Sobe Junto Budweiser: Conheça o bonde da talentosa Ashira

Escrito por Vinicius Prado 12/02/2022 às 12:30

Foto: Divulgação

O Bonde da Ashira foi um dos participantes do reality show de Rap da Budweiser, Sobe Junto

A Budweiser começou o ano com tudo lançando o reality show musical Sobe Junto. No programa, seis bondes de artistas mais voltados para a cultura hip-hp enfrentam diversos desafios baseados no que acontece dentro do universo musical e, a cada semana, um grupo sai de cena até a definição do grande vencedor.  Ao todo, são cinco episódios semanais, transmitidos no Bud Play, o canal de conteúdos da Budweiser no YouTube.

O bonde vencedor se torna embaixador da marca, fazendo parte das iniciativas de Bud e tendo a chance de se apresentar nos diversos eventos patrocinados pela marca no Brasil e no mundo. O Sobe Junto é apresentado por Thamirys Borsan e Froid, além de contar com BK e Tássia Reis como jurados fixos. O reality ainda tem mentores e mentoras convidados, que ainda possuem o papel de avaliar os grupos: Gloria Groove, Marcelo D2, Xamã, Rincon Sapiência, MC Carol, Bia Ferreira, Nave, Filipe Ret e Rico Dalasam.

Crédito: Kelly Fuzaro

Nos dois primeiros episódios, que você pode conferir um resumo aqui, um dos bonde eliminados por pequenos erros cometidos nas apresentações foi o da rapper/cantora Ashira, mas isso não tirou o brilho de suas performances. Ashira e seu Bonde mostraram seus talentos, além de provarem que podem ser grandes estrelas do Rap Nacional no futuro próximo.

Para conhecer melhor a carreira e o trabalho dos bonde da Ashira, fizemos uma entrevista detalhada com a artista, onde ela contou tudo e mais um pouco sobre sua caminhada na música até hoje. Confira:

Ashira

Me fale sobre o seu início de carreira, como começou na música e quando percebeu que era isso que queria fazer da vida.

Olá RAP MAIS, obrigada pelo convite e espaço de fala, é muito legal poder compartilhar minhas ideias com uma mídia que acompanho. No fundo eu sempre senti que queria ser cantora, mas foi a partir de 2013 que comecei de fato a minha busca por isso, comecei a por minhas rimas na rua e a me apresentar em eventos locais, fazer conexões. Em 2015 fui convidada pelo rapper BK para integrar uma das faixas de seu disco de estreia, a ‘’Quadros’’ em ‘’Castelos e Ruínas’’, em 2016 consegui uma bolsa através do Prouni para cursar produção musical na faculdade Anhembi Morumbi, então fui fazendo meus trabalhos musicais em paralelo com meu trabalho CLT até 2019, quando produzi o EP Rouff e decidi que minha música merecia mais atenção, passei a tentar viver de meus trabalhos artísticos, fazendo produções pra outras artistas, mas também não foi tão fácil e até hoje exerço freelancers em paralelo para pagar minhas contas e continuar investindo na música.

Além de BK, trabalhei com Tasha e Tracie, Febem entre outros e andei por diversos estúdios em busca de aprendizado. Nesse percurso encontrei pessoas que me ajudaram e acreditaram no que faço, Beatriz Shibuya e Vitória Mbengue são duas mulheres que tem ajudado a construir minha fase atual. Atualmente me preparo para colocar no mundo meu primeiro álbum solo e com certeza esse vai ser um dos projetos mais importantes da minha vida.

Quais são suas maiores inspirações e influências?

Quando comecei a descobrir meu gosto musical, Erykah Badu foi a artista que me iluminou e me fez entender o que eu queria fazer, suas músicas até hoje são pra mim orações, pois sinto que a música em mim está atrelada ao espiritual. Mas teve muita coisa distinta uma da outra que eu gostava e me puxava à outras. Meu padrasto me incentivava muito e trazia sempre novidades gravadas em cds mp3, eu passeava por Mozart, Skatalites, Mos Def, Gangstar, Jay-Z, Anita Baker até Prodigy.

Não posso deixar de citar o Destinys Child e Beyoncé. Até hoje me inspiro muito na carreira e postura de Beyoncé, nunca vi uma artista trabalhar tão duro em diversas coisas como ela. Depois de um tempo que a gente entende todo esse mundo da música, as nossas inspirações começam a ficar mais próximas, sabe? Passamos a admirar o trabalho de quem está em volta e olhar mais pra nossa própria trajetória e arrancar dali inspirações.

Como define a sua sonoridade?

