Bastidores: Nas “Illmatic”

Escrito por Vinicius Prado 16/07/2017 às 21:17

Foto: Divulgação
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Na primavera de 1994, um rapaz iluminado de Queensbridge dropou um álbum de estreia de 10 faixas que definiu um novo padrão para o liricismo do hip-hop, surpreendendo milhares de pessoas. Quinze anos depois, a XXL fez uma profunda viagem pelas memórias para abicorar melhor a elaboração desse clássico. Isto é Illmatic! Pode acreditar. Compilado por Timmhotep Aku, Carl Chery, Clover Hope, Rob Markman, Starrene Rhett, Anslem Samuel.

Nota do Editor: Este artigo apareceu originalmente na edição de Abril de 2009 da XXL Magazine, enfatizando o 15º aniversário de Illmatic.

Eles chamaram Nas de Profeta. A poesia fazia parte dele. E na Terça-feira, 19 de Abril de 1994, quando Nasir Jones, de 20 anos, dropou Illmatic, seu álbum de estreia pela Columbia Records da Sony Music, as mentes do hip-hop mudaram. Era uma revelação.

A jornada começou três anos antes, com o Main Source, em 1991, no “Live at the Barbeque”. Logo, o mundo do rep foi apresentado a um MC inicial das casas Queensbridge, mais especificamente Long Island City. Queensbridge, o maior projeto de habitação dos EUA, tinha Marley Marl, MC Shan e o poderoso Juice Crew, que havia trabalhado com a Boogie Down Productions do Bronx na famosa “Bridge Wars” no final dos anos 80. Filho do trompetista de jazz Olu Dara, Nas foi descoberto pelo Large Professor, da Main Source – e ainda estava na adolescência quando ele dropou o single “Barbeque” com linhas como, “assassino verbal/ minha arquitetura agrada/ quando eu tinha 12 anos/ eu fui parar no inferno por julgar Jesus!”

As ruas de Nova York estavam tremendo. O repper MC Serch levou Nas na Serchlite Publishing e começaram a conversar sobre assinar um contrato de gravação. Nem todos da indústria estavam tão entusiasmados (Russell Simmons, por exemplo, no próprio selo de Serch, Def Jam Recordings, relegou Nas por medo de cometer uma falha comercial). Mas a procuradora de talentos da Sony Music, Faith Newman, logo levou Nas para a Columbia Records e lá ele deu seu passo inicial.

Com uma fascinante equipe de vencedores de Nova York que incentivam a produção do Large Professor, o trabalho começou neste perfeito álbum de hip-hop. A primeira música solo gravada de Nas, “Halftime”, apareceu na trilha sonora do filme go gênero indie, de 1992, Zebrahead, deixando os fãs ansiosos sobre o que estava por vir. Anos antes da disponibilização do álbum, DJs começaram a liberar faixas não protegidas via mixtapes. Em face de tal contrabando inicial, a Columbia então dropou um curto Illmatic, de 10 músicas e logo foi para as lojas em 94, criando planos originais para incluir mais material.

Os puristas de Nova York e a imprensa do rep reagiram de forma rude, mas Russell estava certo: o álbum não foi um grande sucesso comercial, vendendo apenas 330 mil cópias no primeiro ano. Seu impacto cultural, no entanto, provou ser incomensurável. Uma década e meia após a disponibilização, XXL monta as pessoas que estavam lá para testemunhar. — ROB MARKMAN.

REPRESENTANTES

Nas: repper do Queens, conhecido como Profeta

Jungle: irmão de Nas, que forma o duo de rep Bravehearts

Faith Newman: produtora executivo, ex-A&R da Sony

MC Serch: produtor executivo e faz parte do trio de rep do Queens, 3rd Bass

DJ Premier: produtor do Brooklyn, formador do duo de rep Gang Starr

Large Professor: produtor, repper, membro do grupo de rep Main Source

L.E.S.: produtor do Queens

AZ: repper do Brooklyn

Olu Dara: pai de Nas, trompetista de jazz

Pete Rock: produtor de Mount Vernon, do duo de rep Pete Rock & CL Smooth

T La Rock: repper do Bronx

Busta Rhymes: repper do Brooklyn, ex-membro do grupo de rep Leaders of the New School

