Black Alien, o herói que não morreu de overdose

Escrito por Fellipe Santos 22/05/2019 às 18:06

Foto: Divulgação

Registrado como Gustavo, apelidado de Gus, Bulletproof na época do Speedfreaks, virou Mr Niterói ou simplesmente Black Alien. Após 4 anos de ausência no meio musical e, erradamente, esquecido por uns, Black Alien volta a produzir um álbum autoral. Há quem diga que quem é rei, nunca perde a majestade… parece que Gustavo é mais um exemplo que corrobora para esse ditado manter-se na sociedade. Antes de introduzirmos uma análise aprofundada sobre seu mais novo trabalho, é necessário fazer algumas ressalvas. Não podemos olhar para “Abaixo de zero: Hello Hell”, como mais uma mera produção artística de um cantor com absurdo potencial e talento.

Seu álbum é muito mais que um retorno em grande estilo. A mensagem que está sendo transmitida é de uma riqueza profunda e de extrema importância para a nova geração que está tomando conta do cenário atual. Black Alien, considerado por muitos como um dos maiores nomes do rap, junto com Mano Brown, representa a superação de um homem que conheceu os dois lados da fama. Foi colocado rapidamente no céu e com a mesma velocidade e crueldade teve que lidar com o caminho da sombra, o qual ele mesmo trilhou. Um talento genial que por pouco não foi-se desperdiçado por conta de seus vícios ao álcool e as drogas.
Alien, em seu retorno, não está falando somente para os seguidores de RAP e adoradores de sua obra. Gustavo representa muitas pessoas e serve de inspiração para aqueles que passam por esse mesmo processo de dependência, vicio e com muita determinação, consegue lutar, dia após dia contra os seus próprios demônios. Olhar para a sua fisionomia e conseguir enxergar novamente o brilho em seu olhar, a serenidade em sua fala e o controle sobre toda a situação, foi o melhor verso já feito por este gênio musical. Dessa vez não! Dessa vez o nosso herói não morreu de overdose. Ele está vivo e faminto, não para recuperar o tempo perdido, mas para desfrutar do tempo que lhe é presenteado novamente.

O nome de seu álbum “Abaixo de zero: Hello Hell”, faz menção a um livro que veio a tornar-se uma grande obra cinematográfica. Less than Zero ou Abaixo de Zero, foi um filme que em seu enredo, tinha-se três amigos como personagens principais que se encontram novamente após a graduação. Esta obra reflete bem a década de 80 norte-americana, uma vez que a vida que levavam era de completo desprendimento ao próprio corpo, a saúde e a sua segurança. Viviam de forma intensa e sem pensar nas consequências que a rotina de álcool, sexo e drogas poderia ocasionar.

Assim, não foi por coincidência, que Gus escolheu esse nome para seu álbum, afinal ele reflete justamente a rotina que ele viveu durantes os anos de Speedfreaks e Planet Hemp, os quais acabaram culminando em sua dependência química. Dialogando diretamente com as maldades do mundo e dizendo olá para o inferno, foi assim que conduziu muitos anos de sua carreira. Assim, de forma nua, crua, objetiva e direta, Black em 9 faixas canta e narra histórias que viveu, o passado que deixou para trás, suas frustrações, mas principalmente a vontade de se reconstruir novamente.

. ÁREA 51

Esse é o retorno do cretino
Dos clássicos, hits, hinos e o bolso cheio de pino
Vai vendo, só veneno na visão de zoom
Bebendo cachaça no bar da Área 51

Black inicia a primeira faixa de seu álbum com a música “Área 51”, nome inspirado na antiga base militar norte americana que é rodeada de segredos e teorias conspiracionistas. Assim, a música inicia-se logo em seus primeiros versos, com o anúncio da volta do príncipe maldito. A forma que ele descreve seu retorno, faz menção justamente as características que lhe eram atribuídos a sua imagem do passado, explicitando o ser contraditório e dificilmente decifrável que ele é: Um cretino que consegue compor clássicos, hits, músicas que por conta de sua profundidade tornam-se verdadeiros hinos. Entretanto, o mesmo cara que consegue transformar a sua genialidade em arte, é o que carrega consigo seu vício a cocaína e ao álcool, ficando em evidencia as suas fraquezas.