Na verdade não sei se posso definir minha sonoridade, me sinto muito diversa, tenho experimentado muitos lugares na música e quero continuar. Posso dizer algumas características marcantes que observo em meu trabalho. Quando se trata de produção musical, sinto que uso meu estilo mais ‘’agressivo’’, digamos. Gosto de ser minimalista com timbres, mas que esses timbres sejam marcantes e originais, acho que o baixo é um dos elementos mais especiais pra mim dentro de um beat, pois é dele que dá o balanço da música ou o sentimento principal que quero transmitir, então gosto de deixar ele evidente nas produções.

O que acha que o seu trabalho traz de diferente para a cena?

Acredito muito que meu trabalho tem encorajado mulheres que têm o mesmo sonho e vem de onde eu venho, da periferia. Recebo várias mensagens de minas que tão começando a produzir ou que tem vontade, dizendo que meu trabalho as encorajou e isso é tão foda que vira combustível pra eu continuar criando pra elas, pois assim cada vez mais de nós vão estar ocupando lugares com os quais antes não nos foi permitido.

Como formou seu Bonde para o Sobe Junto? Conte um pouco sobre eles.

Formei meu bonde com pessoas que ao longo dessa caminhada loka no rap tem me acompanhado e ajudado. Tinham outras mais que chamo de meu bonde, mas para ir ao programa considerei que essas eram essenciais.

A Beatriz Shibuya é diretora de arte e visual, nos conectamos em 2019, quando eu precisava fazer a capa do single ‘’Te dar’’ e uma amiga me apresentou a ela pra fazer as fotos. Nos identificamos muito no trabalho uma da outra e passamos a desenvolver ideias juntas, inclusive invés de fotos, ‘’Te dar’’ ganhou um Vídeo Clipe. Começamos a participar tanto do trabalho uma da outra, que nosso processo de evolução foi acompanhando um ao outro, melhorávamos a cada som e vídeo. A Shibuya é uma mulher muito inteligente e que admiro pelo poder de transformar pouco em muito, fazer algo foda mesmo sem termos muito recurso, ela me deu a oportunidade de evoluir ideias e acreditou no nosso potencial juntas. A vontade da parada acontecer é algo forte que temos em comum.

Vitória Mbengue é coreógrafa e bailarina. Conheci a Vitória através do Instagram, quando ela postou um vídeo dance de um trecho da música ‘’Te dar’’, eu olhei e pensei: ‘’Caramba! Que mina fantástica!’’, começamos a trocar ideia a partir daí, eu tava doida pra chamar ela pra fazer um trabalho de coreografia em algum clipe e ela queria muito pra trampar coreografando uma artista musical,  a gente deu Match! A vitória é super determinada e vive ligada no 220 (risos), me incentiva demais, tem um jeito mãezona de nos empurrar pra frente. Temos trabalhado muito, principalmente as performances de show, quem for em um show da Ashira vai se surpreender, com certeza!

Jayro é beatmaker, nos conectamos no curso da faculdade pela identificação musical, fizemos alguns trabalhos juntos, além disso ele me ajudou a perceber melhor minha voz e me orientou sobre pontos que poderiam ser melhorados.

Qual a importância de um projeto como o Sobe Junto para a cena e como foi participar?

Com certeza é um programa importante para trazer identificação com quem é um artista da quebrada, super importante nos reconhecermos nas mídias grandes e marcas e  que antes pareciam distantes, motivar para que mais espaço para os nossos sejam criados.
Foi uma experiência muito intensa participar do projeto, pois era uma oportunidade de mostrarmos à vários espaços e pessoas novas o que somos. Claro que fiquei super ansiosa, pois estava me sentindo desafiada ao extremo, testando minha capacidade de criação em um curto tempo e mesmo assim tentando conseguir o melhor resultado, levei bem a sério e foi de muito aprendizado pra entender muitas coisas, principalmente sobre trabalho em equipe. Foi doido me assistir na televisão de casa (risos).

Em sua opinião, o que faltou para seu Bonde ir mais adiante no programa? O que você tirou como maior aprendizado?

Acredito que duas coisas faltaram, primeiro controle emocional, acho que ficamos muito impactados com a dimensão da produção e alguns sentimentos ficaram mais a flor da pele, atrapalhando nosso desenvolvimento nos desafios, pensando assim, posso concluir que eu poderia ter passado mais confiança ao meu bonde também.
E a outra é que às vezes as coisas são mais simples do que parecem, criamos muros em nossas mentes, seja por medo ou insegurança que nos impedem de exercer todo nosso potencial, por isso é importante nos reconhecermos cada vez mais.

Quais seus projetos futuros? Tem lançamentos chegando por aí?

Estou preparando meu primeiro álbum solo para esse ano, onde trago um trabalho mais sólido e maduro cheio de significados sobre a minha vida e visão de mundo. A previsão é que chegue me poucos meses. Convidei pessoas que admiro e que tem me ajudado a evoluir para participar da criação desse álbum, eu amo essa coisa de expandir meus limites e fazer conexões, então vem muita coisa diferente e boa!

Assista o segundo episodio do Sobe Junto abaixo:

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