A relação de Tupac Shakur com o movimento pelos Direitos Civis

Escrito por Andressa Vasconcelos 13/03/2018 às 23:27

Foto: Divulgação

O que muitos sabem é que Tupac Shakur é considerado hoje um dos melhores rappers de todos os tempos, porém poucos tem conhecimento da sua importância para o movimento negro mundial.

Filho de Afeni Shakur, ex participante do Partido dos Panteras Negras, viveu a pós-luta dos direitos civis, tendo reflexos aparentes não só em suas músicas, como também em sua vida pessoal.

O contato de Tupac com a militância negra começou antes mesmo de seu nascimento, quando Afeni Shakur foi presa em 1971, então grávida de Tupac, por reter informação do grupo “Pantera 21”. Enquanto estava na prisão, Afeni defendeu o direito a uma alimentação adequada a sua gestação, além de ter sido sua própria advogada no tribunal. Tupac nasceu apenas um mês após a libertação de Afeni Shakur e outros 21 panteras negras, também presos. Após o nascimento de Tupac Amaru Shakur, Afeni casou-se com Mutulu Shakur.

Mutulu Shakur, de quem Tupac herdou o sobrenome, apesar de não ser seu pai biológico, foi um dos principais responsáveis pela formação da sua masculinidade e intelectualidade. Mutulu também era militante e lutou pelos direitos civis dos negros americanos, tendo sua principal função na área de saúde, de 1960 a 1980.

Mutulu foi co-fundador da Republic Of New Afrika e de duas instituições de melhorias da saúde da população negra dos EUA. Participou da New Afrikan Independence desde os 16 anos e, como participante desse movimento, foi vítima do programa de contra-espionagem (COINTELPRO), que foi usado pelo FBI para destruir revolucionários nos anos 60.

Em 1970, Mutulu foi instrutor de educação política pelo programa Lincoln Detox (desintoxicação), no entanto Mutulu obteve evolução e incluiu aconselhamento e tratamento de sintomas de abstinência com acupuntura. Em 1976, Mutulu obteve o certificado para praticar acupuntura no estado da Califórnia.

Mutulu Shakur, porém, entrou para a lista dos dez mais procurados pelo FBI, em 1982, suspeito de ajudar sua irmã, Assata Shakur, a fugir da prisão. Assata estava presa desde 1973, acusada de matar um policial. Mutulu foi preso em 1986, acusado de assaltar um carro forte.

Durante a escola, Tupac Shakur teve contato com a arte, cursando ballet, jazz, teatro e tendo contato com o rap. Tupac começou então, em 1989, a frequentar as aulas de Leila Steinberg, que se tornaria sua empresária. Foi nesse mesmo ano que Leila organizou um show da ex-banda de Pac, Strictly Dope, que o fez assinar contrato com Atron Gregory. Posteriormente, por causa de uma briga com sua mãe, Pac foi morar em Oakland.

Em 1992, após a criação do “Código Thug Life“, que continha 26 mandamentos quais as gangues deveriam seguir, Tupac reuniu membros das gangues rivais Crips e Bloods para assinar o código. O evento ficou conhecido como Truc Picnic. O código Thug Life foi escrito por Tupac Shakur, com ajuda de seu pai, Mutulu Shakur.

“Ele não deixou seu ideal para trás — ele evoluiu. Tupac fala sobre Thug Life porque ele passou pela vida dos Panteras, ele passou a vida revolucionária. Ele sofreu através da resistência da vida e a rebelião contra o sistema que ele sentiu e tinha visto sua família sendo assassinada, seus tios e tia destruídos. Eu estava na lista dos dez mais procurados. Então ele queria se rebelar, e ele queria colocar essa rebelião em algum tipo de conteúdo. Então, sim, ele chegou ao termo Thug Life. Ele apoiou todos os *OGs do mundo das drogas… Eles foram os que nos sentamos para ajudar a formular o código Thug. Então, a Supreme Team se envolveu, e os irmãos em Harlem — Black Jack e de todas essas pessoas foram todos envolvidos inicialmente, antes que ficassem loucos — para ajudar a formular o código do Thug Life.” – Contou Mutulu Shakur para a XXL Magazine

A Thug Life diminuiu drasticamente a violência nos guetos dos EUA, o que causou um incômodo violento na polícia e no governo americano. O que posteriormente, após o assassinato de Tupac, fez as suspeitas sobre a morte de Tupac se tornarem um verdadeiro enigma.

Portanto a importância do rapper é inquestionável, desde as suas músicas, até a criação da Thug Life. O legado de Tupac nunca morrerá, tanto para os amantes da música e do hip hop, quanto para os militantes negros mundiais, quais reverenciam, não só seus feitos, mas também o feito de toda a sua família, que também tem uma importância inquestionável apesar de pouco conhecido pelos fãs de Tupac enquanto rapper.

 

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