Coluna #PapoDeBastidor: Um pouco de como foi a gravação com JD On Tha Track, o produtor brasileiro que já ultrapassa 1.7 bilhão de streams

Escrito por Caio Vinícius 10/02/2021 às 20:09

Foto: Divulgação

O canal RapTV voltou com um novo “Sampleando” com o famoso produtor brasileiro JD On Tha Track

Aquela tarde de segunda-feira estava característica de um dia de verão. Quente e seco na capital de São Paulo. Duas horas de estrada nos levaram até nosso destino, Artur Nogueira, um município próximo de Campinas, que marcamos de encontrar com JD On Tha Track para fazer a primeira gravação do ano, e retornando aos trabalhos presenciais devido a pandemia.

Você pode estar não entendendo esse texto, que foge um pouco da característica do Rap Mais, por isso vou apresentar uma novidade que pode esclarecer algumas dúvidas. Meu nome é Caio Vinícius, sou jornalista, atualmente sou produtor executivo e de conteúdo no Rap TV. Essa coluna é fruto de uma parceria entre nosso canal e esse site que já nos fortaleceu tantas vezes, e agora estamos juntos novamente.

Foto: Felipe Mascari

Voltando à estrada. Eu estava com a responsabilidade da playlist do trajeto, mas acabei dormindo durante a viagem… Osso, eu sei. Enfim chegamos no local combinado, a casa era de um amigo do JD que cedeu o espaço para nossa gravação. O home studio não era grande, mas era basicamente o que a gente precisava. Um computador, as caixas de som e ainda fomos presenteados com um monitor de umas 28” que já ajudou bastante. Câmera e luz, ok. Álcool em gel e máscara, ok também.

JD é cria de Osasco, mas veio direto de Campinas, sua cidade atual, para gravarmos. O produtor musical, que já superou a marca de 1.7 bilhão de streamings nas plataformas digitais, voltou para o Brasil recentemente depois de passar um tempo morando nos Estados Unidos. Vi um contraste muito louco na roupa dele, o cordão com pingentes cravejados com suas iniciais e boné vermelho do Los Angeles Dodgers, do outro lado, 100% brasileiro, a juliet no rosto e um Air Max vermelho nos pés.

Ficamos aproximadamente três horas gravando alguns quadros para o Rap TV, o primeiro acabou de sair, inclusive é o motivo desse texto, o tão aguardado retorno do Sampleando – um dos quadros mais pedidos pelo público do canal. JD não sampleia, mas tinha um acervo enorme de melodias próprias que já estavam prontas para serem usadas, então já é uma volta que foge um pouco da característica do quadro, mas a gente só queria aproveitar a oportunidade de registrá-lo fazendo um beat do zero. Sim, o beatmaker que assinou hits do NBA YoungBoy, Lil Tjay, Polo G, entre outros, e de quebra já alcançou o primeiro lugar da Billboard, é um brasileiro e provavelmente você nem sabia.

Foto: Felipe Mascari

Além do Sampleando, pudemos mostrar como ele produziu a faixa “Pop Out”, um dos maiores sucessos do Polo G, no quadro Behind The Beat. E tem mais um episódio desse mesmo quadro, com um beat usado pelo NBA YoungBoy, que vocês vão poder ver em breve. Foi um dia bem produtivo, mas as duas horas de volta doeram mais que a ida.

Por trás dos discos de platina, ouro, vivência fora do país e com grandes artistas internacionais, tem um cara que antigamente era só mais um moleque que queria viver de música. JD e sua equipe nos receberam super bem, depois de gravar ainda pudemos trocar algumas ideias em off e resenhas que vão ficar para nossa entrevista, que pode rolar futuramente. Enfim, vou ficando por aqui. Mas, antes de ir embora, queria pedir pra você seguir a gente nas redes sociais (@raptvbr) e agradecer o espaço que nos foi aberto. Aproveitando que pude trombar o JD e a oportunidade de fazer esse texto, consegui fazer uma entrevista exclusiva para nossa coluna, confira abaixo! Até a próxima. Marcha.

Queria saber de você como foi seu início com a produção musical? Por que começou? Com quantos anos?

