Dexter, Baco Exu do Blues e Black Alien contam como venceram a depressão no “Conversa com Bial”

Escrito por Fellipe Santos 02/10/2018 às 16:50

Foto: Divulgação

O Conversa com Bial desta segunda-feira, 1/10, contou com a presença de três grandes nomes do rap nacional que revelaram  expurgar suas dores e amores através do rap. Pedro Bial recebeu Dexter, Baco Exu do Blues e Black Alien para uma troca de ideias sobre carreira, ritmos, poesias, rimas e balanços.

Confira os destaques da conversa abaixo e veja todos vídeos do programa, incluindo as performances dos artistas, aqui.

Dexter fala sobre suas referências e explica seu nome artístico.

“Se aquele cara que estava cantando, que chama-se Mano Brown, era o autor da letra, eu queria conhecer, porque ele tinha muito a dizer. Se aquilo era rap, eu também queria fazer”, explicou ele.

Em 1993, quando ainda se chamava Marcos Fernandes de Omena, mas já cantava rap, Dexter contou que adotou o nome artístico lendo a autobiografia de Martin Luther King Jr.

“Tem tudo a ver com Martin Luther King Jr., um cara que eu admiro. A luta, né. É uma luta nossa, uma luta mundial. E um dos filhos dele chama-se Dexter. Esse nome tem tudo a ver com quem mora na periferia.”

Década de 90

“Sempre vivi (uma vida marginal). Todos nós pretos e pobres da periferia vivemos uma vida marginal. Nós vivemos à margem de uma sociedade hipócrita, racista, preconceituosa. E o rap sempre retratou essas questões.”

Exílio

Atrás de grana pra gravar suas músicas, Dexter foi preso e condenado há 13 anos pelo crime previsto no artigo 157 (assalto à mão armada). Mas dentro da cadeia, o rap continuou sendo sua base.

“Foram oito anos de muita labuta e eu queria gravar. Era uma missão pra mim. Eu queria também que virasse uma carreira e que eu pudesse, dentro da minha condição, também cantar para os jovens da mesma idade que eu, da mesma cor que eu.”

Dexter relembra o tempo que passou na prisão

“Só uma irmã sabia que eu estava preso. Eu não queria que ninguém soubesse na minha casa. Minha mãe só foi me visitar depois de cinco anos.”

509-E

O grupo foi formado por Dexter e Afro-X, que já se conheciam de Jardim Calux, periferia de São Bernardo do Campo, em São Paulo, mas se reencontraram na prisão: “Nos unimos e resolvemos cantar música sobre o sistema carcerário, mostrar pra sociedade que o que se tem lá dentro são seres humanos também. Obviamente não defendendo o crime porque nunca nos deu nada, muito pelo contrário, só nos tirou anos de liberdade. Mas foram anos de aprendizado e que, pra mim, foram muito importantes”, revelou Dexter.

Energia

Baco Exu do Blues fala sobre seus shows

“Acredito que o momento do meu show é onde todo mundo que está sobrecarregado das coisas que vão acontecendo no seu dia a dia tem pra expulsar as energias. Eu vejo isso como se fosse um ritual.”

“Sulicídio”

“As palavras quando saem da sua boca podem sair com a intenção que você quiser, mas quando a pessoa recebe pode transformar no que ela quiser.”

Rimas

Black Alien fala sobre suas rimas e carreira solo após o Planet Hemp

“Meu pai viajava muito quando eu era jovem e sempre tinha possibilidade da gente se mudar pra algum país do exterior. Então, aprendi a falar inglês cedo, aos oito anos de idade. Comecei escrevendo inglês.” (Black Alien)

Sucesso

“A questão do sucesso fazer bem é como a gente lida com ele. E eu não soube lidar com ele muito bem. Eu ainda aprendo a lidar com o fracasso e com o sucesso. O sucesso também é uma coisa que eu estou aprendendo a lidar.”

Depressão

Dexter, Baco Exu do Blues e Black Alien falam sobre depressão

“Eu era ninguém um dia e aí no outro dia a música estourou e aí um bocado de gente me conhecia, esperava muita coisa de mim e eu não sabia o que fazer com a expectativa. Foi assustador. O sucesso vira um peso.” (Baco Exu do Blues)

“Eu sou teimoso. Eu fui ao inferno e voltei, e hoje eu estou aqui.” (Dexter)

“Tive esse episódio com drogas. Foi abuso de drogas, no caso cocaína e álcool. O remédio agora é viver.” (Black Alien)

Recomendados para você

Sair da versão mobile