Policiais do Rio de Janeiro derrubaram memorial inaugurado por moradores e movimentos sociais para marcar a chacina do Jacarezinho

Agentes da Polícia Civil usaram um caveirão e marretas para derrubar a placa

Imagens que circulam nas redes sociais exibiram forças de segurança destruindo, ontem (11), uma estrutura que servia de homenagem aos 28 mortos na Chacina do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O memorial, inaugurado no último dia 6 de maio, homenageava os moradores assassinados em 2021, em chacina que resultou na ação policial mais letal da história do estado do Rio.

Para a ação de retirada, agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) foram chamados. Uma corda foi amarrada ao concreto que continha os nomes fixados em pequenas placas de metal, sendo puxada por um veículo blindado. Após a queda, os agentes usaram marretas para destruir o restante do concreto fixado. As investigações feitas pela Força-Tarefa do Ministério Público se encerraram no mesmo dia da inauguração do memorial.

A ação da Polícia Civil gerou a indignação de moradores, de familiares dos mortos, de lideranças de movimentos populares e de parlamentares. A deputada Renata Souza (PSOL) lembrou que o monumento foi inaugurado no último dia 6, quando completou um ano da operação policial no local e repudiou o comando da segurança pública pelo governador Cláudio Castro (PL).

“A polícia de Claudio Castro mata e depois destrói a memória. É o genocídio casado ao memoricídio: o assassinato da memória de nossa violência social. Muito grave! Total repúdio a essa ação violenta”, disse a parlamentar.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que o memorial era “ilegal”, além de afirmar que os mortos tinham envolvimento em atividades criminosas. “O registro de ocorrência que definiu a diligência para retirada do memorial levou em consideração a apologia ao tráfico de drogas, uma vez que os 27 mortos tinham passagens pela polícia e envolvimento comprovado com atividades criminosas, além do fato de que a construção do mesmo não tinha autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro”.

Procurada, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro repudiou a ação e a acusação da polícia. “É irrelevante qualquer acusação criminal contra as vítimas da chacina do Jacarezinho. A homenagem era um ato de acalento de instituições da sociedade civil às famílias das vítimas da operação mais letal da história do Rio de Janeiro. Sua destruição representa mais uma violência contra essas famílias, e nenhuma forma de violência”.

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