“É íntima a ligação do hip hop com o crime organizado e com a extrema-esquerda, que, na verdade é a mesma coisa”, diz Eder Borges.
Um Vereador de Curitiba acabou vinculando o hip hop à criminalidade em meio a uma votação politica. Nesta terça-feira (25), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) apoiou uma moção de apoio para que o Governo do Estado reconheça o hip hop como patrimônio imaterial do Paraná. A votação foi simbólica, com apenas Eder Borges (PP) se posicionando contra o requerimento, assinado por diversos parlamentares (416.00004.2023). A justificativa é que o reconhecimento permitirá “sua preservação, difusão e promoção, além de garantir o acesso ao hip hop como uma forma de expressão cultural e artística”.
Segundo foi divulgado pelo portal Bem Paraná, Eder Borges (PP) foi o primeiro a falar, se posicionando contra a proposta. Resumindo; o movimento, disse ele, surgiu nos Estados Unidos, “naqueles guetos”, e teria “uma raiz racista”, sem ter um vínculo com a cultura local. “É íntima a ligação do hip hop com o crime organizado e com a extrema-esquerda, que, na verdade, é a mesma coisa (…) Tem umas letras que realmente me fazem questionar se devemos aprovar este requerimento”, indicou ele, citando trechos de músicas. “Hip hop é coisa de detento”, concluiu a fala.

“Sua fala é racista quando diz que o hip hop é coisa de detento”, rebateu Giorgia Prates (PT) – Mandata Preta. Ela assina o requerimento com os vereadores Alexandre Leprevost (Solidariedade), Angelo Vanhoni (PT), Dalton Borba (PDT), Maria Leticia (PV), Pier Petruzziello (PP), Professor Euler (MDB), Professora Josete (PT) e Serginho do Posto (União). A Mandata Preta rebateu as críticas, argumentando que o rock, estilo do qual Borges é adepto, também teve suas origens nos Estados Unidos.
“Só pode dizer isso quem realmente nunca pisou numa periferia. Então, sim, olhar para o hip hop hoje é olhar para a periferia”, acrescentou ela. Na avaliação da Mandata Preta, Curitiba tem espaços como o Bosque do Alemão, mas não equipamentos públicos que reconheçam a cultura africana. “É importante pontuar, houve falas racistas e nós temos que levar isso adiante”, repetiu ela. Conforme ela, “tem coisas na sessão que a gente deixa passar porque é perda de tempo, é mais para ganhar like etc, mas têm momentos que não”.
“Eu acho que pegar trechos de músicas fora de contexto é um tanto quanto leviano”, criticou Josete. A parlamentar falou das diferentes manifestações do hip hop, como o grafite, e disse que o movimento é a “expressão das chamadas minorias”. “Acho que a gente precisa construir um outro olhar sobre aqueles que pensam diferente de nós […] que vivem numa outra cultura, num outro espaço”, complementou.
Confira as falas completas de Eder Borges abaixo:
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