Drake perde processo contra Universal em disputa por “Not Like Us”

A Justiça dos Estados Unidos rejeitou nesta quarta-feira (9) o processo movido por Drake contra a gravadora Universal Music Group, encerrando oficialmente a disputa judicial envolvendo a faixa Not Like Us, de Kendrick Lamar.

Drake alegava difamação, manipulação de mercado e danos à sua imagem. Segundo o rapper canadense, a Universal teria promovido a música de Kendrick mesmo sabendo que ela continha “insinuações falsas e maliciosas” sobre ele, incluindo acusações indiretas de pedofilia.

drake e kendrick lamar

A juíza Jeanette A. Vargas, da Corte do Distrito Sul de Nova York, decidiu que os versos da canção representam opiniões artísticas protegidas pela liberdade de expressão e não configurações factuais. Com isso, o tribunal rejeitou todas as alegações, incluindo difamação, assédio e violação das leis comerciais de Nova York.

No processo, Drake acusou a Universal de inflar artificialmente os números de Not Like Us, usando bots e campanhas pagas que teriam gerado mais de 30 milhões de streams adicionais. O rapper afirmou ainda que a gravadora lucrou com a difusão da narrativa de que ele teria condutas criminosas, reforçadas pela repercussão da música nas redes. O rapper também responsabilizou a UMG por permitir e amplificar a distribuição da faixa sem contestar seu conteúdo, segundo ele, “danoso e sem base factual”.

A Universal negou qualquer irregularidade. Em documentos apresentados à Justiça, a gravadora classificou as falas de Drake como “ofensivas e infundadas” e destacou que a letra da música faz parte da tradição hip hop de diss tracks, onde metáforas e exageros são comuns. O CEO da empresa, Lucian Grainge, chegou a declarar que não teve acesso antecipado à música ou ao videoclipe, negando participação direta na promoção da narrativa.

Embate histórico no rap entre Drake e Kendrick Lamar.

O conflito entre Drake e Kendrick marcou um dos capítulos mais intensos do rap em 2024. Foram oito faixas lançadas em apenas 16 dias, entre elas Family Matters, Meet the Grahams e a própria Not Like Us, que dominou as plataformas digitais e se tornou um fenômeno cultural. A faixa de Kendrick, lançada em 4 de maio, teve grande impacto nas ruas e nas redes, com versos que inflamaram o público e colocaram Drake na defensiva. No dia seguinte, ele respondeu com The Heart Part 6, negando as acusações. Drizzy já havia movido outras ações judiciais alegando práticas ilegais como payola e manipulação de streams, incluindo um acordo com a rádio iHeartMedia, resolvido em março de 2025.

A sentença reforça o entendimento de que diss tracks estão protegidas pela liberdade artística, mesmo quando tocam em temas polêmicos. Para especialistas, o resultado pode servir de referência para futuros conflitos envolvendo letras agressivas no gênero. Já para Drake, trata-se de uma derrota judicial importante, enquanto Kendrick e sua equipe veem a decisão como uma confirmação de que sua resposta musical permaneceu dentro dos limites do hip hop.

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