Grande sucesso da carreira de Marcelo D2 é fruto de sua observação geral do Brasil.
Em “Desabafo / Deixa Eu Dizer“, música de 2008 integrante do álbum “A Arte do Barulho” e destaque pelo sample, Marcelo D2 expõe suas expressões e críticas sociais, refletindo as contradições da sociedade, desigualdades e violências observadas.
Através de participação no Charla Podcast, o rapper revelou como a faixa, que é um dos maiores sucessos de sua carreira, surgiu. “‘Desabafo’ é uma história interessante… O sample da Cláudya: ‘deixa, deixa…’ com a música do Ivan Lins, tijucano. O Nave, que nessas pesquisas do beatmaker, ele fez o beat e me mandou”, iniciou D2.
“Aí eu fui pra Nova York, mano, sozinho. E aí, cara, eu comecei a olhar o Brasil de lá, assim, e comecei a ver uma situação de fora, tá ligado?! Dessa coisa de artista que não faz arte, sabe qual é?! Celebridade é artista, artista que não faz arte”, acrescentou o artista carioca.

Marcelo D2 seguiu contando que a track partiu de vivências e observações suas. “E aí, cara, eu tava na rua, comecei a escrever: ‘Eu já falei que tenho algo a dizer, e disse / Que falador passa mal e você me disse / Que cada um vai colher o que plantou / Porque raiz sem alma, como o Flip falou'”, disse.
“Esse é um quadro que esse camarada meu, Flip, começou a viajar nessa parada, falou: ‘é fod*, essa geração está muito raiz sem alma, tá ligado?! O cara conhece Bob Marley, mas nunca sentou com um amigo assim e fumou um ouvindo um disco do Bob Marley'”, parafraseou o rapper.
D2 ainda contou como a viagem para os Estados Unidos o ajudou a ter uma percepção geral do Brasil. “‘A minha busca é na batida perfeita / Sei que nem tudo tá sendo, mas com calma se ajeita / Por um mundo melhor eu mantenho minha fé / Menos desigualdade, menos tiro no pé / Andam dizendo que o bem vence o mal / Por aqui eu vou torcendo’. Aí já é eu lá fora, tá ligado?!”, explicou.
“‘Por aqui eu vou torcendo pra chegar no final / É, quanto mais fé, mais religião / A mão que mata, reza / Reza ou mata em vão’. Cara, eu escrevi essa porr* na rua. Na época eu não tinha celular, e aí eu entrei numa Deli dessas, fui num cantinho com a caneta do cara e escrevi a letra, fui pro hotel”, complementou.
“Do hotel, liguei pro Nave e falei: ‘Nave, porr*, cara, me manda ela por e-mail que eu acho que fiz uma letra’. Ele me mandou por e-mail. A gente não inventa nada, tá ligado?! A gente só olha o que está acontecendo. ‘Agora já era, tá na mão da milícia’, que eu falo no ‘Meu Laiá Laiá’, isso é 2010, mano”, destacou.
Veja abaixo:
Simplesmente Marcelo D2 contanto o processo criativo de Desabafo pic.twitter.com/wVWkTa16yC
— Charla Podcast (@CharlaPodcast) August 15, 2024