A costela quebrada me avisa quando eu respiro
A favela e a quebrada te avisam quando me inspiro
Tiro do fundo do peito, dropo com muito respeito
A frase que muda a escolha de alguém no parapeito
Foda-se o inferno de Dante, eu não quero é o de antes
É sangue, suor e lágrima, ou mais inferno adiante

Assim, Gustavo vai desenvolvendo sua música contando sobre a rotina que lhe era comum, porém que está destinado a modificar. Nessa perspectiva, percebe-se que esse verso é bastante sintomático desse objetivo estabelecido. Ele sabe muito bem a representatividade que tem para milhares de jovens, adultos, mulheres, homens e principalmente para aqueles que encontram-se em situações semelhantes a sua. Dessa forma, ele afirma que a composição de suas frases são muito mais do que versos que rimam, mas sim declarações que podem conseguir salvar vidas destinadas ao suicídio, o qual ele metaforicamente faz referência ao “parapeito”. Suas letras possuem a capacidade de mudar a escolha de alguém que está caminhando para o seu próprio fim. Assim, ele não quer de jeito nenhum voltar a viver o inferno que viva anteriormente e para isso será necessário muita luta, sangue, suor e lágrima. Caso contrário, terá mais inferno adiante.

. CARTA PRA AMY

Mostre-me um homem são e eu o curarei
You running and you running and you running away
(Você está correndo e correndo e fugindo)
Não posso correr de mim mesmo, eu sei
Nunca mais é tempo demais
Baby, o tempo é rei
Em febre constante e o dom da cura
Nem mais um instante sem o som e a fúria

Segunda faixa recebeu o nome como forma de homenagem a Amy Winehouse, cantora que Black Alien já confessou ser um admirador. Entretanto, analisando de forma mais profunda, não foi só mais uma forma de homenagem simples, mas também como um aviso para ele mesmo do destino que poderia trilhar caso continuasse com aquele estilo de vida. Assim, a primeira linha desse verso faz menção a uma máxima famosa trabalhada pelo psiquiatra suíço Carl Jung, o qual quer dizer sobre a impossibilidade de existir uma pessoa que não tenha que lidar com seus conflitos internos no processo de busca de auto-conhecimento. Assim, Black Alien não pode correr de si mesmo, não pode fugir daquilo que está internamente em sua personalidade. A única forma dele superar os seus medos e inseguranças é admitindo suas falhas, enfrentando de frente os pesadelos que ele mesmo criou. Nesta perspectiva, em muitos encontros de dependentes, trabalha-se com o entendimento de uma evolução gradual, passo a passo, degrau por degrau. Afinal, nunca mais é tempo demais, tem que se viver o hoje. O dom da cura para esse mal está presente em sua maior diversão que é fazer música, por isso ele não quer ficar nem mais um instante longe do som e da fúria extravasada em suas melodias.

Se um dia a coragem foi líquida, agora ela é sólida, irmão
Tenho não só que lidar com a vida
Lido com ela sem pó e sem dó, então
Sozinho, eu tô em má companhia, tá ligado?

Em vários depoimentos, Alien confessou que após sair da clínica de reabilitação, uma das etapas mais difíceis de ser superada, foi voltar a escrever, compor e cantar sem o uso de qualquer substancia, completamente de cara limpa. Até mesmo porque ele criou internamente o pensamento de que precisava beber ou cheirar para ter coragem de subir no palco e inspiração para escrever suas letras, entretanto hoje em dia isso não condiz mais com a sua nova forma de viver. A compreensão de que ele não é refém de nenhum tipo de aditivo para produzir ou viver melhor, é de extrema importância nesse processo diário. Uma vez que pensamentos ruins sempre irão rondar a sua cabeça, por isso afirma que sozinho, ele se encontra em má companhia. Afinal, ele é o seu próprio inimigo, é uma luta interna que tem que ser enfrentada.

