Nicki Minaj: “É um ótimo momento para ser um rapper branco na América hein?”

Escrito por Vinicius Prado 17/12/2017 às 09:00

Foto: Divulgação
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A rapper Nicki Minaj não tem receio de expor seus pensamentos.

O hip hop é o movimento artístico americano mais vigoroso dos últimos anos, esse ano o hip hop se tornou o ritmo mais ouvido no EUA e pela primeira vez superou o Rock. Como de costume, sua manifestação musical costuma ocupar os primeiros postos dos discos mais vendidos do país. Nesse meio predominante Black, alguns anos atrás ficaria difícil imaginar algum artista branco disputando com os negros a preferência do público, mas nos últimos anos isso vem acontecendo cada vez mais e parece que a rapper Nicki Minaj não está gostando nada disso.

Em uma publicação em seu Instagram a rapper da Young Money questionou o embranquecimento do rap com uma ironia, dizendo que “Esse é o melhor momento para ser um rapper branco”. Os comentários de Minaj veio acompanhado da lista das músicas mais baixadas na plataforma do Itunes.

River de Eminem com Ed Sheeran aparece no topo acompanhado de Rockstar de Post Malone com 21 Savage, 3° com o rapper NF, na 4° posição aparece G-Eazy com “Him & I”, 5° Lil Pump com Gucci Gang, 7° Macklermore, 9° mais uma faixa de Post Malone e 10° o rapper Machine Gun Kelly,  todos esses citados são brancos, são 8 faixas do top 10.

A publicação de Nicki Minaj já foi apagada mas não é de hoje que o assunto do embranquecimento do rap entra em debate. Em 2014, uma das uma das grandes polêmicas do Grammy Awards envolveu o prêmio de melhor música de rap. Apesar dos fortes concorrentes, quem levou o troféu para casa foi Macklemore & Ryan Lewis . A dupla, formada por dois americanos brancos, bateu nomes de peso como Kendrick Lamar e Jay-Z.

Por um lado, essa diversidade pode ser boa, mas por outro, é um perigoso sinal de que o rap, assim como outros movimentos musicais, pode sofrer um processo de “whitewashing”.

Em tradução literal, “whitewashing” significa uma lavagem branca, um embranquecimento. Isso foi mais ou menos o que aconteceu com o rock and roll nos anos 1960: um gênero formado por negros, que foi inclusivo por décadas, acabou sendo tomado de assalto pelos brancos. Essa história é contada no livro “Just Around Midnight: Rock and Roll and the Racial Imagination” , que foi lançado em março deste ano nos Estados Unidos.

Não é segredo para ninguém que os negros, assim como as mulheres, têm desvantagens no mercado de trabalho. Um estudo divulgado em 2015 pelo IBGE indicou que os trabalhadores negros ganhavam, em média, 59% a menos do que os trabalhadores brancos recebiam no País. Nesse cenário, a música e o esporte (o futebol no Brasil e o futebol americano nos Estados Unidos) são praticamente os únicos meios dos negros se sobressaírem. Quando artistas brancos começam a ser protagonistas de um movimento musical tradicionalmente negro, isso é um problema.

*Trechos foram retirados da matéria “Embranquecimento do rap? do site vaiserimando.com

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