Álvaro Mamute brilha no campo do Rap com a inédita “Flow Obina” com Douglas Flowllaini e Arma Xiss

Escrito por Vinicius Prado 18/12/2017 às 22:00

Foto: Divulgação

“E vocês se perguntam porque é que não tá na seleção? Pra mim não importa aonde eu tô…O que importa é ouvir negro gritando “OBINA É MELHOR QUE ETO’O””

Álvaro Freire, mais conhecido como Álvaro Mamute é um rapper carioca de 23 anos, ele começou no Rap de um jeito meio incomum, apesar de escrever desde os 13, ele nunca pensou em gravar nada de verdade, mas impulsionado por um amigo que estava com receio de lançar suas músicas sozinho, aos 15 anos os dois se juntaram e formaram uma dupla e liberou algumas músicas na internet, mas um tempo depois seu amigo se sentiu seguro e segui só e Álvaro “parou” sua carreira ali até fazer 17 anos e voltar com tudo.

Aos 19 ele já tinha lançado duas mixtapes, em 2013 ele lançou um canal no youtube com amigos e decidiu publicar alguns raps temáticos no canal o que fez ele ter um pouco de sucesso, agora em 2017, depois de liberar seu projeto “Cogito Ergo Verso” o rapper carioca brilha no campo do rap com a faixa “Flow Obina”, um remix da faixa Rich Niggaz de J. Cole onde ele também traz as participações de Douglas Flowllaini e Arma XISS, fechando um trio “chato” na rima igual o famoso trio “MSN” no Futebol.

“Estava ouvindo Rich Niggaz do J. Cole, que é uma das minhas músicas favoritas dele e em algum momento eu comecei a reparar que as aflições dele na música são bem parecidas com as minhas.. Sobre ser famoso, ter que ser melhor que os outros, estar anestesiado da vida corriqueira por estar sempre vivendo algo fora do padrão… E pensei o tanto que eu prezo a simplicidade, o quanto ser quem eu sou faz bem para mim. E ainda assim, o quão mal faz para mim lidar com pessoas querendo que eu seja mais reconhecido, mais famoso, mais isso, mais aquilo.” Diz Álvaro Mamute em uma conversa com a gente.

“Foi quando me estalou que eu era como o Obina. Um cara simples que volta e meia agradava muita gente, mas que ainda assim não tinha como mascarar a simplicidade. O Obina nunca foi um craque. Eu nunca fui o melhor rapper do Brasil. Mas quando a gente agrada, as pessoas falam coisas sem pensar.”

Se você segue Álvaro Mamute deve saber que o rapper é um Flamenguista doente, essa é a segunda faixa relacionada ao seu time de coração que ele faz, recentemente ele lançou também a faixa “Que Deus Perdoe” um bordão muito utilizado na Internet e que viralizou depois do jogador Adriano fazer um gol pelo Flamengo e levantar a camisa com a frase devido as perseguições que estava recebendo da mídia. O rapper carioca revelou que pode fazer uma mixtape temática sobre o Flamengo.

“Ainda não decidi se farei mesmo, mas seria um misto de Flamengo e minha vida na perspectiva da carreira de certos atletas, como foi esse som do Obina, e o outro do Didico.”

ÁLVARO MAMUTE – FLOW OBINA

Confira nossa entrevista completa abaixo:

Nome: Álvaro Freire
Apelido: Álvaro Mamute
Idade: 23 Anos
Cidade: Rio De Janeiro

Fale um pouco sobre a sua trajetória até aqui, como começou? Teve algo que te motivou?

– Minha trajetória no rap é um pouco incomum, comparada com outras, eu acho. Comecei a escrever com 13 anos, mas nunca tinha pensado em gravar nada de verdade. Com 15 anos, resolvi começar a gravar porque um grande amigo meu estava com medo de lançar suas músicas sozinho e ser mal recebido. Eu acabei gravando alguns sons pra soltar junto com ele, e durante um período nós meio que formamos uma dupla. Quando ele se sentiu seguro pra seguir sozinho, ele me deu um toque e eu parei minha “carreira”.

Acontece que eu sempre achei esse lance de escrever e gravar uma terapia muito grande, então com 17 eu voltei a gravar, e desde então, de um jeito ou de outro, nunca parei. Antes dos 19 eu já tinha duas mixtapes lançadas… Nada de sucesso ou de qualidade, mas, estavam lá.