. VAI BABY

Quero mais e melhores blues
Com água sob os pés; sobre a cabeça, céus azuis
Mais e melhores jazz, mais e melhores Gus
Só de tá na busca, eu tô além do que eu supus
Pois ser um ser humano melhor, com brilho no olhar

Black Alien nessa faixa trabalha com melodia, flow e swing únicos que caracterizam a sua identidade musical. Vai baby tem como versos principais uma melodia sensual e provocativa, instigando aos ouvintes a naturalmente esboçarem passos e danças. Nesse verso destacado, o qual é o de abertura dessa canção, retrata de forma interessante os seus desejos e ambições interiorizadas. Percebe-se por meio da descrição, que ele está relatando um cenário de um ambiente de natureza, com água nos pés e sobre a cabeça apenas um mar de céu azul, refletindo a sua liberdade e um horizonte de possibilidades que se abre para essa sua nova fase. Percebe-se a leveza em sua voz, simplesmente por ter iniciado essa busca de auto-afirmação, a fim de se transformar em um ser humano melhor, longe da podridão que estava tomando conta de seu espirito e atrapalhando todas as suas relações. Nessa perspectiva, sente-se livre para ter amores, desejos, sonhos, relacionamentos e viver novamente de forma plena com seu brilho no olhar, inerente ao orgulho que sente de poder estar conseguindo passar por essa batalha.

. QUE NEM O MEU CACHORRO

“Black Alien já vai tarde, já passou o seu momento.”
Significa que o cidadão não tem conhecimento
(Grrrr! Woof!) Da força, da fé, da febre e da fibra
Nessas portas meto o pé, enquanto a galera vibra

A quarta faixa desse álbum “Que nem o meu cachorro”, recebeu este título muito provavelmente por causa de mais uma dentre várias analogias levantadas em suas canções. O consumo da cocaína acaba provocando sangramento e secreções nasais, por isso ele afirma estar “que nem um cachorro, suando só no focinho”, ou seja, justamente fazendo essa associação entre as umidades nasais do homem e do animal. Esse verso inicial, é extremamente forte se você for analisa-lo como reflexo do pensamento descrente que cercava o Gus. Black Alien durante muito tempo foi esquecido por muitos, desvalorizado e teve a sua importância pro cenário musical desqualificada. O cidadão que afirma que o seu momento já passou, realmente não tem o mínimo de conhecimento da genialidade entoada em suas estrofes, além do mais não se tem dimensão da força, fé, febre, fibra, raiva, determinação, resiliência que teve para conseguir se recuperar e chegar novamente metendo o pé na porta da forma mais elegante possível.

Sem disposição, não fico sem disposição
Fica no meio do caminho entre eu e eu rico
Ambos são ambição, e ninguém sabe quem são
E nós somos a canção que vem da zona de conflito
Pois a zona de conflito é minha zona de conforto
E a estrada pro inferno se desce de ponto-morto
Então, parou com a zona!

Se vem baseado no passado, só há um resultado:
‘Cê vai se foder
Porque eu sou o agora, eu sou o agora

Ele voltou para o cenário do RAP faminto e com a disposição que muitas vezes faltou em suas apresentações, no momento que tentava controlar a vida completamente desregrada e alucinada com a potencial carreira que estava trilhando. Por esse motivo a ambição e a força de vontade, são elementos muito presentes em seu novo álbum. De forma mais madura, consciente e equilibrada, ele retornou para tirar todos da comodidade presente na zona de conforto e provoca-los a brigar contra si mesmos, lutar contra o sistema que oprime a sociedade. Mas, também contra os seus inimigos internos, afinal quando você está nessa batalha destinado a um progresso pessoal, você automaticamente sai do conforto da zona e entra no conflito inerente a esses questionamentos. A estrada pro inferno ele já conhece muito bem, vivenciou todo o processo de auto destruição e resolveu dar um fim com a bagunça que estava tomando conta de sua vida. O controle sobre a situação está novamente em suas mãos e claramente ele está destinado a seguir os passos da fênix e renascer das cinzas, mais forte, mais poderoso e mais corajoso! O pesadelo e confusão interna que passou dentro da clínica de reabilitação é algo particular e que foi necessário para o seu aprendizado. Porém, na vida se vive o hoje! Se vive o agora!

