Favela Vive 3 (Letra)

Escrito por Fellipe Santos 09/08/2018 às 23:12

Foto: Divulgação
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Favela Vive 3 (ADL – Djonga – Menor do Chapa – Choice – Negra Li)

[Verso 1: DK]
Se tu não parar de marra, meu bonde vem e te para
Se tu não abraça o papo, o papo vem e te abraça
Mano, os cana peidam de subir de madrugada
Sempre marca operação com a porta da creche lotada
Mais uma mãe revoltada, uma pergunta sem resposta
Como o policial não viu seu uniforme da escola?
Vinicius é atingido com a mochila nas costas
Como é que eu vou gritar que a Favela Vive agora?
Cocielo fez piada mas no beco ninguém riu
Tava ensinando racismo pra um publico infantil
Troquei o puta que pariu, pelo puto que partiu
E vim com o flow caminhoneiro que é pra parar o Brasil
Só os meus fiel de fecha entrego na mão de Deus
Só os meus fiel de fecha entrego na mão de Deus
Inimigo eu só lamento, tão tudo na minha mão
Não há padrinho, mancada, não abraço vacilação
Eu só corro pelo certo quem não pode errar sou eu
Tão pedindo intervenção em pleno ano de eleição
Será que tu num entendeu como funciona isso até hoje?
O exército subindo pra matar dentro da favela
Mas a cocaína vem da fazenda dos senadores

[Verso 2: Djonga]
De Pedro Cabral a Sérgio Cabral
Gente, vocês deram Red Bull á cobra
Construindo mudanças substanciais
Pedreiro da cena sem te cobrar nem mão de obra
É esquerda de lá, direita de cá
E o povo segue firme tomando no centro
Onde a tristeza do abuso é pra maioria
E o prazer de gozar sobra pra 1%
Um mano meu foi preso roubando manteiga
É, saiu da tranca quis assaltar um banco
Daquele tipo de ladrão, pernas pra quem têm
Bala alojada no joelho, a gente chama o manco
Meu pai me disse cuidado com essa pochete e esse cabelo loiro
Meu filho, cê num é branco
Geral vestido igual mas os canas te olharam diferente, eu só lamento
No banco de trás ‘cê vai sentir o solavanco
Pras punch é só avanço, solo avanço
E as minas aqui da área nem sapato tem
A maioria de barriga cheia, quem dera fosse de comida
E a mãe do filho de um membro do trem
Mas nós sorri quando cai grana
Fumo verde grama, se a de verde gama
Quando o Galo ganha
Ou quando ela diz que o Djonga tem a manha
Eu sei, eu sei
Parece que nós só apanha
Mas no meu lugar se ponha e suponha
Que no século 21 a cada vinte e três minuto’ morre um jovem negro
E você é negro que nem eu, pretin’, oh
Não ficaria preocupado?
Eu sei o que cê pensou daí
Rezando num tava, deve ser desocupado
Mas o menó’ tava voltando do trampo
Disseram que o tiro só foi precipitado
Num é saudade dos amigos que se foi
P.J.L pros irmão que tá na tranca

[Verso 3: Menor do Chapa]
Eu não posso falar tudo que eu sei
Passou das barricadas, aqui é nós que faz as leis
Quadrado formado bico atravessado já to até lotado
Eu jogo roda pra poder passar o tempo
Só tem homem bomba, na paranoia
Tentou me pegar na Troia
Mas não pode acompanhar meus pensamentos
Seu tiro foi certeiro mas pegou no meu colete
Botou BMW no pinote é igual foguete
Esquece o capacete porque agora é só granada
Os poucos aqui são loucos e não vão recuar por nada
Gestão avançada, inteligente mas é tudo de repetente
Fecha o tempo que é o AK é trovoada
Whisky, balãozada muda o tempo
Deu na previsão do tempo que a Glock vai fazer chover rajada
É só ter fé no Pai que o inimigo cai
A tropa ta na pista fardada de Calvin Klein
Lutamo pela vida dos meno que me admira
Pensar que na favela só se vence pela ira
E sendo observado pela lente de uma mira
Ser alvo da inveja ou da vida que conspira
Eu to sempre na infra e ligeiro com os covardes
X9 fofoqueiro tão matando mais que a AIDS
A geração iPhone usa drone e roupa de grife
A tecnologia a favor desses patifes
Talvez eles me peguem na escuta
Falando com as putas
E o crime fica só no BBM
O instinto sobrevive as arapuca
Eu me camuflo na muvuca
E sumo a bordo de um Porsche KN

