Artista tem exposição até este sábado no MAR – Museu de Arte do Rio, com realidade aumentada

Criando uma perspectiva contemporânea para o mito de Ícaro, BK´ traz uma reflexão sobre os desejos humanos e o perigo da ambição (ou de nunca estar satisfeito). O rapper volta o olhar para tal lenda e a usa como ponto de partida para o seu novo trabalho de estúdio, intitulado ICARUS. O álbum, que foi lançado nesta quinta, já bateu mais de 2 milhões de plays nas plataformas de música. Com 13 faixas, ICARUS conta com participações especiais de Major RD, L7NNON, Julia Mestre, Bebé, Luccas Carlos e Marina Sena.

O sucesso vem acompanhado de uma criada especialmente para o rapper. Feita pelo artista carioca Nikolas Demurtas, a arte de 2m x 2m — pintada a óleo — reinterpreta a tela de “O Voo de Ícaro”, pintada por Jacob Peter Gowy (1636 – 1638). A obra está em exposição no Museu de Arte do Rio (MAR) até hoje, 19 de novembro, tem uma ativação de realidade aumentada, na qual basta mirar um aparelho celular para mergulhar nos detalhes e nas faixas do álbum. Inclusive, a sugestão é curtir com fone de ouvido para ter uma experiência única do novo álbum.

Ao longo dos anos, a mitologia grega foi utilizada para passar ensinamentos adiante e para tentar entender as relações humanas. A história que abre este texto resume o mito de Ícaro, que, entre outras ideias, faz uma reflexão sobre os desejos humanos e o perigo da ambição (ou de nunca estar satisfeito).

“No EP Cidade do Pecado,  falei muito sobre como as luzes da cidade nos enganam e como elas fazem com que a gente perca a nossa essência. Foi daí que cheguei no mito de Ícaro, que faz uma crítica exatamente a isso, sobre não se deixar enganar pelo brilho das coisas.  A motivação pode até ser legítima desde de que se saiba escolher o melhor caminho para atingir tal propósito. É sobre não se esquecer de quem você é”, afirma BK’.

O rapper associa o “labirinto” presente no mito a vários crimes e distúrbios sociais, como o racismo, a pobreza e a fome. É neste contexto que as asas da lenda se tornam uma ferramenta de escape. “É preciso entender o porquê Ícaro tinha que sair dali. Mas, ao mesmo tempo, nesse processo de fuga, a luz se torna um atrativo tão forte a ponto de ser fácil de se perder”, pontua o artista.