Produtores musicais brasileiros comentam sobre a desvalorização de seus trabalhos

Escrito por Rodrigo Costa 02/02/2023 às 09:08

Foto: Divulgação

Produtores estão se sentindo injustiçados

Por Brasil afora, um assunto que os artistas, empresários, distribuidoras, gravadoras e etc costumam deixar a desejar é, sem dúvidas, os devidos créditos aos de mais envolvidos nas músicas. Como consequência, está a desvalorização dos contribuintes às obras e, além disso, a desinformação dos consumidores das mesmas.

Com o espaço de fala que a tecnologia vem permitindo, esses injustiçados estão cada vez mais tomando conhecimento e demonstrando suas insatisfações e opiniões nas redes sociais, lutando pelos seus direitos.

Na tarde da última quarta-feira (1), através de seus stories no Instagram, o renomado engenheiro de áudio Arthur Luna Beccaris, que colabora com importantes nomes do cenário musical nacional; como BK’, Djonga, MC Cabelinho, Zeca Pagodinho, Maria Rita, Lulu Santos, entre outros; comentou: “alguém já viu algum álbum nacional nos últimos tempos com uma ficha técnica completa, bonita e cheia assim?”, sobre RENAISSANCE, atual disco de Beyoncè.

Em seguida, Luciano Scalercio, que já foi indicado duas vezes ao Grammy Latino como Mixing Engineer, completou: “um dos grandes problemas da indústria: FICHA TÉCNICA. No Brasil, você tem que implorar para a distribuidora colocar seus créditos no Tidal. Isso serve para arranjadores, músicos, engenheiros, produtores, assistentes… Algumas (distribuidoras) falam que não é possível incluir isso na plataforma do Tidal, hahaha. Sem entrar no assunto Spotify na aba ‘Créditos’, que é pior ainda… na plataforma não existe ‘engenheiro’, apenas ‘intérprete’, ‘compositor’ e ‘produtor’… bom, pelo menos tem alguma coisa; melhor não reclamar, risos”.

“Distribuidoras, gravadoras e empresários… não sei se é falta de atenção, descaso, ignorância ou sei lá; mas só quem trampa sabe a dificuldade que é ter créditos certos em todos os lugares, fora as porcentagens oferecidas, enfim. Inúmeros trabalhos sem créditos devidos, sem pagamento e sem porcentagem… acho que geral que trabalha atrás dos holofotes já passou por isso também. MC’s, briguem por seus produtores; produtores, briguem por seus direitos. Se a música da sua gravadora ou artista favorito tivesse sem mixagem, melodia e beat, eu duvido que vocês idolatrariam tanto fulano, ciclano e beltrano”, desabafou também Pedro Apoema, que trabalha com artistas e gravadoras como a Pineapple Storm Records, Rock Danger, Flora Matos e etc.

“Com o fim do CD, o Tidal é a única plataforma que te dá opção de incluir créditos detalhados de músicos, engenheiros de gravação, mixagem e masterização… além de a&r, produtor executivo, assistente de estúdio, arranjador, letrista, produtor, produtor vocal e compositor. Lá fora, essa ferramenta é super bem usada. Isso ajuda muito a galera que trabalha nos álbuns/singles, além de servir como prova de que você trabalhou, em uma possível indicação a algum prêmio. Hoje em dia, o Grammy só aceita créditos no Tidal, All Music ou Jaxta, como prova de participação. Todas essas plataformas usam o mesmo banco de informação que é fornecido normalmente pela distribuidora ou gravadora. Só acho que falta mais carinho nesses momentos. Seria muito legal ver meus meus amigos (e eu) recebendo créditos pelos seus trabalhos!”, finaliza Arthur Luna, vencedor do prêmio Grammy Latino por três vezes, tendo sido indicado a dezoito.

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