Pais de Kathlen Romeu criticam lentidão de investigações para elucidar a morte da filha

Mesmo sabendo que o tiro veio da polícia, ainda não tem ninguém indiciado.

O pai e a mãe de Kathlen Romeu, jovem baleada há um ano no Complexo do Lins, zona norte do Rio de Janeiro, morta em junho de 2021 após ser alvo de um tiro que partiu da Polícia Militar no Rio de Janeiro, criticam a lentidão com que as investigações são conduzidas. Até aqui, o Ministério Público estadual não apresentou nenhuma denúncia à Justiça pelo homicídio “É doloroso e decepcionante. A quem interessa essa letargia, essa morosidade? É porque foi um agente do estado? Minha filha era honesta, correta, ia ser mãe. A arma que ela portava era um filho no ventre”, disse Jacklline Oliveira.

Luciano Santos, pai da jovem, afirmou que grande parte das provas foram obtidas por pessoas ligadas à Kathlen, e não pelos investigadores. Ele foi responsável por apresentar à Justiça um vídeo que mostra PMs fazendo alterações no local do homicídio. “Se eu não tenho culpa, qual a finalidade de fraudar a cena do crime?”, questionou.

Em dezembro, a Polícia Civil concluiu um inquérito em andamento e apontou que o tiro que matou Kathlen partiu da arma de um policial militar não identificado. Naquele mês, o MP-RJ denunciou à Auditoria da Justiça Militar cinco policiais militares por fraude processual e um deles por omissão, sob o entendimento de que antes da chegada da perícia, quatro agentes modificaram a cena do crime.

Em abril deste ano, depois que amigos e familiares fizeram um ato em frente ao Ministério Público, o órgão teria afirmado que daria resposta ainda naquele mês, o que também não se concretizou.

“A quem interessa essa lentidão? O que falta para resolver o caso da Kathlen? É porque ela era negra e da favela?”, questiona Oliveira. “Se fosse uma jovem [de classe média] da zona sul, primeiro que ela nem seria assassinada. Mas, se fosse, os responsáveis já estariam presos”, disse.

A mãe da jovem afirma que vai continuar lutando pela memória da filha. “Não vou me calar, não vou me cansar. Vou aonde eu puder ir até o último dia da minha vida”, diz ela. “Não por justiça. Ninguém vai fazer justiça por ela. Se o Estado fosse justo, ela estaria aqui do meu lado. É pela memória dela e para outras mães não chorarem o que eu estou chorando.”, falou.

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