Batalha do Real e Roda Cultural da Central do Brasil se unem na edição #LiberdadeGTA

Escrito por Fellipe Santos 12/04/2019 às 10:56

Foto: Divulgação

A tradicional Batalha do Real em parceria com a Roda Cultural da Central do Brasil convida todos a estarem presentes na edição #LiberdadeGTA, que será realizada na próxima sexta-feira dia 19/04 às 21h no Ganjah Lapa (Rua do Resende, 82). Toda a renda da bilheteria tem finalidade de apoiar o rapper GTA com custos de advogado, materiais de higiene pessoal e apoio à família

O duelo de mcs mais antigo do país, nascido em 2003, junto com a Roda Cultural da Central e as demais oito rodas culturais do circuito das seletivas (Beira Mar em Duque de Caxias, Batalha da Foice em Itaboraí, Vila Kennedy, Via Ligth em Nova Iguaçu, Bangu, Rocinha, Cardoso Jr e Vila Emil em Mesquita) trazem a 4º etapa da Batalha do Real 2019 em forma de protesto, na defesa da liberdade de mais uma vítima do racismo da justiça.
Rodrigo Manoel da Silva, vulgo MC GTA, foi responsável pela idealização da Roda Cultural da Central do Brasil, inaugurada em 21 de Março de 2018 com atividades culturais todas as quartas-feiras às 19h na Rua Coronel Audomaro Costa, 143 – Central do Brasil, na Praça dos Cajueiros (CJ). Junto com Celso Barreto Júnior (Cejota), o produtor cultural e mc implantou o projeto de revitalização que transformou a Praça dos Cajueiros, de uma cena de consumo de crack (cracolândia) para um local de cultura, lazer e aprendizado para a população, principalmente para as crianças, que também começaram a participar das batalhas de rima e de outras oficinas de desenho e pintura. Em alguns eventos especiais são arrecadados alimentos, roupas e livros para as famílias da comunidade, tornando-se um local de acolhimento para jovens que buscam alternativas à pobreza e ao crime como modo de sobrevivência.

A Roda Cultural da Central é licenciada pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro no PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL CARIOCA DE RITMO E POESIA através do Decreto 36.201, de 06 de setembro de 2012. O produtor cultural Rodrigo GTA denunciou em sua rede social em 1º de Agosto de 2018 que enquanto varria a Praça dos Cajueiros, foi abordado por policiais militares que disseram que “atrasariam a cultura negra” e fizeram ameaças de forjar flagrantes de tráfico de drogas aos envolvidos. Os policiais diziam que o objetivo era acabar com a roda cultural, argumentando que esta favorecia o tráfico local da comunidade do Morro da Providência.

Em 30 de Agosto do mesmo ano, após encerrarem as atividades da roda cultural, o mestre de cerimônias avistou uma viatura da PM próximo á praça, que perseguiu o jovem até o ponto de ônibus da Central do Brasil onde então foi abordado, sobre gritos e ameaças, com violência física e cenas de humilhação. GTA foi encaminhado à delegacia sob “resistência” ao tentar se defender das acusações e detido por desacato à autoridade, mesmo com penas alternativas previstas para aqueles que cometem esse tipo de infração. Encaminhado para o presídio do Complexo de Bangu, aguardou meses por sua audiência, onde então obteve a notícia do advogado de que todas as provas a favor do MC haviam sumido, tendo então que ser remarcada a audiência.

Durante os 8 meses de prisão do Rodrigo GTA, a Roda Cultural da Central e demais apoiadores manifestam nas ruas e nas redes a indignação com a prisão forjada do jovem, característica da seletividade penal da justiça brasileira que expressa o racismo institucional na sociedade brasileira. Rodrigo, assim como o DJ Rennan da Penha, é vítima de um sistema excludente que entende que jovens pretos com voz ativa e representatividade são potencialmente perigosos para aqueles que vivem da exploração de pobres, trabalhadores, pretos e favelados. Importante destacar que uma suposta denúncia anônima sem provas, ocorrência ou imagens de segurança provocou mudanças no processo penal do mc durante a prisão, e desde então Rodrigo luta por sua liberdade respondendo à justiça por roubo a mão armada (Art. 157).

No dia 10 de Abril de 2019, recebemos a notícia da sentença do caso do mc, que confirmou a pena de 7 anos e 2 meses privado de sua liberdade. Acreditamos que não há fundamentos para esta sentença, principalmente visto a aprovação do Ministério Público no reconhecimento de Rodrigo Manoel como produtor cultural da Praça dos Cajueiros, mas entendemos que afirmar e apontar o erro dessa prisão significa também denunciar o trabalho dos policiais militares envolvidos no caso. Isso confirma as dificuldades enfrentadas ao longo do processo penal, e deixa explícito que o único caminho capaz de garantir a vitória do mc e do hip hop é através da mobilização de todos e do apoio popular. Esse manifesto além de informá-los, busca também somar as força de todos os ativistas da cultura do rap em favor da luta pela #LiberdadeGTA.

Pedimos a todos que publiquem em suas redes sociais, fortaleçam a hastag do movimento, gravem stories e digam a todos: Eu apoio o movimento #LiberdadeGTA, artista preto, pobre e favelado não é bandido!

TODO APOIO AO MESTRE DE CERIMÔNIAS RODRIGO GTA, LIBERDADE PRO DJ RENNAN DA PENHA, ARTISTA PRETO NÃO É BANDIDO!

 

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