Coluna #PapoDeBastidor: Conheça Welisson, dono do hit “Cabra da Peste” e mais uma joia do Trap de Fortaleza

Escrito por Caio Vinícius 26/02/2021 às 20:05

Foto: Divulgação

Jovem rapper bateu 4 milhões de views no YouTube com seu som de estreia em apenas um mês.

Há pouco mais de trinta dias eu não conhecia o trabalho do Welisson, pouco tempo depois, na última quinta-feira (18), ele e sua família nos receberam para uma gravação do Rap TV. Eu ainda estava de férias do rap quando as sugestões no YouTube me indicavam “Cabra da Peste”, a primeiro momento relutei e ignorei. Na segunda eu já estava mais conformado e curioso, logo de cara dei play na música. “Cabra da peste?” pensei comigo. “Primeiro vídeo do canal, lançado há dois dias e já tem mais de 500 mil views? De onde esse moleque surgiu?”.

Várias perguntas vieram à minha cabeça quando me deparei com o trabalho de “estreia” do Welisson, um jovem artista de 17 anos que pela segunda vez saiu de Fortaleza para vir a São Paulo, a trabalho. Sim, estreia entre aspas. Ele também é mais um artista que acabou se frustrando com algumas incansáveis tentativas de “fazer virar”, consequentemente optou por tirar esses sons da plataforma de vídeos mais consumida do mundo. Você consegue imaginar sua vida completamente diferente, dentro de um intervalo de 30 dias? Foi o que aconteceu com ele.

Seu primeiro contato com o rap foi de uma forma parecida com vários moleques espalhados pelo Brasil, o primo mais velho que conseguiu um CD do Racionais MC’s na feira perto de casa, e que colocava para tocar na casa da avó. Ali a vontade de rimar já existia, a coragem ainda não. Mas enfim, vocês verão mais algumas histórias sobre o início da caminhada dele na nossa entrevista, que inclui o primeiro contato dele com o seu amigo Wiu, da 30PRAUM, grande influência musical para o artista. Voltando para a gravação…

Fomos até o bairro Itaim Bibi, área nobre da capital paulistana, para gravar alguns conteúdos do Rap TV com o trapper cearense, aproveitei a oportunidade de encontrá-lo e fiz uma breve entrevista para nossa coluna. Muitos fatores me chamaram a atenção no trabalho desse garoto. Além da musicalidade e estética do trabalho, a forma como tudo aconteceu tão rápido na sua carreira foi algo que me surpreendeu bastante.

Pouco mais de um mês depois de ter lançado a música que mudou a sua vida, Welisson nos recebeu no sofá da sala de uma tia dele, que reside na cidade. Calça jeans rasgada e uma camiseta estampada com o rosto do Travis Scott. O relógio e a corrente brilhante também fizeram parte do traje escolhido para usar na sua primeira entrevista para um canal do youtube.

Welisson estava super tranquilo, ele e sua família nos recepcionaram super bem, a gravação durou cerca de 45 minutos e depois ainda ficamos um bom tempo conversando sobre o mercado do rap e os próximos passos que o artista tem à sua disposição. Em off, ele revelou algumas novidades que vocês terão que esperar um pouco para descobrir. Enquanto isso não acontece, confira abaixo a entrevista exclusiva da nossa coluna #PapoDeBastidor e o vídeo que acabou de sair no canal do @raptvbr. Nesta semana, o artista cearense explicou a letra do som que mudou sua vida: “Cabra da Peste”.

Mano, você é um moleque novo, sua família te apoia nesse corre da música? Sua mãe veio para São Paulo contigo, então imagino que ela seja bem presente.

Na minha família quem me apoia muito é minha mãe. Meu pai mais ou menos, ele chegava muito cansado do trabalho e meu quarto praticamente era na sala. Pra gravar, não tinha porta, aí eu ficava gritando e acabava incomodando. A família da minha avó ainda fica um pouco com pé atrás, já estão começando a aceitar, mas eles ficam preocupados com a temática que o trap traz e etc. Mas já está melhorando.

Visão, mano, conta um pouco da sua história com a música?

Eu sempre tive o sonho de começar a fazer música. Quando eu era menor, tipo 12 anos, eu escutava muito Racionais, com meu primo André. Ele comprava o CD na feira. Minha avó não deixava eu sair de casa, meu bairro era um pouco perigoso, mas ele comprava o CD, levava pra casa e a gente escutava junto, desde então comecei a gostar de rap.

