Mano Brown conta porque não quer pessoas xingando Bolsonaro em seu show

Escrito por Fellipe Santos 20/09/2019 às 14:52

Foto: Divulgação
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Em entrevista para o site UAI, o lendário rapper Mano Brown, falou sobre diversos assuntos que vem chamando atenção. Um deles é o atual cenário político do país. O rapper, que no ano passado, durante comício do então candidato petista Fernando Haddad, advertiu que o partido já havia perdido a eleição por ter se afastado do povo, diz não se arrepender dessas palavras. “Vi a direita usar a minha fala”, comenta, esclarecendo que não recuou em relação àquela atitude. “Pela minha mente passou um pouco de arrependimento, mas um ano depois, com a poeira assentada, acho que acertei”.

Brown falou também de alguns vídeos que viralizaram na internet, aonde o líder do Racionais aparece dando bronca em pessoas que começaram a gritar xingamentos contra o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. “O povo quis assim, pagou pra ver”, afirma. “Quem votou nisso que está aí entrou porque quis. Queriam o conflito, não o diálogo. Queriam cadeado e cerca elétrica, não a justiça. Quem agiu assim ignorou o semelhante”, diz. E adverte quem planeja gritar palavrões contra o presidente da República em seus shows: “Se quiser xingar, xinga. Mas vai tomar orelhada (sermão) do Brown. Vá zoar o show de quem você quiser, não o meu”. explica. O rapper indica que o grupo prossegue engajado em sua luta pela liberdade. “Nossa utilidade é maior ainda”, avisa.

Citando o recuo de avanços sociais registrados nos últimos anos, o rapper diz que a mentalidade individualista da classe média contaminou o Brasil. “Agora, o cidadão só pensa em sua segurança. Se o filho do vizinho morrer, azar o dele, porque o meu está trancado dentro de casa, na igreja, sei lá onde. A mentalidade do medo é o que mais vende. Você se tranca em casa, pede pizza, paga a TV a cabo, come essa comida lixo que te faz ficar doente, acima do peso, tomando remédio. Isso acontece na favela também.”

Na opinião de Brown, questionar a cultura do medo – alimentada pela intolerância política – é a “nova guerra” a ser enfrentada. Letras do disco Sobrevivendo no inferno (1997), base do repertório deste sábado (14), vão “cair” no vestibular da Unicamp ao lado de poemas de Camões e de Ana Cristina César.

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