Grand Wizard: repper do Queens, que forma o duo de rep Bravehearts

Q-Tip: repper do Queens, produtor e membro do grupo de rep A Tribe Called Quest

1. The Genesis — Concebida por Nas e Faith Newman

Jungle: Nas escolheu a batida para ficar conversando de fundo. Lembro que não gostei da batida. Eu estava tipo: “Nessa batida, cara? Isso é uma merda.” Eu estava com raiva e sem compreender o que estava fazendo.

Nas: Eu sempre amei todas as pausas do filme Wild Style. [Nessa sessão] não estava no início da gravação [o álbum], estava mais perto do fim. Eu trouxe uma fita VHS do filme e pedi para que o produtor apenas ligasse.

Faith NewmanWild Style foi a primeira introdução de Nas ao hip-hop. Seu pai o levou para assistir quando era criança.

MC Serch: A parte mais difícil de samplear [para organizar] foi a do [diretor do Wild Style] Charlie Ahearn, acredite. Nós fizemos um acordo com Charlie, e em seguida, o Freddy (Fab 5) entrou no meio e começou a falar merda na orelha de Charlie tipo, “Não permita isso, você não recebeu o suficiente [dinheiro]”. O engraçado foi que Freddy estava prestes a dirigir o videoclipe de “One Love”. Então eu disse para Freddy, “O que você está de segredinho com o seu amigo? Estou prestes a cortar um cheque. Você está prestes a dirigir um vídeo. Mantenha a postura.” [Freddy disse], “Você está me ameaçando?” Eu falei, “Jamais, não é uma ameaça. Só estou dizendo que se você não parar com isso, você não vai mais dirigir nenhum vídeo.” Não falei mais com Freddy desde então.

2. N.Y. State of Mind — Engendrada por DJ Premier

DJ Premier: Essa foi a segunda vez que eu produzi [para Illmatic]. O primeiro foi “Represent”. Acabei de fazer a parte da bateria com um pouco de algo engraçado – soa quase como um sinal de astronauta no início… Achei no sample de Joe Chambers [“Mind Rain”]. Eu geralmente não revelo meus samples, mas eu organizei, então está tudo bem. Encontrei o sample, e quando ouviram essa melodia, Nas e eles estavam de acordo, como, “Ei, curti isso, está quente.” Então eu dei o play e Nas começou a escrever.

Nas: Eu já tinha escrito a maior parte, então acabei de terminar. Quando entrei no estúdio, ouvimos esse gravação. Nós estávamos apenas ouvindo gravações. Eu me sentei com o Premier por horas no D&D Studios. Quando ele começou a juntar, eu apenas coloquei o material que eu tinha e escrevi algumas coisas novas lá também.

DJ Premier: No início do registro, quando ele diz: “Straight out the dungeons of rap, where fake niggas do not make it back” (em português: “Diretamente das masmorras do rep, onde os falsos niggas não voltam”). E então, foi tipo um silêncio, onde a música vai aumentando, e você ouve Nas dizer, “Eu não sei como começar essa merda.” Ele apenas escreveu, e estava tentando descobrir como pôr na batida ao entrar. Eu estava acenando para ele da sala de controle, “Olhe para mim, vá logo para o microfone”. Então, quando ele olhou para cima e me viu contando, ele adentrou. Ele fez todo o primeiro verso em uma só gravação, e eu lembro quando ele terminou o primeiro verso, e indagou: “Isso soa legal?” E todos nós ficamos tipo, “Ai, meu Deus!” Foi tipo, eu não me importo com o que você escreve.