Depois disso eu entrei numa escola bem grande, tinha bastante gente, de vários lugares da cidade, e eu sempre gostei muito de batalha de rima, assistia muito a Batalha do Tanque, Batalha da Aldeia lá no começo, Batalha do Museu, assistia muita coisa. E sempre tive vontade de rimar, mas nunca tive coragem de dar as caras mesmo. Aí estava rolando uma batalha de rima lá na escola, o Wiu, da 30PRAUM, estava batalhando e a galera da minha sala já sabia que eu mandava umas rimas e tals. Aí quando eu cheguei lá perto pra ver já me jogaram lá dentro, fui eu e um brother contra o Wiu e uma amiga dele. A gente começou a batalhar e desde então a gente criou uma amizade. Até hoje eu me espelho bastante nele, isso foi em 2018.

E como era essa vivência dentro da própria escola?

Então, eu baixava o audacity pra fazer alguma coisa, gravava pelo celular e o Wiu começou a me ajudar, me mostrou artistas da gringa, começou a me passar várias visão. Eu levava o notebook velhão da minha tia escondido pra escola, aí na hora do intervalo a gente emendava as últimas aulas, escondido, pra ele me ensinar a usar o FL e tal. Foram basicamente uns dois anos assim, aí ele saiu da escola, mas até então a gente continua nessa amizade e tal, passando conhecimento. Depois disso eu comecei a fazer som, comecei a estudar por conta própria e aí aconteceu. Depois de três anos basicamente na música e enfim tá virando. Não virou como eu quero, mas a galera já está esperando bastante.

Criando expectativa né?

Sim, exato, isso é muito importante. As vezes eu fazia live que tinha 3 ou 4 pessoas, que eram amigos meus que eu chamava para ver a live, mostrava prévia e tals, eles me incentivaram muito. Mas aí eu também ficava achando que aquilo não era pra mim, não conseguia entender porque não ía. As músicas que mostro hoje são as mesmas que eu mostrava antes.

E “Cabra da Peste” foi seu som de estreia? Eu não tinha visto nada no seu canal.

Eu já tinha lançado 5 ou 6 sons, desde o início de 2018, com grande incentivo do próprio Wiu. Ele me ensinou basicamente tudo que eu sei hoje, ele participou bastante da minha vida como artista e como pessoa também. Eu comecei a soltar som, mas não tinha um retorno positivo, aí eu não gostava muito e arquivava o som. Ai eu lançava outro e acontecia de novo. Até que começou essa onda das prévias e a galera olhar mais pro Nordeste, aí comecei a mostrar meu trabalho com mais consistência.

Como nasceu “Cabra da Peste”? Como surgiu e rolou todo o processo?

Eu soltava bastante prévia, bastante conteúdo, quando eu lancei a prévia no instagram a galera pirou, acabou virando o meu lema, toda página que postava já usava “Welisson, o Cabra da Peste” com o emojizinho do chapéu e o cacto. Como a metade da minha família vem do interior, eu já usava muita gíria, aí eu também coloquei isso na música. Aí eu formei uma equipe pra gente soltar a “Cabra da Peste”.

Formada por quem?

É a Carol, de São Paulo, o Yuri que é um brother meu, o Jon, que fez o beat, eu e o Joveh, que faz nossas artes. A gente tinha uma expectativa de bater 100 mil em um mês, já era uma expectativa alta. Aí quando a gente lançou a música, passou 7 minutos de lançamento, travou em uns 17 mil views e 30 mil likes. Quando deu 11 horas de lançamento já tinha 150 mil views, em um dia a gente bateu 550 mil views. Foi tudo muito louco e muito rápido.

Você falou que sua meta é ser o número 1 de lá. Já chegaram propostas para você se juntar a alguma gravadora de Fortaleza ou da região?

Em Fortal tem alguns selos, tem a G2K que está na correria, tem a 30PRAUM, que todo mundo conhece, tem outros caras, a 085, vários selos.. E em questão de proposta ainda não rolou nada, tá ligado? Tipo, de falar “quero te contratar, vem pra cá que agora você é nosso artista, vamos assinar um contrato”. Ainda não rolou isso, mas agora todo mundo já conhece e estamos sempre conversando sobre música com o pessoal de lá. De São Paulo já chegaram propostas, mas a gente ainda está analisando isso com calma, porque isso pode mudar minha carreira de uma forma que eu nem imaginava.

Tem que ser algo seguro né?

Sim, exato.

Pra fechar nossa entrevista, fala para gente quais são os próximos passos do Welisson em 2021?

Então mano, 2021 eu to com um planejamento de sons para lançar, tamo analisando algumas parcerias com um pessoal aqui de São Paulo. Com todo esse lance de COVID, o que eu mais to querendo fazer é consolidar meu nome no streaming, para quando parti pros shows, ser algo que já comece com um nível legal, já quebrando várias casas. E outra meta é montar meu próprio estúdio, com equipamento legal. Quero elevar o nível do meu trampo, tá ligado?

Confira o DISSECAÇÃO com Welisson abaixo:

 

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