Djonga reflete sobre o racismo no Hip Hop

Escrito por Vinicius Prado 02/02/2018 às 10:00

Foto: Divulgação
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Rapper mineiro refletiu sobre o racismo no hip hop e na sociedade depois do caso de preconceito racial da rapper branca Lívia Cruz.

Parece que já virou rotina, mais um caso de racismo no Hip hop nacional surgiu nas últimas semanas, um vídeo publicado recentemente no canal no Youtube da rapper Lívia Cruz esta criando polemica na internet, isso por que ela e Bárbara Sweet, que também participa do vídeo, estão sendo acusadas de racismo por objetificar homens negros do rap nacional.

A polemica foi tanta que Lívia teve que excluir o vídeo e fez um pronunciamento nas redes sociais, ela disse que “achou legitimo as críticas e questionamentos e que a intenção que era provocar foi tido como ofensa e por isso ela decidiu apagar o vídeo.” você pode conferir o pronunciamento completo aqui.

Vendo tudo isso, um dos nomes que sempre bate na tecla do racismo e eleva os negros em suas músicas , o rapper Djonga decidiu fazer uma reflexão sobre o racismo no hip hop e na sociedade, em um grande texto publicado nas suas redes sociais.

A publicação já teve mais de mil curtidas e mais de 300 compartilhamentos e você pode conferir ela completa abaixo.

“Ontem eu falei aqui como o debate sobre raça e digo mais, sobre classes esta empobrecido no nosso país. Quando digo o debate digo de uma maneira mais ampla, ainda que eu acredite que tem coisas que não se resolvem debatendo diante da urgência de fatos, no país que morre preto e pobre em menos tempo do que hora em hora.

Hoje nos deparamos com uma situação que foi exposta e não é única e isolada e reafirma tudo que nós pretas e pretos tamo dizendo a um tempo. Envolve pessoas do movimento hip hop que é um movimento criado por negros e negras assim como grande parte da cultura do mundo, é aberto a todos, a única questão é consciência e respeito.

Sempre que toco nesse assunto nas minhas letras, entrevistas, no meu dia a dia e até no lugar menos importante que é na internet, vejo a naturalidade em que estamos acostumados a lidar com os comentários BRANCOS, os comentários com uma carga culturalmente BRANCA e preconceituosa e a naturalidade com que essa voz BRANCA fala e disfala sobre o corpo negro e periférico.
Djonga agora se assumindo e apontando o dedo pra si mesmo: só esse ano passado varias minas que nuuuuuunca, mas nuuuuuunca me olhariam e vcs sabem bem porque vieram até a mim, e eu? eu fui até a elas, pra compensar não sei o que. . .(por isso nas minhas musicas sempre falo disso, muita crítica faço pra mim mesmo e pro que eu vejo meus irmãos fazendo) amiguinhos, prestem atenção vcs podem gostar de quem vcs quiserem, só não pode negar que na maioria do tempo nossas escolhas estão ligadas à reprodução de padrões.

Nós homens pretos e de periferia só valemos se agt puder oferecer algum status, uma relação de fetiche pelo perigo e coisas do tipo. É o que a classe média branca quer de nós.
Eu cresci me sentindo sujo por ser preto até eu me tornar preto, eu me sentia desconfortável em varios espaços por ser preto e quando eu me torno preto de fato eu tenho que ouvir que eu to errado de dizer de querer mais do que tá estabelecido e etc.
Isso não é só sobre sweet e livia Cruz, isso é sobre a raiva que vc está sentindo de ler esse texto agora, isso é sobre vidas e auto estima construída em uma base sólida e não mais em um castelo de areia !

Nada pessoal, tinha que falar !”

 

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