Mano Brown explica que seria um rapper muito diferente se começasse carreira no Rap atualmente

Fazendo um reflexo do início dos anos 2000 com a atualidade, Mano Brown chegou a essa conclusão.

A conversam, debate e comparação sem fim sobre a nova geração e velha guarda do Rap ganhou mais um ingrediente interessante. Em conversa com o apresentador e empresário Igor 3k, lançada em fevereiro deste ano no podcast Mano a Mano, Mano Brown falou sobre como acha que seria a sua musicalidade e imagem artística caso fosse um rapper da nova geração.

“Os caras quando abraçam a causa, eles vêm. Então, para você parar e repensar, parece quase uma ofensa a tudo que acredita. Comecei a chamar meus companheiros para reverem conceitos, alguns estranharam, me chamando de diferente. Lembro quando falei com o Dexter, que estava preso: ‘Irmão, tá chegando um som ai que tá fazendo a nossa música parecer que é um som de ninar, para criança dormir.’ Ele respondeu: ‘Como? Impossível! Nós somos a revolução.’ Falei: ‘Eu sei, só que eles estão falando de senta, levanta, chupa e tal, e nós nunca vamos falar isso.’ É uma liberdade que raramente as pessoas vão usufruir numa música nossa, falar o que quer. Naquele momento, o rap estava muito ancorado na luta e razão, já não era falar o que quer, era falar o que precisava. E falar o que precisava, era uma coisa igualada, quando você deixa de falar também o que quer.”

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Foto: Reprodução/Facebook Mano Brown

“Quando o Lula ganhou a primeira eleição, em 2002, dali pra frente não teve, pelos menos pro rap e pra mim consequentemente, zona de conforto. Foi uma luta do caralho. Foi a pior época do rap, 2005 para frente… Devido a criminalização, acúmulo de tempo com ideologias, fidelidades e ideias que estavam precisando serem revistas e avaliadas. A arte está sempre procurando uma maneira de interagir com as pessoas e manter a chama acesa. De vinte em vinte ou, agora mais do que nunca, de cinco em cinco anos o ciclo vira, por mais que você se sinta o cara hoje. Poucos tem tempo de perder tempo e dinheiro. Eu, se tivesse 18 anos hoje, não sei se seria o Brown político do Racionais”, comentou o rapper.

A revelação do icônico artista nacional é algo que provavelmente choca altamente os seus fãs e o público geral do rap, visto que o enxergam como alguém que repudia severamente o que vem sendo feito na cultura do trap atualmente em território nacional. Entretanto, prova-se o contrário. Brown é um grande consumidor, entendedor e até mesmo investidor desse movimento, através do seu selo Boogie Naipe, que vem gerenciando artistas integrantes e que circulam pelo gênero e sua cultura, como Yunk Vino, Victoria Cerrid, Duquesa e Danzo.

Junto aos seus companheiros do Racionais MC’s, Pedro Paulo Soares Pereira mantém um importantíssimo papel referencial nas periferias brasileiras devido ao seu legado e atos. Na última semana, foi lançada a participação de Igão e Mítico, do podcast Podpah, no Mano a Mano.

Em seu perfil no Instagram, Igor Cavalari refletiu sobre a importância do grupo em sua vida: “Se hoje eu vivo do meu sonho junto com o Mítico através do Podpah com os meus lado-a-lados é muito porque meu pai sempre comprou de camelô e resolveu dar todos os CD’s do Racionais para mim quando eu ainda era uma criança, e minha mãe fez questão de ensinar música por música, letra por letra, pausando e explicando cada verso.”

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