Os acontecimentos em geral no REP Festival fizeram Djonga entrar numa intensa reflexão sobre a cultura hip-hop atualmente

Junto ao sentimento deixado pelos acontecimentos do REP Festival, Djonga, em seu stories no Instagram, fez um desabafo sobre o assunto: “a real é que hoje eu pisei naquele palco porque não queria decepcionar mais do que já estavam decepcionadas as pessoas que ficaram esperando os nossos shows lá e, inclusive, respeito a galera que cancelou, porque nós, como artistas; e vocês, como público; foram de fato desrespeitados.”

Após a realização do evento e o cancelamento do segundo dia, com a quantidade de informações surgidas, o público e os próprios artistas entraram em diversas brigas opinativas entre si, desviando o foco dos reais responsáveis pelo lamentável ocorrido. “Isso que a gente faz dá dinheiro, nossos cachês subiram, o preço do ingresso subiu… Todo mundo acha bonito a nossa ‘cultura’ e isso fez com que várias pessoas, muitas que não têm nada a ver e não possuem nenhum carinho por nós, entrassem nesse rolê do ‘rap’, ou ‘rep’, sei lá.”

Foto: Coniiin

“O que rolou essa semana e especificamente hoje, é um retrato de algo que é recorrente. A gente tem que ouvir o cara que pagou o show nos desrespeitando porque não vendeu como ele queria, dando uma estrutura ruim para nós, investindo cada vez mais na tal da área vip e deixando quem realmente se importa lá atrás… E claro, não tô falando de todos!”, comentou o rapper mineiro.

Levando a sua reflexão ao comparativo com outros exemplos em geral na sociedade, Djonga chega a conclusão de que o buraco é mais em baixo, desde o preço do salário à falta de investimento em cultura. Abrindo o seu sentimental, Gustavo diz ainda estar um pouco cansado disso tudo e não se sentir confortável, ciente toda a luta tida dos antepassados para que a atual geração pudesse alcançar essas conquistas.

“E amo ser rico, ser Djonga, viver bem; mas saudade de sentir o que faz sentido. A culpa é nossa; público, contratantes e artistas. O que rolou hoje é só um reflexo de todo dia”, finaliza o rapper.

Até pouco tempo atrás, o rap era alvo de extrema banalização e motivo de temor pela maioria da sociedade e, principalmente, o sistema. Assim como o funk, vindo das periferias, não dava para se ter uma perspectiva diferente do gênero originado na Jamaica na década de 60 e levada para os Estados Unidos na década seguinte.

Entretanto, assim também como o funk, o rap passou a ser encaixado em alguns processos de comercialização, abrindo espaço para muitos desinformados despertarem o literal interesse e surfarem na onda. Com essas mudanças, diversos visionários mal-intencionados começaram também a adentrar no movimento.

Veja abaixo o desabafo: