Filipe Ret revela tática que o fez ter sucesso: “Me abri pro mercado”

Escrito por Fellipe Santos 14/03/2019 às 20:01

Foto: Divulgação

Não adianta negar, Filipe Ret é um dos nomes mais sólidos do Rap Nacional. O rapper tem um público enorme e arrasta multidões seja a aonde for.

No ano passado um show do artista na favela do Fogueteiro no Rio de Janeiro ficou marcado por aparecer fãs armados com fuzis e AK 47 apontados para o alto enquanto ele performava seu show normalmente. Na ocasião ele falou que não se intimida de fazer shows nesses locais porque “A função do Rap é transformar esses caras”.Agora, ele revela a formula que fez ele se tornar tão popular para todas as classes, algo que na verdade todo mundo sabe, mas muitos ainda são céticos em enxergar.

Em entrevista para o globo – que você pode conferir na integra clicando aqui – Filipe Ret explica um pouco mais sobre isso.

“Cheguei aqui também porque fui um dos primeiros a me abrir pro mercado. O “Vivaz” eu vendia na rua. Para o “Revel” (2015), fechei com o selo da Skol Music, conseguimos entrar nas rádios… É uma equipe muito grande trabalhando por isso. “Revel” me fez tocar em todas as favelas, até as favelas de fora do Rio. E tenho esse outro circuito de encher um Circo Voador. Sempre tô buscando isso, quero fazer coisas mais pesadas e coisas mais leves. Tenho essas duas energias em mim, faço questão de botar. Sempre defendi ter essa liberdade na minha criação, liberdade de fazer algo comercial. Porque eu gosto de fazer música comercial. Até pra ter um show mais completo, com estéticas diferentes. “Neurótico de guerra”, por exemplo, explora punchlines. Escrevi muito tempo assim, mas se fizer um show só assim me canso. “Vivendo avançado” é uma forma de escrever mais trap. “Libertina” é mais comercial. “Invicto” é mais percussiva na forma de colocar as palavras. Ainda tem a forma de colocar a voz, as embocaduras são diferentes: mais sensual, mais agressiva…

O pop tem fórmulas, e acho mais fácil escrever algo pop. Mas existe a diferença entre escrever algo popular e isso bater de fato pro público. Tem muita coisa da Anitta e da Ludmilla que podia não ser ouvida como é, mas muita gente trabalhou para que fosse. Tem mil coisas nessa equação: a química certa da letra com a música, a sua química na hora em que você grava aquela letra… Mas vejo muita gente criticando o rap, a coisa de ele estar se popularizando. Sempre foi assim, nos Estados Unidos sempre que surgia um nome novo criticavam. Quem fazia linha mais cool criticava porque queria ficar no cool, enquanto tinha uma galera indo pro pop. Isso acontece nos vários gêneros. Sempre vi intuitivamente que tinha que manter o respeito, minha seriedade, mas também lançar coisas mais comerciais. Mas esse sou eu, tenho meu lado pessoal underground e meu lado pessoal popular. Minha verdade não é dançar em cima do palco, fazer performance. Não adianta o cara ficar se ressentindo por não ser popular como a Anitta. A Anitta rebola, mano. Ela comunica com quem rebola. A verdade é física, ela se reflete na sua pele, no seu corpo. Tem coisas nas quais a gente pode se tornar mais popular, se abrir. Mas sei que tenho que fazer um esforço pra ser mais amigável pra mais gente. É um esforço que faço, cada um sabe a medida de seu esforço.

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