Falecimento de WGI causou comoção na comunidade Hip-Hop.
Veio a óbito neste domingo (23) WGI (Gilson Oliveira), vítima de parada cardíaca em decorrência de pneumonia. A informação foi divulgada pelo seu próprio grupo, Consciência Humana, nas redes sociais, causando comoção na comunidade hip-hop.
“Obrigado, WGI, por toda resistência. Continuaremos aqui com a contundência das suas letras e seguimos na luta, através do hip-hop. Esteja em paz, guerreiro”, relatou o comunicado oficial do grupo.
No vídeo mais recente publicado pelo rapper em suas redes sociais na última sexta-feira, ele escreveu no texto da legenda: “Desculpem a minha rouquidão, a minha saúde não está legal essa semana”.
Grandes nomes do rap nacional se manifestaram em solidariedade a morte. “Dia muito triste para o rap nacional, estamos de luto. Perdemos um dos maiores ícones e artistas da nossa cultura! Verdadeiro e autêntico, inconfundível em suas métricas e rimas”, disse Afro-X.
DJ Cia, por sua vez, publicou: “Quebrado, sem palavras para escrever. Sinto uma tristeza rasgando o peito. WG, sempre fomos parceiros, trocávamos ideias além de nos tornarmos amigos. Sempre fui fã. Tinhamos uma música para terminar. Vá em paz”.
Ex-Facção Central, Eduardo Taddeo também expressou suas condolências: “Eternamente no coração de todos que amam o verdadeiro rap nacional. Descanse em paz”.
Trajetória do Consciência Humana
Formado por WGI, Preto Aplick e DJ Andermad – que deixou o grupo em 1992 – em 1990 na região de São Mateus, Zona Leste de São Paulo, o Consciência Humana conquistou notoriedade no cenário do rap nacional com rimas contundentes sobre a violência policial e as dificuldades da vida periférica.
Ganhando reconhecimento rapidamente devido a música “Tá Na Hora“, o grupo recebeu ameaças de morte por denunciar os assassinatos cometidos por policiais da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota) em bairros da periferia paulistana.
O Consciência Humana chegava a citar os assassinos, como o ex-chefe do esquadrão, que se tornou vereador em São Paulo, e um relevante nome da polícia com cinquenta mortes em seu currículo.

O álbum de estreia do grupo, nomeado “Enxergue Seus Próprios Erros“, chegou em 1994. Já o segundo, “Entre a Adolescência e o Crime“, de 1997, contou com o hit “Lei da Periferia“, e o prosseguinte, “Agonia do Morro“, foi lançado em 2003 com participação da renomada sambista Beth Carvalho.
Integrante da formação mais recente ao lado de WGI e Aplick, DJ Luiz Só Monstro produziu o disco “Firma Forte” em 2013. Nos últimos anos, os membros estavam focando na carreira solo, por mais que continuassem os shows em conjunto.
O primeiro álbum de WGI, “Você É Capaz“, estreou em 2019 com participação do DJ Luiz, que também estava produzindo o segundo álbum solo do rapper antes do inesperado falecimento. “Estava preparando o segundo álbum solo, mas infelizmente não deu tempo de concluir”, desabafou o produtor.
“Obrigado por tudo; todas as vidas que você salvou, resgatou, transformou através da sua arte, do seu rap. Sem palavras. Descanse em paz”, completou ele.
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