Yannick Hara homenageia filme ‘Blade Runner’ em novo single “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas”

Yannick faz referencia direta ao livro de Philip K.Dick que deu origem ao filme.

Los Angeles, 2019 e São Paulo, 2019: a primeira, o cenário de um filme de ficção científica de 1982. Já a segunda, um futuro-presente que pertence a realidade de muitos brasileiros. São Paulo é, sem dúvidas, uma cidade cyberpunk onde drones são utilizados para fins policiais ao passo que mais de 2 milhões de pessoas vivem na dependência de uma droga criada há quase quarenta anos. A baixa tecnologia e a alta qualidade de vida é um resumo fatídico dos dias atuais e serve de substância para a nova música de Yannick Hara.

A terceira faixa do disco “O Caçador de Androides” que estreia nesta sexta-feira (5) e conta com as participações de Moah da banda Lumière, Rike do NDK e a dupla Keops & Raony é uma referência direta ao livro de Philip K.Dick “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?” que também deu origem a saga de filmes Blade Runner (1982) de Ridley Scott e de Blade Runner 2049 (2017) do diretor Denis Villeneuve. O disco que tem o lançamento marcado para novembro faz um paralelo entre o universo do livro e dos filmes com assuntos como o cenário político brasileiro, a escravidão tecnológica, a libertação animal, a vida e a morte.

No romance de Philip K.Dick, o mundo distópico surgiu por meio de uma “explosão/ a poeira” comandada pela Guerra Mundial Terminus. O autor resume como uma terra de ninguém onde ninguém lembrava o motivo da guerra ou o que ou quem havia vencido. Yannick Hara explora aqui o abismo onde se compreende o fim e o começo de um processo civilizatório. Na história, a estranha morte das corujas que caíram dos céus marca o início do falecimento do velho mundo. Esses animais que apareciam somente após o crepúsculo não tiveram o seu desaparecimento inicialmente notado. Assim, o disco se apropria de uma forte narrativa política e se agarra na metáfora da coruja que enxerga na escuridão enquanto os outros animais dormem. Entretanto, a coruja também carrega o agouro da morte na cultura romana: um símbolo sobre o definhamento intelectual da nossa sociedade, onde o pensamento crítico dá lugar a figura do fascistóide que “cunham nossas orelhas com falsas métricas”.

O livro coloca a mídia como o braço de um estado fascista ao mesmo tempo em que ajuda a preencher o silêncio dos lares. Há a personificação do infotenimento sensacionalista simbolizada pelo programa Buster Gente Fina e seus Amigos Gente Boa. O apresentador escarnico nem existe de verdade, no entanto, apela para uma fala “higienista, alienada, manipulada” conforme pontua a letra da música. O “ismo”, sufixo utilizado para determinar um sistema político, religião ou crença parte de um holograma como são os telejornais e as novelas. Nesse mar das certezas midiáticas algo rompe com o entendimento sobre nós mesmos: os replicantes que matam seus patrões e fogem de uma vida de exploração.

Afinal, androides também sonham? Ouça abaixo o novo single de Yannick Hara e siga o artista nas redes sociais para não perder anda sobre seu novo álbum.

 

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