3. Life’s a Bitch — Engendrada por L.E.S.; co-produzida por Nas; participação de AZ; trompete por Olu Dara

Nas: Pedi a L.E.S. para trazer uma cópia do sample “Fruit Juicy” de Mtume. Eu queria algo tipo “Juicy”. Ele não tinha esse registro, então levou “Yearning for Your Love” de Gap Band. Me acostumando, eu estava tipo, “Ei, isso não é “Juicy”, mas é uma parada sinistra!” Uma vez que o fizemos, não me importei mais com “Juicy”. Claro, quando Biggie cantou, eu fiquei como, “Ai, meu Deus.” Eu tinha perdido meus livros de rima [do dia em que gravamos “Life’s a Bitch”]. Quando chegamos ao estúdio e percebemos que perdi meus livros, lembrei que tinha esquecido no trem. Todo mundo estava louco, como se fosse um bilhete premiado de loteria esquecido no trem. [Risos] Nós fomos tipo, “Ah, mano, já era!” Isso foi anos de escrita, mas o bom foi que eu já tinha memorizado grande parte da letra, então não perdi quase nada.

L.E.S.: Você sabe, AZ estava lá. Nas estava tipo, “A, você conseguiu algo bom para somar nisso comigo?” A só foi na cabine e mostrou o que tinha, e Nas foi logo depois. AZ tinha uma ponte… Eles vibraram. E antes de eu mesmo piscar, saí do estúdio, voltei para os projetos, e os manos disseram, “Nós adoramos esse nascimento de Nas.” Eu fiquei como, “Porra… Palavras? Como eles conseguem definir isso?”

AZ: Eu tinha escrito o refrão… Depois que o refrão ficou realmente pronto e eu mostrei, eles ficaram como, “Porra, você precisa cantar isso, mano.” Eu disse “Sim, foda-se isso. Vou cantar.” Fui lá e fiz, e todos gostaram. Foi isso. Fizemos história. Eu não sabia quem era o pai de Nas, mas eu fui apresentado a ele lá.

Olu Dara: Bem, eu tinha meu trompete comigo, e Nasir disse: “Apenas solte ‘Life’s a Bitch’. Você poderia adiantar um pouco para o final?” Me lembro de seu irmão, Jungle, estava lá e nós estávamos bebendo Hennessy, champanhe e tudo mais.

4. The World is Yours — Engendrada por Pete Rock

Pete Rock: Estávamos no meu porão. Large Professor o trouxe. Foi quando eu realmente conheci Nas, quando Large o levou até Mount Vernon. Nós estávamos escolhendo umas batidas e passamos por essa. Já estava feita, então eu apenas toquei o disco, e ele disse, “Ei!” E o próximo passo você já sabe… nós na Battery Studios, arrebentando. Quando eu estava fazendo os arranhões, Preemo estava lá. Ele estava apenas de pé, olhando com espanto, e eu estava como, “Vamos, mano! Você gosta dessas coisas, também.”

Nas: Na época, conseguir uma batida de Pete Rock era como tirar uma batida de Kanye ou Timbaland ou Dr. Dre. Eu lutei para obter esse sample [T La Rock] lá. Pete tinha uma maneira de fazer suas batidas, e ele era Pete Rock, então eu não queria adular tanto. Mas eu tinha “It’s Yours” na minha cabeça, e eu pensei que isso soaria mal. No último minuto, ele se encaixou lá, acho que na mixagem. Eu não sabia como ele iria encaixá-lo lá, mas foi perfeito como ele fez isso.

T La Rock: Quando eu escutei Nas pela primeira vez, pensei que ele soasse como uma combinação de T La Rock e Rakim… Qualquer um que possa rimar e fazer sentido e não me fazer querer simplesmente pular para a próxima faixa, eu considero realmente um baita letrista. E Nas é isso. Fiquei impressionado com a música em si, e então Pete Rock colocou o sample “It’s Yours”.

MC Serch: Havia um soluço – com o irmão de Pete Rock, Ruddy. Nós realmente estávamos chegando perto do final do álbum, e Pete e Nas haviam feito muito trabalho juntos, e na semana em que eles estavam mixando, minha avó faleceu. E na religião judaica, você tem que se sentar com Shiva, e meu dia para sentar-se com Shiva foi Sexta-feira. Quando você se senta com Shiva, basicamente, sente-se em uma caixa, e você não faz nada o dia inteiro. Então recebi uma chamada de Ruddy, seu advogado e meu advogado me dizendo que eles devem receber uma verificação de $5,000 para o álbum. E eu expliquei-lhes: “Não tem problema, eu vou até vocês na Segunda-feira.” E eles tiveram essa sessão naquele dia, e eles disseram, “Bem, entraremos no estúdio na Segunda-feira e gravaremos no mesmo dia.” Eu disse, “Não, não, não. Você precisa fazer isso logo [hoje], porque a masterização será na Segunda-feira.”

