Sertanejo… quero mostrar que sou bem mais do que o que imaginam e bem mais do que somente o que foi mostrado até agora, Talvez isso soe como se eu fosse mais de uma pessoa em uma só, por isso o nome “Bipolar”.

Poderia divulgar para gente em primeira mão os artistas que irão fazer parte do disco?

Lan: Não posso revelar todos ainda, pra não estragar a surpresa, mas posso listar alguns artistas que estarão no álbum como: Anitta, Wiz Khalifa, Desiigner (do Smash Hit “Panda”), Mário (do Smash Hit “Let Me Love You”), Ty Dolla $ign, Skrillex, Lil Jon, Diplo e Major Lazer, Psy (do Smash Hit “Gangnam Style”), Steve Aoki, Ludmilla, TroyBoi, Badshah (Índia), Runtown (Nigéria), Maejor e DJ Tay James (Justin Bieber), De La Ghetto (Porto Rico), Don Omar (do Smash Hit “Danza Kuduro”), Rauw Alejandro (Porto Rico), MC Davo (México), Snow Tha Product (México), Duki (Argentina), Lalo Ebratt (Colômbia), Anselmo Ralph (Portugal)… os outros não posso revelar ainda.

Você soltou alguns trechos de músicas que revelaram uma pegada mais latina. Quais foram as suas inspirações?

Lan: Acho que os países que visitei me inspiraram. Cada cultura tem sua peculiaridade e todas são especiais de alguma maneira. O álbum tem artistas de todos os continentes, desde America Latina até a Ásia, então acho que conseguiremos fazer algo que consiga conversar com todas as nações ao mesmo tempo.

No mundo atual, principalmente na música, qual a importância que você vê dá necessidade do artista se reinventar?

Lan: Acho que é essencial você evoluir e sempre mostrar algo novo pra não ficar estagnado. Tudo é passageiro, pois você pode se tornar um artista cansativo e fazer o público não demonstrar mais a mesma vontade de acompanhar o seu trabalho pelo simples fato do artista não estar entregando uma evolução satisfatória. Cada dia é um novo dia, com 24 horas, que se transformarão em 365 dias daqui a um ano, e assim sucessivamente, Isso é muito tempo para ficar na mesma, pois o mundo tá girando e o tempo passando, porque só você vai ficar parado? O universo é tão imenso… é um pensamento muito pequeno alguém não querer desbrava-lo!

O Lan do funk dos sucessos “Rabetão” e “Xanaína”, ainda vai continuar ou pretende focar nessa parte mais mainstream e internacional?

Lan: Vai continuar, mas não com a mesma intensidade, isso é fato. Estou focado em mostrar que consigo chegar em um nível grande com meu talento, e me sinto no dever de mostrar que favelados também devem chegar no topo do mainstream. Não temos maloqueiros no pop, estou aqui para mudar isso e mostrar pros moleques da favela que eles podem chegar lá também.

Você tem uma grande noção musical, o que está achando do atual cenário musical dominado pelo sertanejo e funk? Acha que este trabalho internacional irá chegar com tudo no público?

Lan: O cenário musical sempre muda. Jazz, Blues e Rockabilly dominaram os anos 40/50. O Hard Rock e o Soul dominaram os anos 70. O funk, a MPB e Bossa Nova dominaram também de um certo modo os anos 80, junto ao Punk Rock. Pagode e axé dominaram os anos 90, enquanto tínhamos o Grunge e o Hip Hop chegando com força lá fora. O pop-rock e o forró dominou os anos 2000. Tivemos também o eletrônico dominando em um período junto do Hip Hop a partir de 2005/2006. E o agora temos sertanejo e o funk, com o Trap e o pop correndo do lado com força. Acho que todos têm espaço, tudo depende da qualidade que você vai entregar com seu trabalho. Não adianta encher copo que já tá cheio, existem muitos copos vazios ainda para encher.

Para finalizar: Como está esse período de quarentena? Está pensando em compor mais músicas por ficar em casa? E qual o futuro que você imagina após esse período tanto para você quanto para música em geral?

Lan: Estou usando a quarentena para estudar muito, sobre tudo, desde o artístico até o psicológico. Acredito que a pandemia veio para nos fazer refletir e sermos mais agradecidos pela vida que temos, então, após essa pandemia, as pessoas vão aproveitar bem mais, e acredito que serão um pouco mais conscientes na diversão. Tudo acontece por algum motivo, só devemos saber entender o universo e usar a reflexão para evoluirmos cada vez mais.

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