Ficou facil fazer rap? A nova geração só sabe repetir?

Escrito por Fellipe Santos 24/03/2018 às 14:00

Foto: Divulgação
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Pelo que estamos vendo o rap não para, ninguém fica sem ter o que ouvir e cada dia menos pessoas desconhecem o gênero, o underground é quase raro e se diferencia por ser incomum. Num momento onde tudo é tão liquido e tudo passa tão rápido, era quase impossível que o rap não viesse a fazer a cabeça das pessoas e fosse além de uma ‘modinha’, ele motiva as pessoas a escreverem e se arriscarem na cena. Isso se torna um problema quando se perde a essência, o acesso ao conteúdo e o jeito que chega no público faz parecer fácil, que existem padrões e é um gênero qualquer, que qualquer um pode fazer. Mas não é só rimar o final dos versos, falar de dinheiro e balançar o carro, fazer rap vai muito além disso.

Parece que é só uns moleques com violão e boné, parece que é muita droga e falar rápido ou esquisito, mas não é. O rap tem história, o hip-hop tem uma essência e um motivo pra sua existência, mesmo que não se interesse pelas referências dos anos 80 ou 90, mesmo que ignore Tupac, a poesia e as causas sociais, não pode negar que as coisas tem muito significado e tudo vem de alguma outra coisa. Não é só porque você acha beats trap na internet e sabe cantar no mesmo flow que algum MC não quer dizer que nasceu pro rap, que o entende e precisa fazer. O rap é um cenário imenso que tem de tudo, como já dito nas ultimas colunas, seja com trap ou boombap, com referencia, mensagem ou marcas e zueiras, o hip hop tem de tudo mas não deixa de ser hip-hop, não deixa de contar sua essência, mesmo que modificada e por tras de muito videoclipe colorido e dinheiro, mas tem.

Não é tudo Lil Peep, nem Young Thug. As letras atuais falam só de bad vibes e como matar a saudade da morena nas drogas, quando vem uma critica estamos vendo rimas previsíveis, citações repetitivas e artistas sem fazer arte. Tem muita gente entrando pra ser Derek ou Youtuber de reactpra escrever um tipo de letra que caia na boca do povo, mas não é assim que o cenário toca. A massa absorve quase qualquer coisa e acaba cm ela muito rápido, aqui ou com os gringos, parece que qualquer um sobe em cima de alguma coisa com uma bebida na mão e zoa com as palavras, mas isso é a prova que de todo mundo pode tentar fazer, mas nem todo mundo faz.

Fazer Rap ficou foi mais difícil. Trazer as ruas, as metáforas, as criticas, ou a produção, a dança, a ostentação de forma original e nova é o que importa de verdade e não ta sendo feito, mudar o cenário e não só ser mudado por ele. Qualquer um pode brincar de rimar, mas rap, isso ainda é para os poucos, para os originais.

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