Nós tínhamos muita pressão sobre nós para dropar este álbum antes que as ruas fossem inundadas com contrabandos e músicais ilegais. Então, não havia como mudar essa data. Estava tentando explicar a Ruddy: “Olha, é Shiva, é respeito aos mortos”. E ele disse algo tipo, “Eu não me importo com sua avó, eu não me importo com Shiva, eu quero  a porra do meu dinheiro, ou nós não vamos no estúdio.” Até hoje eu não toco com Pete Rock. Não tenho palavras para Pete Rock. Mesmo que Pete me dissesse: “Eu não fazia ideia, eu não sabia”, ainda é seu gerente. Você ainda deve estar envolvido. E se você não está envolvido, você está pegando um L por sua perda. Este não era o desentendimento Nas. Era meu. Eu nem queria que Nas soubesse nada sobre isso. Eu nem contei a Nas sobre isso até o ano passado.

Pete Rock: Nem me lembro dessa parada. Quero dizer, poderia ter acontecido, mas foi há muito tempo. Os manos ainda se lembram de besteira? Tudo o que eu estava preocupado era em fazer algo muito foda para esse novo mano Nas naquele momento. Não sei do que Serch estava falando.

5. Halftime — Engendrada por Large Professor

Large Professor: A sessão para “Halftime” foi foda, porque ele estava conseguindo sua grande chance. E era como, ele já tinha sua erva, Big Bo estava lá, Jungle estava lá, Wiz estava lá. Eu cheguei. Já tinha a batida. E nos sentamos lá, relaxamos um pouco. E ele estava ficando calmo, porque ele estava tipo “É a minha vez agora, preciso me concentrar.” Então, nós sentamos e começamos ouvir a batida. E ele foi de boa com essa parada. Ele sentou-se lá por um momento e então disse algo tipo, “Mano, estou pronto.” E então ele entrou na cabine e começou a dizer as palavras, e todo mundo estava chapado, a parada ficou iluminada. E a coisa estava se conectando, e todos que estavam na sala ao vivo diziam, “Uau!”

Busta Rhymes: Eu fui lá [para a casa do Large Professor], e ele fez a batida “Halftime” na minha frente, e ele ia me dar isso naquele momento… Mas eu não sabia o que fazer com isso, mesmo tendo amado a batida. Quando eu escutei isso em “Halftime”, fiquei tipo “Caralho, eu fui um estúpido por não cantar nessa batida!”

Nas: Me lembro de Busta Rhymes no estúdio [Chung King Studios], e eu o conheci. Eu acho que ele me conhecia através do Large Professor… E meu irmão me disse que eu deveria deixar os Leaders of the New School e ir sozinho [risos].

Jungle: A primeira vez que conheci Busta, ele ainda estava com os Leaders of the New School. E eu disse “Você, cara, você está se prejudicando. Eu acho que se você fosse solo e deixasse seus manos sozinhos, você explodiria.” E Nas e todos estavam como, “Por que você está falando?” Foi como se eu tivesse insultado o resto da galera e não me importasse. Masd então ele foi solo, e ele explodiu.

Busta Rhymes: Eu apenas refleti sobre aquilo. Eu estava me sentindo bem que os manos estavam se sentindo assim por mim. Eu simplesmente admirei Jungle quando ele me disse isso.

