Adversidades e glórias unem mundo artístico com o meio esportivo

Escrito por Vinicius Prado 23/06/2020 às 23:17

Foto: Divulgação
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O artista e o atleta são unidos não apenas pelas artes que criam em seus palcos, mas também pelo respeito mútuo de pessoas que perseveraram para alcançar seu lugar ao céu.

O Brasil e suas desigualdades socioeconômicas fazem com que a vida das pessoas mais humildes da nossa sociedade seja muito mais difícil do que o necessário. São problemas que afetam não só a capacidade dos nossos cidadãos mais vulneráveis de se manterem no dia-a-dia, mas também de proverem as condições necessárias para que as gerações vindouras possam ascender a nível social e econômico.

Muitas das vezes as opções para alcançar tal ascensão vem por meio de um talento nato para algo que tem grande demanda, e pouca oferta no mercado de trabalho. É a partir dessa dinâmica que vemos artistas e atletas de alto nível saindo das comunidades mais carentes das nossas cidades, tornando-se astros de suas respectivas indústrias, mas sem esquecer as suas origens.

O caminho rumo ao sucesso em potencial é tortuoso, e muitos se perdem na trajetória. É um sacrifício que envolve altos riscos e altos ganhos em potencial, seja para se engajar na vida artística ou no meio esportivo.

Logo, não é surpresa que existe uma conexão tão forte entre artistas e atletas no mundo midiático, principalmente entre os que vem de origens semelhantes. O artista e o atleta são unidos não apenas pelas artes que criam em seus palcos, mas também pelo respeito mútuo de pessoas que perseveraram para alcançar seu lugar ao céu.

O futebol conquista corações artísticos

Muitos dos artistas que hoje brilham no mundo da música, incluindo aí o rap, sonharam ser jogadores de futebol um dia. Enquanto a vida levou-os para um rumo diferente, permitindo que explorassem uma paixão diferente como o seu ganha-pão, a conexão com o esporte continua muito forte.

Esse é o caso do rapper BK’, que em março deste ano realizou uma visita ao lendário estádio do Vasco, São Januário. A paixão do rapper pelo time carioca foi “oficializada” pela conquista da Copa Mercosul em 2000 em cima do Palmeiras por 4 a 3, com o atacante Romário saindo do banco no segundo tempo e fazendo três gols para virar o jogo a favor dos eventuais campeões.

O futebol brasileiro parece ter a capacidade de conquistar também corações estrangeiros. No começo deste ano, o rapper Snoop Dogg fez uma postagem no Instagram com um gol do Palmeiras marcado por Lucas Lima sobre o Ituano no Campeonato Paulista.

As teorias por trás da postagem são inúmeras, uma vez que Snoop não disse o motivo de seu interesse pelo Palmeiras, por Lucas Lima ou pelo gol em específico. De uma forma ou de outra, o rapper é grande fã de esportes, sendo visto usando camisas de times de futebol como o Norwich da Inglaterra durante os seus shows.

Fãs (e artistas) de rap nos vestiários

Não só artistas tem fascínio por esportes. Esportistas também são grandes fãs de artistas no meio musical, fazendo questão de deixar claro o seu apoio.

O atacante Gabriel Barbosa é hoje um dos maiores astros do futebol brasileiro graças ao seu trabalho no ano passado pelo Flamengo. Seus 43 gols em 2019 levaram-no de volta à grandiosa Seleção Brasileira, tida como favorita à próxima Copa do Mundo segundo o site da casa de aposta esportiva online Betway no dia 13 de junho com “odds” a 6,5, com “Gabigol” ocupando assim um lugar raro na esquadra que raramente chama jogadores que brilham no Brasil em anos mais recentes. E sua playlist no pré-jogo inclui vários artistas do rap nacional, desde Emicida até Matuê.

Existem conexões bem fortes entre rap e esporte lá fora também. É impossível imaginar o rap francês sem a presença do futebol em suas letras e clipes, com os próprios atletas que jogam na França servindo de inspiração – caso do rapper Lartiste e sua música, Neymar. A influência acaba até cruzando fronteiras, com o ex-jogador do Fluminense, Thiago Silva, sendo título da música do rapper inglês Dave.

E nos Estados Unidos, a linha entre o mundo do rap e os esportes também é tênue. É no basquete onde se vê as ligações mais fortes, por meio de atletas como Damian Lillard lançando músicas sob o nome Dame D.O.L.L.A. durante seus tempos fora das quadras da NBA. E na NBA, rappers como Drake e Chance são figuras regulares nos assentos colados com as quadras em Toronto e Chicago, respectivamente.

A união faz a força

Futebol e música são partes integrantes da nossa cultura. E a mistura entre ambos os meios, considerando como muitas vezes seus artistas vêm de berços semelhantes, é algo quase que natural.

É possível olhar para essa união como resultado positivo das adversidades que artistas e atletas em potencial passam quando seguem seu rumo ao sucesso definitivo em suas respectivas carreiras. Entretanto, vê-se que em lugares menos desiguais e mais ricos que o Brasil, mas ainda com diversos problemas sociais, como França e Inglaterra possuem também essa confluência.

Créditos: Reprodução Instagram

A conexão faz-se forte não somente pelas adversidades em comum, mas pelas glórias também. Em meio às críticas e comentários astutos de um rapper como Emicida em suas letras, existem também a nostalgia dos tempos passados em sua comunidade e os sucessos alcançados em sua vida desde então.

Por essas e outras é que artistas e atletas de origens humildes se unem hoje para melhorar a vida dos seus pares que não conseguirem o mesmo tipo de ascensão. Não só eles querem que o seu antigo vizinho ou colega de classe tenha uma vida melhor; eles entendem na pele as dificuldades passadas que poderiam tê-los deixado na mais pura estagnação.

 

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