Em 2013 eu comecei um canal no Youtube com alguns amigos, e depois de um papo coletivo, achamos uma boa ideia botar as minhas músicas mais nerds no canal. Elas fizeram muito sucesso, e eu enveredei nessa de fazer raps temáticos durante um tempo… Só que isso cansa. E eu voltei a fazer meus raps autorais.

Hoje, acho que sou mais conhecido por eles do que pelos raps temáticos de brincadeira que fazia para o canal no Youtube. A galera do meio do rap que antigamente me antagonizava, hoje me mostra um pouco mais de respeito, ainda mais dado o fato de que o rap como um movimento em si passou a ter uma pegada mais nerd.

Como foi a criação da faixa?

– A criação dessa faixa foi um processo de contemplação e abstração braba. Eu estava voltando pra casa de madrugada, ouvindo Rich Niggaz do J. Cole, que é uma das minhas músicas favoritas dele. Em algum momento eu comecei a reparar que as aflições dele na música são bem parecidas com as minhas… Sobre ser famoso, sobre ter que ser melhor que os outros, sobre estar anestesiado da vida corriqueira por estar sempre vivendo algo fora do padrão… E eu pensei o tanto que eu prezo a simplicidade. O quanto ser quem eu sou faz bem para mim. E ainda assim, o quão mal faz para mim lidar com pessoas querendo que eu seja mais… Mais reconhecido, mais famoso, mais isso, mais aquilo… Foi quando me estalou que eu era como o Obina. Um cara simples, que volta e meia agradava muita gente, mas que ainda assim, não tinha como mascarar a simplicidade. O Obina nunca foi um craque. Eu nunca fui o melhor rapper do Brasil. Mas quando a gente agrada, as pessoas falam coisas sem pensar.

Você é Flamenguista? Vimos que também tem outra faixa chamada “Que Deus Perdoe” fazendo referência ao Adriano.

– Eu sou Flamenguista doente, e tanto essa faixa quanto a “Que Deus Perdoe” são (talvez, ainda não decidi se farei ela mesmo) parte de uma mixtape temática sobre o Flamengo. Um misto de Flamengo e minha vida na perspectiva da carreira de certos atletas, como foi esse som do Obina, e o outro do Didico.

Existe algum Beat específico que gosta de soltar suas rimas?

– Eu sou um cara com um gosto de beat muito específico. Na NREC a galera já me zoa quando eu mostro os beats. “Esse é um ‘Mamute Type Beat'” HAHAHAHA. Eu gosto de boom baps bem marcados, instrumentos pouco distorcidos, de preferencia a melodia em cima dum piano, violão ou algum metal (sax, trompete)… Aqueles beats fluidos, começo dos anos 2000… Essa é minha onda.

E quanto a rimas, existe tema favorito?

– Gosto muito de falar sobre filosofia nas letras, principalmente no que tange o absurdismo, que é uma vertente filosófica que eu sou apaixonado. E o engraçado é que esse beat e essa letra (da Flow Obina) não parecem ser nenhuma dessas coisas, mas se você olhar com calma, consegue identificar os elementos que eu apontei.

Quais são seus planos pra 2018?

– Focar no audiovisual. O rap, depois do advento da Pineapple Supply e do Brainstorm Studio, deixou se ser uma arte 100% musical. O aspecto de vídeo conta muito e meu projeto é investir mais nesse aspecto, tanto pra mim, quanto pra todos os participantes da NREC 727.

Existe alguma inspiração no Rap nacional ou internacional?

– Muitas inspirações. No rap nacional tenho Marcelo D2, Emicida, De Leve, Marechal, Pensador… No internacional tenho Kanye West, Childish Gambino, Guru, MF Doom, Mos Def… E por aí vai!

Conta pra gente sobre a NREC 727!

– A NREC 727 é o nosso coletivo de rap. Uma galera que tá junta pra se ajudar, se produzir, colaborar, divulgar, e tentar fazer o rap acontecer pra todo mundo. Hoje somos, oficialmente, 5: Eu, Bizum, Alexandre PS, Raphael Warlock e Gabelegal. O Arma Xiss fazia parte, mas quis seguir com as próprias pernas. Continua sendo nosso amigo, ajudamos no que podemos, mas agora o trampo dele é por ele mesmo.

Tem mais alguma coisa que queira dizer?

– Queria agradecer o espaço pra essa entrevista, e agradecer a todos que ouviram e curtiram a Flow Obina. Ouçam também minha mixtape mais recente, a “Cogito Ergo Verso”, porque tá na mesma pegada e eu acho que quem gostou de um som, vai gostar de todos.

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