O termo vem sendo usado constantemente na indústria musical para se referir aos dois gêneros repudiado por anos.
Nesta semana, com Duquesa, L7NNON, MC Livinho, N.I.N.A, Slipmami, MC Luanna, Veigh e Vulgo FK, estrearam a terceira edição da Billboard Brasil 2023, consagrando-o como o “ano da música urbana”. O termo vem causando polêmica nas redes sociais, apesar de não ser uma novidade, visto que tem sido usado por diversos grandes nomes e empresas da indústria musical para se referir ao funk e ao rap.
“A categoria ‘música urbana’ já foi bastante criticada lá fora, inclusive viralizou um vídeo do Tyler, The Creator dizendo que era apenas um eufemismo que a indústria musical encontra para chamar a música de preto e descaracterizar sua essência, ou melhor, ‘lapidar’, como gostam de usar”, opinou o agitador cultural, cientista social e curador co-ceo do festival Batekoo e embaixador da Adidas Brasil e Spotify Brasil, Artur Santoro.
Além de majoritariamente representar os gêneros anteriormente citados, o termo, de um modo geral e resumido, é responsável por englobar todos os tipos de música feita pelo povo negro, causando, então, uma divisão negativa. A categoria do nicho citada por Artur Santoro foi iniciada, inclusive, pelo Grammy Latino em 2021.
“Por um lado, sou muito grato que algo que fiz possa ser reconhecido em um mundo como esse. Mas, ao mesmo tempo, é ruim que quando nós – e me refiro a caras que se parecem comigo – fazemos algo que transcende gêneros, sempre nos colocam na categoria de rapper ou urbano”, disse Tyler após vencer o Melhor Álbum de Rap de 2020 no Grammy.
“E eu não gosto dessa palavra ‘urbano’, é só um jeito politicamente correto de dizer preto. Então, para mim, ser indicado na categoria de rap foi como um elogio e um tapa com as costas da mão. Tipo: ah, meu priminho quer jogar, vamos dar um controle desligado para que ele cale a boca e se sinta bem”, completou o rapper americano que está envolvido num caso de direitos autorais com o brasileiro Gilberto Gil.
A categoria “música urbana” já foi bastante criticada lá fora, inclusive viralizou um video do Tyler the Creator dizendo que era apenas um eufemismo que a industria musical encontra pra chamar música de preto e descaracterizar sua essência, ou melhor “lapidar” como gostam de usar https://t.co/uracwcE4Di
— artur santoro (@artursantoro) December 20, 2023