Dj KL Jay está trabalhando pesado em seu álbum de estréia solo, ele está deixando um pouco de lado o grupo Racionais MCs para focar no projeto. Hoje (8) o artista libera o primeiro single do projeto, a faixa “Tá Patrão 2.0”, uma continuação do hit de Mc Guimê.
A palavra, em si, virou um clichê, não soa bem. O empoderamento, na verdade, é os pretos ocupando os lugares que sempre foram deles”, afirma KL Jay sobre a questão tão em voga nos dias de hoje, em entrevista para a Billboard Brasil.
O artista fez uma grande entrevista com a revista onde falou sobre diversos assuntos e você pode conferir abaixo:
Quando sai o disco?
KL Jay Na Batida Volume 2 – No Quarto Sozinho sai em março. E antes, em fevereiro, sai o clipe da “Tá Patrão 2.0”. A gente vai esperar passar a correria de final de ano pra filmar e tal, mas já tem roteiro pronto.
Há quanto tempo você está trabalhando nesse álbum?
Tô fazendo esse disco há cinco anos. Porquê? Porque eu não sou um DJ de estúdio, então esse foi o tempo que levei pra aprender o processo. Eu sou DJ de guerrilha, de festa, DJ dos Racionais MCs… então tive que me dedicar a isso e consegui chegar num nível de bom pra ótimo.
Quando você diz “aprender o processo”, inclui o quê, por exemplo? Fazer beats?
Não porque beats eu sempre fiz. É mais sobre os processos internos da gravação de um disco, em estúdio mesmo. E depois tem a masterização, que é um processo superimportante. Você pode ser um disco super bem produzido, mas se a masterização não for boa não adianta nada.
Essa dominação do streaming acabou afetando até esse processo também, porque tem muita gente que masteriza já pensando em quem vai ouvir o som no streaming, no fone de ouvido no meio da rua… cê pensou nisso também?
Sim, sim… e, no caso do streaming, a música passa por uma segunda masterização, nas plataformas. Porque eles querem padronizar tudo, né. No meu caso, eu ouvi o resultado final no streaming e gostei, achei que ficou bom. Eles dão uma lapidada pra deixar tudo num mesmo padrão sonoro.
Você é um cara muito exigente com seu trabalho. Hoje você consegue relaxar e ouvir música ou tá sempre prestando atenção em tudo no som?
Ah, é tudo junto, não tem jeito. Se eu tô de boa ouvindo um som, eu também tô prestando atenção nele. Eu curto e presto atenção ao mesmo tempo.
Como você escolheu as participações pra essa faixa?
Conheço o Renan, que é do 5pra1, grupo do meu filho, DJ Will. Vi que ele poderia desenvolver as ideias de forma séria, falando de dinheiro, mas sem cair na ostentação pura e simples. Dinheiro é poder e queria uma mensagem política, agressiva. A Lay, quando ouvi pela primeira vez, disse: “Uau!”. Ela é atrevida, destemida, tem poder na voz. E é importante uma mulher negra falando de dinheiro, saca? E o Guimê, claro, é o autor da “Tá Patrão”, que foi a primeira música que ouvi dele e gerou essa continuação. Virei fã dele nessa música porque ele consegue passar uma mensagem agressiva sobre poder.
“Empoderamento” é uma das palavras do momento. Como você vê isso?
A palavra, em si, virou um clichê, não soa bem. O que aconteceu no rap, e eu falo do rap brasileiro, é que se perdeu a culpa e o medo de ganhar dinheiro e de ostentar – porque não? Mas primeiro tem que ganhar dinheiro, ostentar é a última coisa da escala, sacou? E o rap perdeu o medo de falar coisas como “eu sou o cara”. Isso é muito bom! Lá nos Estados Unidos, terra do dinheiro e que, com todos os defeitos, é um grande país, não tinha esse medo. O empoderamento, na verdade, é os pretos ocupando os lugares que sempre foram deles. Não tem como não dizer que os pretos fazem a melhor música, com mais suingue. Empoderamento, no caso das minas, e a mulher perder a culpa e o medo de dizer que pode tudo, pode fazer o que quiser. Dizer “eu gosto de ser mulher”, saca? Uma mulher na “Tá Patrão 2.0” fortalece toda a cena e é convincente.
E vai ter alguém dos Racionais no seu disco?
Vai ter o Edi Rock numa faixa com o Renan e o Rincon Sapiência. Edi Rock é demais, sabe escrever, sabe cantar, sabe tudo.