Seu Jorge comenta sobre dificuldades que enfrentou após sair de casa para viver de música

Seu Jorge afirmou que passou por ‘condições de rua’.

Apesar de ter se estabelecido como um dos principais nomes da música brasileira com o passar do tempo, Seu Jorge passou por diversas dificuldades para chegar onde está. Em sua recente participação no Podpah, o artista comentou sobre o que teve que enfrentar para viver de seu sonho.

“Em 1990, decido não trabalhar de carteira assinada, e isso foi um problema. Porque pra minha turma lá, que meus tios, meu pai, são tudo de 30, né; 1930, 29. E a gente via um negócio difícil, sou filho de pais retintos que também são filhos de pais retintos”, contextualizou ele.

Na sequência, o cantor de 53 anos de idade ressaltou sua origem racial. “A gente veio de um lugar de negritude retinta. Muito tempo depois, meu tio, meu pai; pediram perdão. Falei: ‘não tem sentido’, porque a gente não aprendeu a sonhar. Sonhador, para a gente, era perdedor, perda de tempo”, contou.

seu jorge podpah
Foto: Reprodução/Instagram

“E aí você chega lá, brinca com a gente e vai no teu sonho, faz isso tudo com dignidade, sem desabonar, sem tocar o telefone; porque estavámos esperando o telefone tocar: ‘ó, tá preso’, porque eu estava vivendo em condições de rua para fazer isso”, revelou.

O também ator e multi-instrumentista carioca era desacreditado ao relatar o que ficava fazendo, com as pessoas ao seu redor achando que estava mentindo e se envolvendo com ‘gente errada’. Com o passar dos anos, foi percebendo que seu sonho estava estagnado, até que teve um relevante encontro com sua família.

“Foi engraçado porque fui visitar, às vezes passava na casa do meu tio para lavar roupa, almoçar e tal. Aí, num dia desses, tinha os tios, amigos da família e eu levei o violão. Enquanto o negócio estava secando – e era no varal, não era na máquina; tudo lavado na mão -, peguei o violão, comecei afinar e tal”, pontuou.

Em seguida, Seu Jorge recebeu um pedido de sua tia. “Uma das minhas tias que já faleceu, pegou e falou assim: ‘toca um negócio aí, Jorge Mário’. Aí toquei um negócio. Meu pai tava do meu lado, olhou e sacou que tinha um negócio ali”, ressaltou.

“Ele falou: ‘pô, cara, olha só. Tu tem um negócio legal, uma voz legal, mas por que você não trabalha de dia e toca à noite, já faz o seu hobbie?’. Falei: ‘não, você não entendeu. Se eu não fizer cem por cento do meu tempo disso, não vou chegar onde quero chegar”, explicou.

Diante disso, seu pai questionou a situação de vida. “Aí ele vira pra mim e fala: ‘cara, você não tem dinheiro pra nada, está aí de qualquer jeito. Uma hora na casa de um, outra hora na casa de outro, outra hora não está em casa nenhuma'”, disse, com o músico respondendo que, até mesmo por isso, também não tinha despesas.

“Falei: ‘mas não tenho dívida. Não tenho casa, mas não tenho aluguel pra pagar; não tenho namorada, mas também não tenho despesas. Só tenho meu violão”, destacou.

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