Mano Brown mostra a sua visão sobre a 2ª temporada do podcast ‘Mano a Mano’

Pedro Dimitrow

Mano Brown está se reinventando anos após sua lendária carreira na música

Mano Brown está com tudo no seu projeto de podcast .O ‘Mano a Mano’ foi o segundo podcast mais ouvido do país na plataforma do Spotify Brasil e o episódio com o ex-presidente Lula foi o mais ouvido. Agora, o programa volta para uma segunda temporada e Mano Brown falou com a imprensa sobre esse retorno tão esperado pelo público.

“É um lance legal o fato de ter 52 e ainda estar fazendo rap. Eu tenho diálogo com a molecada jovem e tenho diálogo com os caras mais velhos do que eu, os caras que me lançaram, que esperam da minha geração uma continuidade do que eles começaram. Eu sou abordado na rua por gente branca, casais de idade mais avançada que ouvem o podcast e também por molecada de 25, 26 anos. São poucas coisas que conseguem fazer isso, talvez só o futebol”, conta.

capa mano brown

Questionando o quanto sua história na música faz parte do projeto, Brown não vacila em separar as duas coisas. “Eu penso hoje que são coisas diferentes. Procuro não ser o Mano Brown, do imaginário, do Racionais. Tento ser algo a mais. Mostrei um Mano Brown que é estudioso, interessado em muitos assuntos fora do óbvio”, falou o lendário rapper.

Diante das dificuldades de prender a atenção do jovem em meio à profusão de informações das redes, Mano Brown aponta uma possível solução: “Falar de forma direta, simples. Uma abordagem que seja da vida do cara. Os jovens já ouviram abordagens mais romantizadas. Esses assuntos têm que ser abordados de forma mais direta. A juventude está conectada com milhares de coisas ao mesmo tempo. Você tem que ser prático e objetivo”, reflete.

Homem negro, influência de gerações, Brown reflete sobre como sua imagem foi modificada com o passar do tempo. “Uma coisa que me perturbava era uma situação em que as pessoas me colocavam num lugar muito marginal no imaginário, de um cara ignorante e intransigente. Nunca fui. Nem um, nem outro”, conta o rapper. “Não tenho que provar isso, mas comecei a conviver com essa ignorância da minha intelectualidade e inteligência quando comecei a querer saber das coisas. Eu era obrigado a conviver com a alcunha de um cara burro. Agora, muita gente se surpreendeu. As pessoas ficam surpresas ao me ver falando sobre tal assunto”, desabafa.

O rapper lembra que antes de entrevistar Glória Groove, na primeira temporada, não conhecia o trabalho da artista e diz que ela possivelmente é uma das personalidades que mais causaram reflexão a ele. “A Glória Groove era totalmente fora do meu universo. Ela é muito talentosa, várias fitas”, concluiu.
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