O portal RAP+ juntamente com sua equipe vem, por meio desta nota, manifestar seu total repúdio a mais um ato lamentavel ocorrido no cenário do rap nacional. Repudiamos com veemência, toda forma de violência contra a mulher, sua objetificação, bem como qualquer afirmação que evidencie a legitimação à cultura do estupro seja ela no cenário do rap nacional ou fora.

Ontem saiu o álbum do rapper MC Xamã e na faixa Na faixa “Preguiça” com participação do Costa Gold, o rapper Nog solta uma linha que no mínimo apresenta duplo sentido sobre estupro. O verso representa ofensa grave aos direitos humanos, visto que o país ainda convive com números epidêmicos de violência contra a mulher. A cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil, sendo que apenas 10% dos casos de violência são registrados formalmente pelas vítimas segundo pesquisa do IPEA. É inadmissível o discurso de que as mulheres de alguma forma “provocam seus algozes, que não conseguiriam resistir e seriam incitados a estuprar”. Casos como estes revelam o quanto a nossa cultura ainda é machista e misógina.

No verso entendemos que mulher é responsabilizada por crime do qual é vítima. Tais afirmações ofendem o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, as diretrizes das políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher, preceituadas na Lei 11.340/2006, bem como na Declaração sobre Eliminação da Violência contra a Mulher da Organização dos Estados Americanos (OEA). O estupro é resultado de uma decisão consciente de uma pessoa de constranger outra, mediante violência ou grave ameaça, a manter relação sexual não desejada. O consentimento explícito das partes envolvidas é pressuposto da relação sexual, se assim não for, trata-se de um crime, muito grave!

Diante desse cenário, o RAP+ considera imprescindível que o Damassaclan, a Baguá Records, o grupo Costa Gold e o rapper Xamã venham a público comentar sobre o ocorrido e tome as devidas providências para que isso não venha mais acontecer e manchem cada vez mais o cenário nacional. Precisamos dizer um basta à cultura de estupro

Assinado por:

Ruan Fellipe

Andressa Vasconcelos

Gabriela Santos