Coluna Rapfellas: Se não sabe, volta pra base – Parte 2

No último sábado, durante show que faz parte da turnê em comemoração aos 30 anos do Racionais Mc’s no Rio de Janeiro, Mano Brown, ao ouvir uma pequena parte da plateia que começou a entoar um canto contra o presidente rebateu dizendo “A gente também não precisa de hipocrisia. O Rio foi um dos lugares onde ele foi mais votado”.

Não é a primeira vez que o integrante do grupo vai ao Rio de Janeiro e passa de forma explícita o seu descontentamento com certa parte da esquerda na questão de atuação efetiva na política nacional. Ele está errado? Aí fica no entendimento de cada um. Uma coisa é certa: Posicionamento é fonte de quem tem disposição.

Desde o comício em que Brown deu um “tá ligado” em simpatizantes do PT com o famoso “Se não sabe, volta pra base e vai procurar entender”, parece que o rapper guarda uma mágoa porque há anos ele fala sobre como o sistema é nas periferias, há anos ele fala como o pobre pode vencer na vida, há anos que tenta transformar as palavras em realidade e as pessoas não entendem que isso tem que ser levado para a frente e não ficar apenas no lado das ideias. Lembro que muitos criticam o grupo por não lançar mais discos ou até mesmo reclamaram quando Brown lançou Boogie Naipe e não ter aqueles versos sanguinários, mas como ele mesmo disse “Disposição, vontade de escrever a gente até tem, eu não sou é otário. Eu não vou fazer música de protesto pra país que vota em Bolsonaro. Prefiro ficar sozinho com os meus demônios”.

Muitos dizem que rap e política não se misturam e eu concordo, afinal, rap já é a própria política, ou seja, já são a mesma coisa. O rap foi o início da minha educação política, como é para muitos. Andava na rua ouvindo Racionais e pensando em como o sistema agia no local que eu morava. É preciso sim dar um puxão de orelha em quem acha que rap é só um estilo musical e não tem nada a ver com política. Rap é manifesto, luta, movimento… uma causa. Não é apenas para você ouvir, gostar e guardar para si. Rap salva vidas e tem que ser passado, seja qual o MC, grupo ou mensagem, para conhecidos amigos, parentes e etc. Espalhar a palavra não é só na bíblia, uma pessoa com um bom rap (principalmente se for o Racionais do Brown), pode sentir a música e fazer ter um entendimento mais claros sobre certos temas. Nós, amantes do hip-hop, temos uma missão. Como dizia Sabotage “O rap é compromisso, não é viagem”.

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