Fye surgiu do subúrbio fluminense e se tornou um dos grandes jovens promissores do hip-hop brasileiro.
Direitamente do Corte 8, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), um talento se evidencia no cenário do rap nacional. Cantor, compositor e produtor musical, FyeBwoii, aos 19 anos de idade, vem mostrando toda a sua versatilidade para a cultura, com um estilo e sonoridade totalmente original e característico.
O artista deu início a trajetória em 2019, aos 14 anos, quando começar a produzir as próprias batidas. O RapMais foi até a casa de Fye no dia da gravação do videoclipe de seu próximo single, Dot, para saber mais detalhes da carreira dele.
O rapper e produtor não tinha pretensão em fazer música, mas começou produzindo outros MCs. Depois, no entanto, decidiu “arriscar” em cantar – despretensiosamente, a pedido de amigos.
“Eu tinha as coisas em casa, tá ligado?! Gravei no celular, passei pro PC, mixei e masterizei. Lancei o bagulho e geral da minha bolha curtiu, bateu mil plays em uma semana. Na época, no SoundCloud, bater mil tu tinha estourado. Aí, tipo, comecei assim e depois fui levando a sério, pegando uma experiência”, conta FyeBwoii.
O artista, então, passou a levar a carreira mais a sério durante a pandemia pela COVID-19. “Comecei a trampar, fiz uma mixtape me produzindo – ainda assim, me gravando no celular. Mas depois que ganhei o mic, foi até de um primo meu, o Thiago, que realmente passei a levar a sério”, revela.
“Aí fiz o EP, fiz o álbum… Gravei Dot [próximo single] aqui, tá ligado?! No começo eu não tinha total apoio assim da minha família, mas comecei por gostar mesmo. Depois que mostrei para os meus pais, apresentei, comecei a ter um apoio deles também, foi algo muito importante, principalmente o apoio dos meus primos”, explica.
A absorção dos primeiros números expressivos em suas músicas
Já em suas primeiras faixas, o jovem cantor, compositor e produtor conquistou 100 mil streams no SoundCloud. “Foi acontecendo naturalmente. A princípio, assim, nem eu tive essa dimensão. Claro que, pô, achava fod*. Acho que minha sexta música bateu 10k em dois meses, e isso é muito fod* agora que eu percebo”, reflete.
“Porque é um bagulho que é muito número, tá ligado?! Às vezes tudo é número e o normal é bater um milhão, e perde a noção de que são dez mil pessoas… É gente pra caralh*! Fui absorvendo isso com o tempo”, complementa.
Por que produzir?
Fye começou a avançar para os outros processos de produção visando chegar à estética que queria. “Como eu já fazia os beats, eu já produzia outra rapaziada. Então comecei a fazer os beats, aí pegava as vozes também, começava a estudar a mixagem…”, conta.
“Tipo, bem pouco mesmo. Eu usava Preset, mas eu que já produzia as paradas assim. Até quando eu comecei a gravar minhas paradas, comecei a mixar também, porque ficava do jeito que eu gosto”, pontua.
Dono do instrumental de Runner, um dos principais sucessos da carreira de VND e integrante do álbum Eu Também Sou um Anjo (2021), o artista enxerga a faixa com bastante orgulho.
“Essa conexão com o VND foi muito doida porque eu tinha postado o beat no YouTube. Na época eu ainda fazia beat, postava uns beats assim. Aí eu tava começando a produzir drill e comecei a postar os type beats do gênero com o nome dos artistas do Brasil”, começa ele.
“Se não me engano, usei LEALL x VND x outra pessoa. Aí, depois de uns dias, ele me seguiu, chamou na DM e falou: ‘caralh*, mano. Esse beat aqui é teu?’. Aí eu respondi ele… Pô, na época eu já era fã pra caralh*, nem acreditei”, comenta.
“Aí ele falou: ‘pô, me manda esse beat aí. Curti, canetei um bagulho’. Aí, depois de uns dias, ele mandou a guia de ‘Runner’. Já tava pronta, assim. Achei fod*stico. […] Quando saiu no disco eu fiquei felizão, porque eu nem sabia que estaria”, diz ainda.
Contratação pela Gigantes
Primeira aposta do selo Gigantes, de BK’, o rapper e produtor teve seu potencial admirado e inicialmente foi contatado apenas para participar da mixtape de estreia da label. “Doideira… Essa história é fod*. […] A conexão surgiu eu tinha acabado de lançar meu álbum, ‘Refugium’, e tem um parceiro que corta o cabelo no mesmo lugar que eu”, inicia.
