A tinta como arma

Escrito por Fellipe Santos 17/04/2018 às 22:05

Foto: Divulgação

O grafite está ligado diretamente ao Hip Hop. Dentro do movimento, a tinta é uma ferramenta que representa uma resposta política e cultural como forma de manifesto. É a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, especialmente entre os menos favorecidos. A arte deu voz à rua e a rua por si só tem diversas realidades.

O aparecimento do grafitte se deu por volta de 1970, em Nova York, nos Estados Unidos. Alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade e depois essas “marcas” foram aperfeiçoadas com novas técnicas e desenhos. Foi introduzido no Brasil no final da década de 1970, em São Paulo, paralelamente ao movimento em Nova York. Como era uma época conturbada na história do Brasil, a arte em diversos formatos foi silenciada pela censura com a chegada dos militares no poder, e com o grafite não foi diferente. Tido como uma arte transgressora, a linguagem da rua, da marginalidade, os brasileiros não se contentaram com o estilo norte-americano, e recriaram a arte com um toque brasileiro. O estilo do grafite brasileiro é reconhecido entre os melhores de todo o mundo.

Alex Vallauri foi um cara importante para esse manifesto no Brasil, pois foi a arte dele que possibilitou o entendimento do lado político do grafite paulistano.

Boca com Alfinete (1975)

Alex influenciou vários artistas a ocuparem as ruas da grande São Paulo e a data de sua morte, 27 de março de 1987, é tida como o Dia do Grafite no Brasil.

Um canal de comunicação conectado diretamente com a cidade e com o público. O grafite está na cidade, no espaço público, não tem proprietário nem vigia. O grafite levou o ocidente a repensar e questionar muitos de seus valores estabelecidos, entre eles o da ocupação dos espaços da cidade e o da apresentação, valoração e criação da arte. Uma nova forma de política surge e com ela, surge uma nova forma comunicação e de arte. O grafite foi a chave inicial para a união de muitas culturas que coexistem e permitiu a fusão entre o centro e a periferia.

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