N.I.N.A sobre a cena atual: ‘As mulheres têm mais rimas que os homens’

Escrito por Felipe Mascari 06/04/2024 às 09:30

CAPA NINA
FOTO: Lucas Santos Sá

N.I.N.A fala sobre a importância de “Poetisas no Topo 3” e debate sobre o machismo no rap nacional.

A rapper N.I.N.A é um dos nomes mais potentes da atual geração do rap nacional. Desde 2020 na cena, a artista carioca tem conquistado seu espaço, seja com suas rimas afiadas, sua versatilidade de estilo ou pelo flow marcante em qualquer beat que toca.

N.I.N.A começou sua trajetória como DJ, depois chamou a atenção com seus singles dentro da estética do drill e do grime, se tornando “a Bruta, a Braba, a Forte”. Hoje, Anna Ferreira já acumula mais de 2 milhões de ouvintes mensais no Spotify.

FOTO: Lucas Santos Sá

Recentemente, N.I.N.A não só cantou, mas também fez parte da produção executiva do cypher “Poetisas no Topo 3”, lançado pela Pineapple Storm. Para a rapper carioca, o projeto chegou às ruas num momento necessário, de acensão das minas na cena.

“É necessário porque a gente tem muita mulher talentosa na cena. E todas essas mulheres são atacadas por algum motivo, seja pelo corpo, seja pela rima ou pelo que canta. Sendo que na cena, a maior potência que a gente tem são as mulheres”, afirmou ela ao RAP Mais.

Para N.I.N.A, o momento atual do rap nacional mostra que as artistas femininas têm apresentado mais repertório dos que os homens. “O ‘Poetistas’ mostrou que a mulher, além de beleza e de estética, também tem lírica, entende? E é inegável.”

“Os homens rimam muito sobre o que o público almeja para a vida deles do que a própria vivência. E, hoje, a gente consegue dizer que as mulheres, elas tem muito mais caneta e muito mais métrica do que os homens”, acrescentou a artista.

No final de 2023, a rapper Ebony lançou uma diss para artistas masculinos da cena, através da música “Espero que entendam”. A faixa narra a falta de espaço para as minas, a seletividade do público e diversos problemas do machismo dentro do rap nacional.

N.I.N.A endossou as críticas. “Eu costumo dizer que não tem espaço pra mulher e, hoje, a gente está construindo a nossa própria cena. Os caras vão ter que reconhecer que existe uma cena muito mais consolidada que a deles, em breve.”

Apesar dos problemas estruturais da cena, N.I.N.A segue trabalhando firme. Em 2023, ela lançou seu disco disco, intitulado “Para Todos os Garotos que Já Mamei, que apresenta uma nova versão musical, usando as melodias como peça-chave da obra.

“Quando se fala sobre a Nina em si, eu não me enxergo só como uma MC. Eu me enxergo como cantora, como artista. Então, acho que hoje, quando eu consigo mostrar para as pessoas esse meu lado, eu acho que eu estou mostrando muito da Ana, além da Nina”, explica ela.

Para 2024, N.I.N.A já possui alguns projetos em andamento e está produzindo seu novo álbum há seis meses. Apesar dela não prometer uma data de lançamento, sua expectativa é lança-lo ainda neste anos.

“Eu tenho um outro projeto também que eu estou pensando com relação a refazer músicas antigas minhas, trazendo novas versões. Mas tudo está fluindo bem. Eu acho que esse ano ele está sendo do jeitinho que eu quero. Trabalho e trabalho”, finalizou.

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