‘São dois remixes e cinco inéditas que escrevi em um dia’, revela Coruja BC1 em entrevista exclusiva sobre novo EP ‘Antes do Álbum’

Escrito por André Bernardo 14/05/2020 às 12:00

Foto: Divulgação

Na última quarta-feira (13), Coruja BC1 apresentou para o público o seu EP “Antes do Álbum”. Com 7 faixas, ele varia entre som de amor, protesto e mostra toda sua maturidade musical, além da evolução pessoal. O rapper contou com a participação de vozes como do Cazz e da Késia Estácio. Em entrevista exclusiva para o Rap Mais ele conta tudo sobre o EP e outros temas que aborda diariamente na sua vida. Confira!

– Qual foi o conceito que você quis trazer para este EP? Qual a mensagem que você quer levar para o público?

Esse é um EP que fala de afetividade, estruturas e vivências. Um apanhado de situações do ano de 2020 sendo 2 remixes e 5 inéditas que escrevi em um dia. Me senti livre pra criar algo mais intimista, então, mais uma vez a música me proporcionou um amparo em um momento tão difícil como o que estamos vivendo.

– Como foi o processo criativo para planejar o EP, fazer os convites prós feats e finalizar o trabalho? E quanto tempo durou?

Eu virei e falei “Juliano (meu irmão de vida) vou escrever um EP hoje pra gravarmos durante a semana e mixarmos na outra. Ele me disse “em um dia ?” Eu disse que sim, e então ele me ajudou escolher o time de produtores e as participações. Foi o trabalho mais rápido da minha carreira. Embora foi um dos mais difíceis pelas dificuldades do período que estamos vivendo.

– O que foi determinante para escolher a Késia e o Cazz? As vozes junto com seus versos casaram bem, fora os Beats que se encaixaram perfeitamente com tudo. Foi nisso que você planejou?

Os dois tem vozes que eu amo de timbres lindos. O Cazz tinha que ser ele para duas pelas notas que ele alcança, Na João e Maria ele faz praticamente um coral, pois são 6 vozes no refrão ao todo. A Késia e eu temos uma parceria musical forte, gosto de trabalhar com ela e ‘Som de Fazer Pivete’ necessitava de um toque feminino no refrão, e uns Melissa nos versos, e ela foi a primeira pessoa que pensei em chamar.

– Em quase 24 minutos você passeia desde o love song até uma rima de protesto. Como você conciliar e dosa isso, e qual a dificuldade para não se perder durante essa “virada de chave” em tão pouco tempo, já que são 7 músicas?

Eu vou por partes. As 3 primeiras um ciclo de afetividade e se encerram quando ‘João e Maria fazem a passagem’. ‘VIP’ e ‘Modo F 2.0’ mostro a raiva, e ‘Antes do Álbum’ venho com toda maturidade e gratidão. No começo não pensei em amarrar as faixas como fiz em ‘Psicodleic’ e farei em ‘Brasil Futurista’, mas quando vi já tava fazendo naturalmente.

– A parte visual do EP também está bem irada e forte. Qual a importância que você leva para esta parte no trabalho?

Sou apaixonado por HQs. Me amarro no trabalho do Della Torres, então achei que era a chance de trazer ele pra dentro do trampo. Quis o personagem do Coruja BC1 como um herói com referências de Super Choque e The Boondocks. Pretendo lançar uma HQ do personagem ainda, conversei com a Ale Santos sobre um possibilidade de roteirizar, enfim; mas é planos futuros.

– Fazer rap no Brasil, apesar de estar melhorando, sempre foi difícil. Como você faz pra se reinventar cada vez mais para não ser o mesmo de sempre?

Eu me afasto do senso comum ou da padronização fonográfica do mercado, e crio a partir da necessidade e anseios da alma, entende? Meus trabalhos nunca serão iguais, e essa é minha marca enquanto músico e artista.

– Em VIP (na minha opinião) é onde você solta mais fúria na caneta. O que você pensa do momento atual do país com toda essa conjuntura do atual presidente, o Coronavírus e toda a desigualdade que existe?

Estamos no pior momento global, com a pior liderança possível. O Brasil por si só é uma terra construída sobre sangue de inocentes nativos e africanos, uma invasão por caprichos da elite portuguesa, e essa maldição reflete até hoje. O que Bolsonaro faz é tentar manter o privilégio do ricos, fodendo o restante da população. Ele é a Antonieta Tropical. Os atos tomado para com a pandemia, os escândalos envolvendo sua família e milicianos e o atestado de culpa ao tentar interferir na PF faz de Bolsonaro criminoso, e quem apoia o seu governo racista, genocida, e fascista é cúmplice!

– O que o Coruja de um ano atrás, o Coruja de “Psicodelic” mudou para o Coruja de agora? Seja evolução no trabalho ou ou no pessoal?

Eu não tenho mais inseguranças, me sinto mais confortável pra me arriscar musicalmente e acho que estou mais maduro enquanto pessoa.

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