. TAKE TEN

Hoje cedo, no Muay Thai de manhã
Outros tempos, só Deus sabe onde ia tá de manhã
O cara vai ter pra adiantar de manhã
Praticava o caratê de rá-tá-tá de manhã
Meu fígado não concordou com meu estilo de vida
Meu cérebro acordou, tirou meu bloco da avenida
Um-nove-nove-três, primeiro rapper da cidade
Dois mil e dezenove, poucos rappers dessa idade

Take ten é a quinta faixa desse disco e recebeu esse nome como forma de agradecimento a influência do jazz na identidade musical do Black Alien, assim, artistas clássicos como John Coltrane fomentaram Gustavo nessa sonoridade única expressa em suas músicas. Desse modo, percebe-se que o símbolo desse novo momento vivenciado, está presente na modificação de hábitos, se antes ele passava a noite nas farras que duravam até a manhã seguinte. Hoje em dia, acorda cedo para praticar o seu sagrado treino de Muay Thai quatro vezes por semana. Assim a regularidade e a determinação, tão exigidas em um esporte desgastante como o Muay Thai, refletem no seu dia a dia. Desse modo, se em 1993 o então sonhador Black Alien subia nos palcos e começava a divulgar o seu nome para a cena do RAP carioca que estava em formação, na atualidade ele é um dos poucos ainda que estão na ativa, produzindo novos discos e novos trabalhos solos. Evidenciando, desse modo, a grandiosidade desse seu novo trabalho, o qual talvez nem mesmo o Black Alien tenha dimensão real de toda a expressividade que se tem por trás desse feito.

. AU REVOIR

O amor mais verdadeiro que eu vou ter nesse mundo
É o amor próprio
Não tem como saber sem ir
Aonde a gente vai chegar, baby
Au revoir, agora eu vou voar e
Não tem como saber sem ir
Aonde a gente vai chegar
Au revoir

Au Revoir que em português significa adeus, carrega consigo mais uma vez letras doces, provocantes e que estimulam a quem escuta a relaxar de uma forma bem profunda. A suavidade em seu beat acompanhado da mansidão da voz de Alien, consegue proporcionar uma fugacidade da realidade e te leva a um plano imaginário. Interessante que mesmo em uma canção com uma pegada mais amorosa, consegue-se trabalhar questões pertinentes ao objeto de tese principal do álbum, que é a luta para desgarra-se do passado e manter-se constante na sobriedade. Desse modo, por isso é explicitado em um dos versos que o melhor amor que pode-se ter nesse mundo é o amor próprio, uma vez que quando você perde o valor do seu próprio corpo, acaba-se comportando de forma altamente prejudicial a si mesmo. Assim, é necessário, em primeiro lugar, ter zelo e respeito por você mesmo, pelas pessoas que te amam e pela pessoa que você é. Consequentemente, o que estará reservado posteriormente é uma incógnita e a única forma de descobrir, é indo. Retirando-se das algemas que te prendem a uma situação já passada e dando adeus para tudo aquilo que trava o seu crescimento.

. ANIVERSÁRIO DE SOBRIEDADE

Vish! Meu cumpade, que fase
Me olho no espelho — mas, Gustavo, o que fazes?
Cadê as letras? Esqueceu da caneta?
Fica só cheirando em cima do CD de bases

Mete a venta e não produz; bye, bye, Gus!
Babylon by Trevas, Volume Zero: Sem Luz

Aniversário de sobriedade, na minha opinião, é a melhor faixa de todo o álbum. A forma com que Black Alien se coloca como um narrador-personagem e utilizando de tons provocativos para dar a voz aos seus pensamentos internos, é sem sombra de dúvidas obra de um músico excepcional. Essa música é um diálogo dele com o seu subconsciente, que foi-se aprisionando dentro do presídio que ele mesmo criou. O seu maior inimigo é você mesmo, assim como o seu melhor amigo também e ele consegue trabalhar de forma sarcástica essa dualidade interna, aonde ele se olha no espelho e chega ao ponto de não se reconhecer. Parou de produzir, não consegue mais escrever, o CD de bases que era a materialização viva de sua arte, serve agora de apoio para inalar o seu próprio veneno. A expressividade dessas cenas é algo extremamente sintomático, haja vista que a música discorre em torno do seu pior momento. A fase do abandono, da solidão, do desespero que ia dando nele mesmo ao ver que estava cavando a sua própria cova.