“Ele já me conhecia assim e escutava as paradas, sempre estava me apresentando para DJs do morro, que sempre gostou e curtiu meu trampo, e teve um dia que ele simplesmente me chamou e falou: ‘mano, tem um contato aqui do irmão do produtor do BK’. Posso mandar teu disco pra ele? Ele vai escutar… Qualquer coisa assim, custa nada’”, parafraseia.
“Falei: ‘claro! Manda o bagulho’. Depois, acho que nem demorou muito, voltou e falou: ‘caralh*, mano. Os caras gostaram muito do teu bagulho’. Foi até o irmão do Diaz que falou essas paradas”, relembra.
O objeto inicial do contato foi a participação na mixtape Verão Criminoso. “A princípio, a conexão veio por ele [DJ Diaz], que a gente começou a trocar essa ideia de ter contato com a rapaziada da Gigantes e não tinha assunto de contrato, nada. Foi só realmente uma conexão”, destaca FyeBwoii.
“Depois, tive uma reunião com o Diaz, foi a primeira vez que a gente teve esse contato. A princípio, era pra participar da mixtape da Gigantes, que eles estavam conhecendo talentos novos, assim, e acabou que fluiu essa parada da mixtape”, conta.
“Primeira vez que eu vi o BK’ foi em Madureira, no Furdunço, A Festa dos Gigantes. E foi a primeira vez que curti um show do BK’. Tava com a minha mãe, com o meu padrasto, com a minha mina, na época, e foi muito fod*, uma experiência muito fod*, tava geral muito feliz”, revela o artista.
A mãe do rapper e produtor não conhecia a arte de BK’. No entanto, depois do show que assistiu na primeira edição do evento da gravadora, passou a escutá-lo constantemente, assim como os outros familiares e amigos.
A relação com BK’
“Quando tive essa conexão, nem acreditei. Porque quando lancei meu álbum, tava até comentando com os amigos que meu sonho era fazer um feat. com o BK’, só que eu pensava que só aconteceria daqui a alguns anos, quando eu melhorasse muito e chamasse a atenção dele”, relembra Fye.
O artista refletiu como o cenário mudou rapidamente. “Ia ter que evoluir muito ainda e ter muito chão. […] Tinha vários rappers e, pra mim, ele seria o último a me notar. E isso aconteceu muito rápido, é muito louco. Comecei a realmente ter outra dimensão, porque nem tinha sido contratado ainda, mas o cara já tava me colocando em show, me botou na Apoteose pra cantar com ele”, diz.
“Agora, tô saindo na turnê. Sempre ali botando minha cara, isso é muito foda, acho que poucos fazem isso. […] Tava comentando com uns amigos o tanto de evolução que tive de um ano pra cá, quando realmente comecei a ter contato com os caras, dei rolé, consegui conversar, trocar ideia mesmo, me passaram algumas visões. Percebi o quanto evoluí meu trabalho só por isso de estar ali perto e observando”, conta.
O segundo disco da carreira
FyeBwoii comenta ainda sobre a influência da Gigantes em seu próximo projeto. “O álbum já passou por várias paradas. A princípio, seria um deluxe do ‘Refúgium’, só que como falei, o contato com os caras, comecei a aprender outras coisas, então comecei a trabalhar em algo novo e tô chegando na fase final do álbum”, revela.
“Vai ter duas partes, já vou explanar aqui; a primeira já está praticamente pronta, 90%, tá só as burocracias mesmo de mixagem e essas paradas assim. […] Quero conseguir passar um sentimento de pra ser realmente um exemplo pros menores daqui, de que é real, é possível”, ressalta.
Apesa de também se ver nessa fase atualmente, o rapper e produtor diz deseja expor sua busca. “Ainda tô nesse processo, mas só do que venho conquistando e percebendo é um bagulho muito fod*, e quero usar isso pra passar a visão pros crias daqui, meus primos, levar eles juntos comigo, fazer essa parada acontecer, levar o nome da área”, completa.
“O clipe de ‘Dot’ é um bagulho que eu falo da área, e ter gravado aqui é muito fod*, que meu sonho sempre foi gravar um clipe aqui, ainda mais estando com os crias, mostrando os primos, a família toda… Geral apoiando, vendo o bagulho acontecendo”, cita animado.
Fye, então, anuncia o título do novo álbum e detalha o conceito. “E realmente o bagulho é possível e tem muito mais ainda que a gente vai conquistar. Então é isso, estamos nesse corre. O disco fala disso, de estar realmente… O nome do disco vai ser ‘Longe de Casa’, já explanar aqui”, revela.
“E é realmente o que eu quis passar, essa vivência de estar longe de casa, realmente fazendo a parada acontecer fora da minha bolha, estar em outros estados e não só disso físico, mas uma questão de realmente eu estar saindo da minha zona de conforto, não só na visão artística […]”, conclui.
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