6. Memory Lane (Sittin’ in da Park) – Engendrada por DJ Premier

DJ Premier: Nas queria me ajudar a escolher um sample para isso, e ele ouviu o sample de Reuben Wilson [“We’re In Love”], e ele disse: “É esse”. Eu não tinha curtido tanto. Mas ele estava tipo, “É isso, Preem. Organize isso.” Então eu apenas dei o play porque ele me pediu. Eu estava praticamente competindo com os outros produtores no álbum, então eu queria ser mais divertido do que o que eles tinham. Acabei de ver Q-Tip, e ele me tocou uma cassete, e ele tinha [uma versão áspera de “One Love”]. Ele fez uma pausa – misturou o registro para permitir que Nas ouvisse antes de colocar tambores e coisas para ele. E quando eu ouvi o sample e a maneira como ele a conectou, eu fiquei tipo “Ó, meu Deus, todo mundo vai enlouquecer com isso.” E Nas estava tipo “Cara, eu realmente quero fazer isso.” E ele escreveu isso lá mesmo. Uma vez que cortamos os vocais, ouvi o que ele estava dizendo. Eu não estava com raiva disso, eu não estava contra isso, eu só pensei que poderia ter feito melhor.

Nas: Eu me senti como toda a merda que vi em Queensbridge, isso significava algo. Por algum motivo, eu sabia que isso não era algo que uma criança da minha idade deveria estar vendo. Eu sabia que era algo especial sobre o que estava vendo, e não era bom. Esta era a vida real. São situações – seja o bem-estar, ou os pais dos meus amigos, ou os amigos que estão sendo perseguidos por policiais.

Grand Wizard: Cada palavra que foi dita veio de algo que aconteceu ou algo que todos faziam parte. Meu mano foi baleado por seu casaco de ovelhas. Cada palavra estava acontecendo ao nosso redor.

7. One Love – Engendrada por Q-Tip

Large Professor: Ele disse tipo “Ei, você acha que Q-Tip me daria uma batida?” Foi assim que eu estava começando a trabalhar com Tip, então eu estava tipo, “Ei, é claro. Basta ir comigo para a Jamaica uma vez, e simplesmente nos sentaremos.” E nós fizemos. Nós nos lançamos lá, de volta quando Tip teve todas as coisas no porão da avó de Phife. E nos sentamos, e Tip disse “Sinceramente, eu realmente não tenho batidas feitas. Mas eu lhe mostro o que eu tenho para você.” E ele tocou este disco [The Heath Brothers “Smilin’ Billy Suite Part II”], e foi tipo “Oh, merda! Essa merda é irada!” Ele organizou e deu no que deu.

Q-Tip: Apenas de quando você ouviu Nas inicialmente, você sabia que ele estava doente. Quando o ouvi rimando pela primeira vez, eu sabia que ele estava doente. Todos sabiam que estava doente. Mas eu disse a Faith: “Vocês têm alguém especial.” Porque ele tem vulnerabilidade em suas rimas. Muitos manos que são MC você não ouve a vulnerabilidade. Ele se mantém confiável, mas com muita profundidade. Ele pode manter o pique gangsta, ele pode ser educado, ele pode ser pensativo. E é isso que torna a Nas atraente para todos.

8. One Time 4 Your Mind – Engendrado por Large Professor

Large Professor: Nós temos esse tipo de atitude. Foi legal, porque teve uma pequena rima rápida que ele teve. Não como se ele estivesse tentando ir muito conciso ou lírico. Era como: “Yo, I’m a regular dude. I’ll kick some cool, around-the-way, corner shit for you (em português: Ei, eu sou um cara regular. Vou dar uma bom canto para você”).

Nas: Honestamente, essa música foi tipo, “Ei, ficamos arrepiantes”. Essa música, eu não me enganei, era só entrar e me divertir. Eu queria a voz de Wiz sobre isso. De todo mundo, pensei que ele tivesse uma voz que pudesse estar em uma gravação e dropar.

Grand Wizard: Na época, estávamos apenas a ouvir a batida, e Nas tinha dito “Venha [na cabine] comigo e me ajude com o refrão”. Então peguei o microfone e disse: “One time for ya mind, one time…” (em português: “Um tempo para sua mente, um tempo”… E Nas veio com “Yeah, whatever…” (em português: “Sim, seja o que for…”).