É um crime jogar meu tempo fora, aqui, suando creme
Jogo tudo fora ou me jogo da pedra do Leme
Falando assim, você quase me assusta
Falando assim, assim falou Zaratustra
Falando assim, não tem como escutar nada
Então, qual é a da parada, quem me busca na Augusta?

Entretanto, no segundo momento narrado na música, abre-se espaço para a contraposição do que se foi abordado anteriormente. Se ele estava passando por esse momento de auto estranhamento e inércia quanto isso, agora trabalha-se em uma perspectiva ativa. Ele tem a consciência de que é um crime a forma que está vivendo, desperdiçando tempo e talento com coisas que só servem para silencia-lo. Por isso, chega ao extremo de trabalhar com duas possibilidades, a de jogar tudo fora que está lhe fazendo mal ou assumir a derrota e se matar como forma de tentar exterminar o mal que ele não conseguiu controlar. É interessante a associação que ele faz, introduzindo a referência filosófica do complexo de Nietzsche com a situação de transição pela qual ele está passando. “Assim falou Zaratustra” é um livro produzido no século XIX e que introduz o pensamento de Nietzsche que enxerga o ser humano como produto intermediário, antecessor ao macaco e ponte para o que viria ser interpretado como o super-homem de Nietzsche. De modo análogo, Black estaria também passando por essa fase transicional.

. JAMAIS SERÃO

Eu bebo jazz, blues, soul, reggae, funk, rock ‘n’ roll
Respiro hardcore, punk, o flow do Speed, speed flows

Só se fala groselha
Meu silêncio é caridade
Se eu for agir na velha, hmm
O que eu penso de verdade é
Presidentes são temporários, baby
Meu despertar, temporão
Música boa é pra sempre
E esses otários jamais serão

A oitava faixa de “Hell Hero” é uma bela resposta a todos que tentam subestima-lo, ignorando a importância do seu passado histórico pro RAP e criticando, de certa forma, a atual conjuntura social que anda passando por um momento conturbado. Inicia explicitando as mais diversas influencias que ele possui e as diversas fontes das quais bebeu. Por isso as suas músicas transmitem uma riqueza e diversidade cultural tão grande. Além disso, faz menção ao seu grande parceiro musical Speedfreaks que foi assassinado em 2010. Desse modo, quando ele diz que na atualidade só se fala groselha, está falando justamente sobre as pessoas que muitas vezes, discorrem sobre alguns assuntos de forma completamente banalizada e sem qualquer tipo de conhecimento aprofundado. Por fim, compreende que o seu processo de renascimento está vindo em um momento inesperado, pegando aqueles mais desatentos de surpresa. Enquanto ele possui músicas eternizadas e sua obra é vista como atemporal, em virtude da riqueza envolvida. As figuras políticas, por mais ameaçadoras que sejam, possuem um prazo de validade contado, são temporários, a sua relevância pra indústria musical não. O que ele faz não tem como apagar e o que ele irá fazer não tem como prever.

. CAPÍTULO ZERO

Ei, Black, irmão, onde é que tu vai?
Meu cumpade, eu vou embora
Babylon, bye-bye!
Ei, Black, irmão, onde é que tu vai?
Meu cumpade, eu vou embora
Babylon, bye-bye!
Babylon, bye-bye!

Na última faixa do álbum, Alien intitulou de Capítulo Zero. Compreendo que fez isso para reproduzir o seu desejo de começar do zero, um reinicio da sua vida que para muitos estava encerrada, mas que ele mostrou que está apenas no início. Assim, como o novo homem que está surgindo não permite-se ter hábitos antigos, finaliza o álbum dando adeus para a Babylon e avisando que está indo embora. Babylon era um conceito muito presente em todas as suas obras desde o início de sua carreira, ela representa todo o caos e desordem urbana que vivemos na nossa atual sociedade. Nós homens criamos esse ambiente hostil, sujo e opresso. Ao afirmar que ele está indo embora, entende-se que é uma metáfora para sinalizar o seu desprendimento com essas perturbações passadas e está dando espaço para o nascimento de uma nova fase. Serena, altamente consciente e longe do caos que um dia tentou dar fim a sua vida. A elegância do Mr Niterói está de volta e dessa vez com os trajes adequados para embarcar em uma nova missão, do início, do zero.

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