Vai-Vai responde Prefeito de SP após ele enviar ofício pedindo punição para a escola

Escrito por Rodrigo Costa 18/02/2024 às 13:22

Foto: Divulgação
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A escola de samba ressaltou que a ala fez referência ao álbum ‘Sobrevivendo no Inferno’, do Racionais MC’s.

A Vai-Vai agitou o rap nacional com a homenagem feita ao hip-hop com o samba-enredo e desfile do Carnaval de 2024 em São Paulo. Acontece que após a realização, a escola foi surpreendida com um ato e posicionamento do Ricardo Nunes, prefeito da cidade, que pediu reunião com a Liga das Escolas de Samba de SP para solicitar punição devido à insatisfação com a fantasia que retratava policiais como demônios.

Diante disso, a Vai-Vai divulgou uma nota oficial respondendo as manifestações de repúdio. “Em 2024, a escola de samba Vai-Vai levou para a avenida o enredo Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano. Como o próprio nome diz, tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop.”

Sindicato dos Delegados de SP repudia desfile da Vai-Vai por 'demonizar a polícia'; escola afirma retratar acontecimentos históricos | Carnaval 2024 em São Paulo | G1

“O desfile homenageou artistas excluídos, que nunca tiveram seu talento e notadamente reconhecido. Neste contexto, foram feitos, ao longo do desfile, uma série de recortes históricos, como a semana de arte de 1922 e o lançamento do álbum ‘Sobrevivendo no Inferno’, dos Racionais MC’s, em 1997. ‘Sobrevivendo no Inferno’ é considerado o álbum mais importante do rap brasileiro”, acrescentou.

Em seguida, continuou citando os feitos do disco. “Em 2007, figurou na 14ª posição da lista dos 100 melhores discos da música brasileira pela Rolling Stone Brasil. Em 2018, na lista de obras de leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp. Racismo, miséria e desigualdade social — temas cutucados nos discos anteriores — foram expostos como uma grande ferida aberta, vide ‘Diário de um Detento’, inspirada na grande chacina do Carandiru.”

“Ou seja, a ala retratada no desfile de sábado, à luz da liberdade e ludicidade que o carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MC’s, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação. Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica”, completa.

“Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip-hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundos, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. O que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile. Existimos. Resistimos. E seguimos fazendo carnaval!”, finaliza.

Algo que também repercutiu nas redes sociais foi o posicionamento do MC Hariel a respeito do assunto. “Depois não adianta ficar encostando nos eventos e nem se escorando nos grandes empresários do funk para tentar ganhar voto não, viu?! Seu lambe alho!”, retrucou o funkeiro.

Confira as informações nas publicações abaixo:

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