Operação policial fecha serviços que inflavam dados de streaming no Brasil

Escrito por André Bernardo 02/08/2021 às 14:15

Foto: Divulgação

Alguns sites prometiam streaming artificiais para ajudar músicos a ter mais números.

Dezenas de sites que fraudavam plataformas de streaming musical e vendiam o serviço de inflar artificialmente o número de audições de músicas foram fechados após uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Essa foi a primeira vez no Brasil que a prática de “fake streams”, em que músicos compram “plays” para músicas, foi tipificada como crime e virou alvo de uma ação comandada pelo Núcleo de Investigações de Crimes Cibernéticos do MP-SP.

O número que aparece abaixo de um clipe no YouTube ou de uma faixa no Spotify é cada vez mais importante para os músicos. Impulsionar os “plays” na internet rende dinheiro e pode dar uma falsa impressão de sucesso, que leva a convites para shows e para outras mídias. As plataformas de streaming, como YouTube e Spotify, tentam, mas nem sempre conseguem pegar a fraude. O problema é tão sério que gerou uma ação mundial da indústria da música.

As plataformas de streaming, como YouTube e Spotify, tentam, mas nem sempre conseguem pegar a fraude. O problema é tão sério que gerou uma ação mundial da indústria da música. No Brasil, a tarefa ficou com a Associação Protetora dos Direitos Intelectuais e Fonográficos (Apdif), que abriu a queixa-crime no MP em dezembro de 2020.

O MP não divulgou o nome dos sites que foram fechados, nem de músicos que usaram estes serviços. A ação, chamada Operação Antidoping, ainda está em atividade, e não resolveu o problema: uma busca na internet mostra que ainda há vários sites oferecendo “fake streams” no Brasil.

“Embora as empresas tenham sede no Brasil, verificou-se que, em geral, o serviço de impulsionamento é executado no Leste Europeu, o que dificulta a identificação do seu operador primário”, diz ao G1 o promotor Lister Caldas Braga Filho, que participou do inquérito.

“Estou sempre buscando promover minhas músicas e achei esse site. Alguém conhece?”, pergunta um usuário no fórum oficial do Spotify, apontando para um dos serviços de inflar contagem. “Já usei e funcionou. Mas ouvi que eles usam robôs para gerar streams, mesmo dizendo que não”, responde outro. Um usuário que trabalha com marketing, então, conta: “Gerencio quase 60 contas no Spotify e já tive 6 deletadas [após o Spotify detectar plays ilegítimos]. Não usem”.

Ele explica que os serviços tentam verificar grandes alterações. Se você tem 200 plays e compra mais mil, o número quintuplicado de repente pode ser identificado. Outro músico se apavora: “Cometi um erro terrível e comprei mil plays, agora não consigo cancelar”.

 

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