Designer Tremaine deixa cargo de diretor criativo da Supreme acusando a marca de ‘racismo sistêmico’

Escrito por Fellipe Santos 01/09/2023 às 11:21

Capa Tremaine Emory Foto: Divulgação

O ex-diretor criativo da marca também criticou a empresa por má administração de uma colaboração com o cineasta Arthur Jafa.

Tremaine Emory, que atuou como diretor criativo da renomada marca de moda de skate Supreme, renunciou ao seu cargo após um ano e meio, acusando a empresa de “racismo sistêmico” e falhas na gestão de uma futura colaboração com Arthur Jafa, premiado artista e cineasta. Em uma postagem no Instagram, Emory revelou que tentou discutir uma declaração conjunta sobre sua saída com os executivos da marca, mas eles se recusaram a permitir que ele mencionasse “racismo sistêmico” como a razão para sua saída. A marca também pediu que ele negasse que qualquer incidente racista tenha ocorrido.

Emory apontou duas questões significativas durante sua passagem pela empresa: a falta de minorias no estúdio de design e um desentendimento relativo à colaboração com Jafa. Segundo Emory, a colaboração foi “encerrada secretamente”, sem sua consulta, devido a discordâncias internas. A Supreme, por sua vez, emitiu um comunicado ao Business of Fashion negando as alegações. “Discordamos fortemente da caracterização de Tremaine da empresa e da colaboração com Arthur Jafa, que não foi cancelada”, disse a marca.

Foto: HypeBeast

Emory também compartilhou capturas de tela de conversas com executivos da Supreme, incluindo o vice-presidente de marketing, Julien Cahn, e o fundador, James Jebbia. O segundo admitiu, em declarações subsequentes, que deveria ter consultado Emory mais ativamente sobre o projeto com Jafa.

“Então, nas últimas semanas, após pedir demissão, lutei de unhas e dentes até o último momento com a equipe de executivos da Supreme para concordar com eles em um comunicado à imprensa. O comunicado explicaria que saí da Supreme devido a problemas sistêmicos de raça na empresa, desde o tratamento da colaboração com Arthur Jafa até a composição do estúdio de design, que tem menos de 10% de minorias trabalhando, quando a marca é em grande parte baseada na cultura negra. Perguntem ao @juliencahn, @kyledem e Alex Detrich… todos eles estavam nas mensagens de texto e Kyle estava nas ligações, até eu dizer a ele que não posso concordar com uma declaração que não cita o racismo sistêmico. Fui solicitado a dizer à Complex que um incidente racista não aconteceu, e se eles reportassem isso, não poderíamos emitir uma declaração conjunta, pois isso seria a história (eu me recusei a fazer isso)… Kyle disse que me ligaria de volta na terça-feira à noite e vocês nunca fizeram. Então é tragicamente irônico que vocês três tenham me deixado “na mão”. @kyledem, naquela ligação você disse que queria que eu contasse minha história com vocês, “você é o melhor contador de histórias que eu conheço”. Bem, vocês vão ter uma história…”

Antes de se juntar à Supreme em fevereiro de 2022, Tremaine Emory foi o fundador da Denim Tears, uma marca que foca na “Diáspora Africana”. Ele também já colaborou com várias marcas e personalidades de alto perfil, incluindo Ugg, Dior, Converse, Frank Ocean e Kanye West.

Fundada em 1994, a Supreme é um pilar no mundo do skate e da moda urbana. A marca foi adquirida em 2020 pela VF, empresa controladora da Vans e da Timberland, por cerca de 2,1 bilhões de dólares. Desde a aquisição, alguns críticos sugerem que a marca tem perdido seu apelo original. A renúncia de Emory e suas acusações lançam uma sombra sobre o futuro da Supreme e abrem espaço para discussões mais amplas sobre inclusão e diversidade na indústria da moda.

Recomendados para você

Sair da versão mobile