Jovem artista cearense Blecaute vem em expansão na cultura.
Conhecido artisticamente como Blecaute, Helder Carlos, atualmente aos 23 anos de idade, é nascido e criado no Conjunto Riacho Doce, no bairro Passaré, na capital do Ceará, em Fortaleza, e iniciou sua trajetórias nas artes em 2019 de forma autodidata, criando obras em formato digital.
Três anos depois, começou sua jornada em telas e muros. Atuando como auxiliar de muralista, passou a pintar em telas. Apesar da pouca idade e tempo de carreira, tem três obras da série “Festa de Preto” expostas em um dos mais importantes museus do Brasil, o Museu de Arte do Rio (MAR).
Já na exposição “Funk: um grito de ousadia e liberdade”, aberta ao público até agosto no mesmo local, tem as peças “Only Colored”, “Filhos de um Deus que dança” e “Festa de Preto É Pra Se Libertar”, ambas de 2022.
“Atualmente, estou com trabalhos expostos no MAR, na Casa do Barão de Camocim e no Museu de Arte Contemporânea do Ceará. Ao mesmo tempo que é uma honra, também é uma grande responsabilidade, pois eu trago meu bairro nas minhas obras e discurso”, conta ele.
O jovem artista cearense relata ainda sua busca. “Acredito muito na ideia de criar imaginários de vitória para além da luta, então, ter meu trabalho exposto nesses espaços é como criar perspectivas para pessoas semelhantes a mim, que não tinham acesso às artes visuais”, reflete.
Do rap para as artes
Licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará, Blecaute tinha o rap como forma de expressão. Assim que começou a criar trabalhos digitais nas artes, focou em mesclar a filosofia e estética visual a temmas que o hip-hop debate, como violência, culturas periféricas e negritude.
“Meu primeiro projeto visual se chama ‘Tão trágico que é poético’, título retirado de um verso do rapper carioca Sant. Política e rap sempre foram as maiores referências para meu trabalho, pois me compreendo enquanto agente político, para além da arte”, diz.
Contato com o movimento hip-hop na atualidade
O artista também possui criações na cena do rap. “O público e artistas do rap acolheram meu trabalho, me
contratando para criar capas de músicas e álbuns, além de participar em live painting durante shows de artistas como Nego Gallo, do clássico grupo de rap cearense Costa a Costa”, destaca.
Referências de Racionais a Marighella
Inspirado artisticamente por nomes como Tim Maia e Mano Brown, e na política por Marighella e Malcom X, Blecaute destrincha suas influências. “Na universidade, dei uma palestra sobre o disco que marcou minha vida, ‘Sobrevivendo no Inferno’, do Racionais MCS, intitulada ‘A fúria negra ressuscita outra vez’, onde reuni diversos artistas de múltiplas linguagens do hip-hop. como a dança, poesia e música”, ressalta.
“Como eu afirmei anteriormente, me compreendo como agente político. Assim, tenho a concepção que todo ato é político. A trajetória destas referências inspiram meu trabalho e me possibilita criar novos imaginários de vitória para população negra e periférica”, conclui ele.
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