9. Represent – Engendrada por DJ Premier

Jungle: Esse foi um dos dias que Nas deixou todo mundo entrar na cabine do microfone e falar e tal. Eu não sei por que ele costumava fazer essa parada, porque nenhum de nós era repper – nós só tínhamos um ou dois reppers [na equipe]. Quero dizer, todos que estavam no estúdio estavam na cabine, mas nenhum deles gostaria de ser um repper. Eles simplesmente queriam dar rolês com o repper. Todo mundo estava empacotado no estúdio D&D.

Nas: Esse foi um lance sério, representando Queensbridge. Fiquei penhorado por fazê-lo, porque Shan e Marley já haviam feito. Eu só queria pegar a bandeira e mantê-la no alto como já estava. Senti que já tinham aberto o caminho, e agora eles precisavam de um soldado imbatível para manter a bandeira em alta. Após a batalha com o BDP, você não pode ignorar a dúvida que as pessoas tinham no meu bairro. Então, era como se eu estivesse aqui agora, e eu vou permanecer até morrer.

Jungle: Aquela época era a que você achava que não ia chegar aos 20 anos. Você pensava que você ia morrer. Então, quando ele estava fazendo esse álbum, eu não sabia que isso iria além de Queensbridge. Eu não sabia que podíamos realmente ir para L.A. e ver outras pessoas famosas e ganhar dinheiro.

10. It Ain’t Hard to Tell – Engendrada por Large Professor

MC Serch: “I’m A Villain” e “It Ain’t Hard to Tell” [estavam em sua demo]. “It Ain’t Hard to Tell” mudou um pouco. O primeiro verso e a maioria do segundo verso foram alterados, mas a batida do Large Professor, com os trompetes nele, ficou praticamente igual. Russell Simmons disse: “Ele parece G Rap e G Rap não vende nenhum registro. Não estou lidando com Nas.” Foi exatamente o que ele me disse. Eu disse “Tudo bem.” E eu parti, nunca olhei para trás. Eu nunca disse a Nas, porque no mesmo dia eu fui a Columbia e vi Faith. Ela e David Kahne quase me trancaram em uma sala e disseram: “Qualquer negócio que você queira fazer, vamos realizar”.

Faith Newman: “It Ain’t Hard to Tell” foi na demonstração original que tirei dele. Depois, havia outra música [“I’m A Villain”], onde ele soou exatamente como G Rap, e foi por isso que Russell não queria assinar.

Nas: Nós fizemos a versão original no apartamento do Large Professor. E uma vez que houve um acordo no local, conseguimos usar um microfone real e um estúdio real [para gravar novamente]. Depois de mim, SWV fez “Right Here“ com o mesmo sample [de “Human Nature” de Michael Jackson]. Eu senti como se eu fosse responsável por esse registro, mas a realidade é que “Human Nature” era uma música tão bonita que as pessoas queriam repetir isso. Quando o registro do SWV saiu, eu estava chateado, porque se eu fosse gravar para o rádio, seria perfeito. E quando SWV tomou o brilho, era como, “Ah, não!” Claro, foi meu primeiro álbum. Eu estava tipo, espere, como vou conseguir que Michael Jackson organize isso? E então eu percebi, “Ai, merda, nós somos companheiros de selo!” Então nós fizemos isso acontecer.

Fomos à uma loja [na Tower Records at Fourth e Broadway]. E eu nunca tinha ido a uma. Eu esperava assinar talvez 40 autógrafos no máximo. [Antes de sairmos], minha gravadora continuava me dizendo como era o lance lá. Não tinha ideia do que estavam falando. Foi eu e a equipe. Estávamos entusiasmados, felizes, comemorando. E nós fomos à loja, e quando vi a multidão, realmente me deixou sabendo que isso seria formidável. E não algo efêmero. Quando fomos embora, tinham crianças gritando, chorando e perseguindo o carro. Era como ‘N Sync. E este foi o meu primeiro álbum. Era uma cena da máfia. Foi quando eu soube. Eu era como, eu, isso vai ficar tudo bem. Eu olhei ao redor, e eu estava tipo, isso vai ficar tudo bem.

Manancial: XXL Magazine

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