[Verso 4: Lord]
Entre o crime e o rap
Click-clack
Nasce um som, morre um moleque
História triste sem snap
Quem é guerra quer paz
Vocês musicas sobre armas
Escrevo sobre os traumas
Pra ouvir os que tem almas
Que isso?
Foi tiro do blindado que acertou Marcos Vinicius
Caido ali sem arbitro de video
E vocês quer sustentar o hype
Comparam o melhor flow
Viram três ‘Favela Vive’ e não viram o quanto ela chorou
Parei pra respirar por um instante
Mas quando olhei pro céu só vi os tiros de traçante
Pensei, meu Deus quem dera fosse estrelas cadentes
Que o sangue que escorresse não fosse de um inocente
Seria o bastante
Evangelicos e bandidos
Que tem cara de bandidos
Alguns de nós pregamos fé, estamos divididos
Mesma raça, mesmo sangue, mesma cor
Morrendo pelo o que não tem valor
E eu não sai nesse retrato
Escrevo um desacato
Responsa é minha, penas sem fiança
Os professores do assaltado
À la casa do favelado
Revistam as mochilas das crianças
O bonde do mal passou
E eu disse: “Hoje eu não vou
Preciso escrever uma matança
Avisa a minha mina que hoje eu vou me atrasar
E guarda os nossos filhos onde a policia não alcança”

[Verso 5: Choice]
(Do Atalaia)
Do Atalaia, inveja e falsidade no mundo do crime
Champanhe e blusa de time, assim que começa a marola
Quem segura um fuzil quando o menó’ sonhava em ser jogador
Mas sem dinheiro não decola
Sem dinheiro são poucas escolhas
O favelado na favela vive dentro de uma bolha
O favelado na favela vive e sobrevive nela
Eu sou o favelado que vive pela favela, porra!
A escola me reprovou de serie, mas a rua me aprovou pra ser representante dela
Se a sirene sinaliza a dor, atira o sinalizador pra explanar que hoje é guerra
Matei o presidente pra que o povo se rebele
Gritei: “Marielle presente!” essa bala também me fere
E esse tiro fere cada morador que já teve o sonho frustado
E só quem é vai sentir na pele
E eu prego a fé, independente da crensça
É a nossa dor que alimenta as reportagens da imprensa
Me diz, o que custa pedir licença?
A troca de tiro te assusta, mas a troca de olhar comigo é mais tensa
Meu mano Pei ficou preso dezoito anos, quando eu tinha dezoito ele me disse: “O crime não compensa”
Eu respondi que só daqueles que acredita que pensar sobre a vitória vai fazer que você vença
Pensa no Baile da Gaiola lotado, as piranha jogando, os mano faturando
Meu show anunciado, um poeta no topo, um favelado rico
Os humilhados serão exaltados!
Nos dão armas e drogas, e nós perguntam porque somos bandidos e porque nós atiramos
Fiquem bem longes de nós, deixa que nós viramos
Temos tudo que precisamos
(Do Atalaia!)

[Verso 6: Negra Li]
Quem foi que não sentiu discriminado por alguém
A vinte anos atrás cantava paz
Mas, de lá pra cá só andamos pra trás
Aliás
A nova geração eu respeito
Só quem tava lá, naquele tempo, sabe o jeito, que foi feito
O sofrimento que passamos
Vário manos, milianos, sem os panos
Mas atitude de respeito (Daquele jeito)
Hey
É grave a greve, sei
Que o tempo é breve, tem
O melhor de mim até ali
Vou continuar a cantar
O tempo vai passar
Você vai lembrar da Negra aqui
Ideia certa, papo reto, não tem mistério
O dinheiro em si não faz o império
Seu legado, sua honra, seu mérito
Espero, país que eu quero
Progresso, o jovem no brasil sendo levado a serio
Quem corre atrás da luta, nunca perde a luta
Eu sei
Mantém sua conduta
Essa é a lei

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