KL Jay critica atual geração do Rap e cita BK’ e Kendrick Lamar como exemplos positivos de criatividade

DJ do Racionais MCs, KL Jay diz que rappers da atualidade não tem muita versatilidade.

Um dos maiores nomes do rap nacional e membro do Racionais MCs, DJ KL Jay, é uma voz potente na cena. Em entrevista ao jornalista Lucas Brêda, da Folha de S. Paulo, Kleber Simões, nome de batismo do artista, comentou sobre o momento atual do gênero, que tem ascendido comercialmente e alcançado patamares cada vez mais altos.

Na entrevista, KL Jay passou sua visão sobre como o trap atual. Ele lembrou de como a sonoridade foi abraçada pelos próprios Racionais no álbum “Cores e Valores”, de 2014 e último lançado pelo grupo. Entretanto, atualmente no topo das paradas do Brasil, o DJ afirma que as novas músicas soam plastificadas. “Ficou meio fábrica de bolacha, né? Todo mundo usando Auto-Tune, falando para as meninas sentarem, que tem droga e dinheiro para caralho.”

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KL Jay afirma que poucos são os rappers que tentam criar próprias identidades e fugir do que é fácil de vender comercialmente, citando o nome de BK’ e Kendrick Lamar como exemplos positivos da nova geração. “Se você ouvir o BK, é diferente dos demais. Kendrick Lamar, também. Mas tem esse molde que estão fazendo, e o dinheiro vem fácil. Aí a música dura uma semana, dez dias e, depois, próxima. Não consigo fazer isso.”

Ao longo da conversa com a Folha, KL Jay também comentou sobre a importância do Racionais para a periferia e a comunidade preta, classificando o grupo como “a voz de quem nunca teve voz”. Em toda sua trajetória, ele repetiu que “vive em território inimigo”, se referindo à colonização e à consequente desigualdade racial do país, e na conversa, Kleber diz como o Brasil ainda tem mentalidade de colônia.

“Tudo no Brasil foi montado para usufruto dos brancos. Os pretos ficaram em terceiro, quarto plano. Quando você entende isso, muda sua postura, seu jeito de andar. Sai na rua preparado e tem respeito”, disse. “São os donos de banco, de rede de TV, dos jornais. Esse pessoal tem muito dinheiro, e ditam as regras. Muitos deles têm mentalidade de donos de escravos. Você vê pela economia, pela taxa de juros.”

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