Eu acho que tudo começou quando eu estava escutando um álbum do Wiz Khalifa em 2011 e vi que os Kicks e 808s (na época nem sabia o que era isso) mas ja tinha uma ideia de que aquilo estava muito avançado pra época e era uns beats muito foda! E vi do lado do nome das músicas (Prod. By). Foi ali que eu fui pesquisar mais a respeito e descobri o Lex Luger, Southside, DJ Spinz, Nard & B e etc que estavam no auge na época. Depois disso fui estudar e me aprofundar sobre. Eu comecei porque eu sempre amei música desde a época do 50 Cent, Akon, Snoop Dogg, Eminem, The Game, Soulja Boy, etc e queria ver meu nome no álbum dos caras. Eu queria meu nome lá (Prod. By JD) e causar o impacto que eles causavam deixando meu legado aqui. Tudo isso começou com meus 13 anos.

Como foi a experiência de ir morar no EUA e como isso aconteceu?

Eu acho que a experiência foi muito boa, trabalhei com muitos caras que eu queria trabalhar e trouxe comigo muitos aprendizados e mais visão ainda sobre tudo. Tudo rolou depois que eu assinei um contrato com a Sony, assim que a “Pop Out” ganhou disco de Ouro.

Li uma entrevista sua, você falava da vivência do pessoal de lá, que aqui seria chamado de “real trap” aquela parada de realmente ter glock no stu, toda aquela tensão. Aqui a gente vê a galera tentando usar muito dessa vivência, às vezes sem nem ter, acha que precisa?

Eu acho que as pessoas tem que ser aquilo que elas são. Sem tentar fingir ser alguém que não é tá ligado?! Apenas seja você, sem fingir e sem nada do tipo. Deixar a parada natural porque isso é natural deles e cultural. Aqui já não é bem assim, mas se o cara quiser ter e usar as armas sem ter a vivência disso, sem problema nenhum também. Cada um sabe o que faz.

Qual a principal diferença entre o business lá e aqui? Na sua visão. O real mainstream vs o “mainstream” do rap nacional, que merece muitas aspas.

Lá as paradas são muito bem resolvidas e “certinhas” tá ligado?! Eu acho que lá tem muito mais oportunidades pros caras e muito mais chances de ele crescer e estourar junto com todo o apoio necessário da gravadora, equipe, estrutura. Eu acho que lá a parada é muito mais avançada em termos de business, gravadoras, etc. Porém acho que o Brasil tá no caminho certo e torço pra que dê tudo certo.

Qual artista foi mais “fácil” de trabalhar, fluiu bem?

São muitos, mas Calboy, Yung Bleu, Jay Critch, Lil Tjay, Polo G. Aqui no Brasil, Pedrinho.

Você recentemente lançou um EP colaborativo com o MC Pedrinho, no qual você também canta, ta entre seus objetivos de lançar essa carreira cantando? Quando despertou essa vontade?

Sim, eu estou cada vez mais focado nisso me aperfeiçoando na parada. Despertou essa vontade quando eu quis passar pro mundo o que muitos rappers me passavam em termos de sentimento, vivência, contar sua história, mostrar que você também pode vencer apesar de tudo o que você passa, passou e etc. Quero que o mundo saiba das minhas histórias, dos meus aprendizados e de tudo que eu tenho pra falar; uma das formas que vou fazer isso vai ser cantando.

Finalizando, queria que você falasse uma das dificuldades que você encontrou na sua vida de produtor, pra caso alguém se identifique poder ver que é possível chegar longe mesmo assim

Já passei por muitas coisas na vida e milhões de dificuldades. O que eu posso dizer agora é: se você acredita naquilo que está fazendo, dando tudo de si, tenha fé que se for pra ser, será e ninguém vai te impedir. O resto irei contar nas minhas músicas, documentários, filmes, etc quando for no momento certo e assim as pessoas vão saber tudo sobre mim e tudo que já passei pra estar aqui hoje. Mas sempre acreditem que é possível. Se eu estou aqui e consegui, vocês também podem. Jamais desista de seus sonhos e daquilo que faz seu coração vibrar.

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