VND listou as vivências dos últimos anos e o bairro onde é nascido e criado como principais influências de seu novo disco.
Um dos grandes destaques do cenário underground nacional, VND lançou na última quinta-feira (8) o segundo álbum de sua carreira, “Onde as Histórias Se Cruzam”, com 12 faixas e participações espaciais de Juyè, Sant e SD9.
Em entrevista exclusiva concedida ao portal RAPMAIS, o rapper comentou sobre o projeto. “Falo sobre ponto de vista de onde as coisas acontecem, onde você faz conexões reais, onde você se apaixona, onde você sente medo. E tudo isso na temática do meu bairro, porque foi onde minha historia se cruzou com o hip-hop, por exemplo; com o Carnaval; e muitas outras coisas”, inicia ele.
“Acredito que a galera vai se identificar muito, porque quase todo mundo teve um ponto de partida em alguma camada da vida, onde a sua história se cruzou com a de alguma pessoa, alguma cultura ou até mesmo com um sentimento novo e desconhecido”, reflete.

A relação de VND com os discos
O artista carioca leva os processos de seus discos com grande importância, e conta que isso surgiu ainda quando jovem, como consumidor. “Isso surgiu porque eu sempre consumi muito musica dessa maneira, sem saber, desde novo. Eu ouvia os CD’s da minha mãe faixa por faixa em ordem e amava o efeito daquilo… Me sentia imerso mesmo nas obras”, relata.
“Foi uma consequência disso. Depois de mais velho, eu queria muito saber como funcionava o processo das obras que eu gostava e me causava alguma coisa; foi aí que eu passei a dar valor pro meu processo criativo e entender que é fundamental pra dar profundidade ao que você está colocando pra fora; e que surgiu essa importância do processo criativo pra mim”, acrescenta.
Ideias e referências da capa
Inicialmente, VND já havia causado impressão com a capa de “Onde as Histórias Se Cruzam”. Na conversa, abordou parte da ideia. “Foi uma junção de referências. A gente queria dar esse efeito dos cruzamentos literalmente mesmo, tipo as coisas acontecendo ao redor mesmo, sabe?!”, diz.

“As histórias se cruzando mesmo visualmente… E também tem uma foto clássica do Big L que a gente usou como referência também, porque flertava muito com a ideia”, complementa ele
Mudança de nome
Na sequência, o rapper integrante do coletivo Covil da Bruxa e selo Exódia Entertainment comenta sobre a mudança de título que o projeto passou. “No meio do processo, com mais material do disco já feito, sempre surgem mais ideias. Quando ele tava quase pronto, eu ouvi faixa por faixa e cheguei em um nome que conversava muito mais com ele”, destaca.
Sonoridade de “Onde as Histórias Se Cruzam”
Já sobre a musicalidade, o artista ressalta os dois lados explorados. “A sonoridade vai de 8 a 80, mas bem coesa, leve e pesada ao mesmo tempo [risos]. Mas tem drill, boombap e suas variações, como drumless… Tem até um quase samba”, brinca ele.
Referências musicais e conceitual
Apesar de haver muita originalidade, “Onde as Histórias Se Cruzam” esbanja grandes referências e inspirações, e VND mostra como isso vai desde o lado artístico até mesmo as suas vivências.
“Andei ouvindo muito Cassiano e Mach Hommy, mas a real influência mesmo foi a rua; as vivências que eu tive nos últimos anos; como músico já, também; meu bairro, é claro; o Carnaval sempre me influência também, pelo meu bairro ter cultura de bate bola muito forte”, pontua.

O que mudou de “Eu Também Sou um Anjo” para “Onde as Histórias Se Cruzam”?
O rapper aborda ainda a principal evolução entre o seu primeiro e o segundo álbum. “Lírica. O processo criativo influenciou muito, porque foi um processo bem mais maduro e sólido. Acho que OAHSC vai envelhecer melhor ou igual ETSUA”, afirma.
Vontade ou expectativa: o que fazer?
Os pedidos dos fãs e as próprias ideias são coisas que constantemente causa dúvida entre os artistas sobre qual caminho seguir. VND revela que também dá atenção para os comentários do público, no entanto, não se deixa levar completamente.
“Eu sempre faço essa pesquisa antes de iniciar qualquer trabalho. Sempre vejo minhas musicas mais ouvidas dos últimos meses, o que a galera anda consumindo, anda pedindo; mas também não deixo me influenciar por isso. É sempre a nivel de curiosidade, porque às vezes eles pedem A e eu lanço B [risos]”, ironiza.