KING argumentou que o Pop inevitavelmente se funde com o Hip-Hop, Rock periférico e Funk.
KING Saints liberou, na última quinta-feira (26), o seu primeiro álbum, “Se Eu Fosse Uma Garota Branca“, com com produção de Marcel e do trio Los Brasileros. Em entrevista para o RapMais, a cantora e compositora comentou sobre detalhes em torno do projeto.
Com doze anos de carreira, ela conta que a demora para chegar até este álbum de estreia se deu porque queria estar confortável e mais madura para a criação. KING diz que ao mesmo tempo em que o disco é subentendido já no rtítulo, buscou explorar justamente essa singularidade da mulher negra.
“Esse lugar do: mano, vão ter processos da nossa vida que a gente vai chegar e vai botar o dedo na cara, mas a gente também curte, sai, flerta, se diverte, sofre por outras questões que não são somente envolvidas nas pautas raciais”, explica.
“Então, a gente aprende a viver com todas essas questões, mas a gente é plural. A gente é um coletivo, mas a gente é unitário também. Tava meio que nessa brisa quando pensei nesse álbum, e é isso. A faixa-foco, ‘Se Eu Fosse Uma Garota Branca’, é justamente o puro suco do pop”, afirma a artista de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ).
Recentemente indicada ao Grammy por suas composições em “AFRODHIT“, de IZA, após em 2022 com “DOCE 22“, de Luísa Sonza, a cantora por trás de grandes sucessos ressalta que “SFUGB” foi pensado minucisamente para ser “o plástico do pop”.
“Consegui trazer, dessa maneira mais ácida, alguns assuntos que podem vir a ser desconfortáveis pra um grupo de pessoas. Então, meio que essa era a ideia, assim – fazer uma coisa bem do tempo, bem branca e passar o papo”, conta.
Apesar de fazer parte da cultura pop, KING Saints diz que se vê como integrante do rap pelo público do movimento e vice-versa. “Vivi numa linear que pro rap eu sou pop, e pro pop eu sou rap, sabe?! Justamente porque eu gosto de ter esses casamentos, mas isso é zero novo”, destaca.
“Quando a gente olha tanto pro mercado brasileiro, quando cê pensa em Negra Li… O que é mais pop do que Negra Li, com todo respeito?! A mulher tava na televisão nos anos 2000 – ela, mais duas negronas, Antônia Brilha na televisão direto… Mano, ela é muito pop!”, cita.
“Então, quando a gente olha nas nossas referências nacionais e internacionais, a gente olha, tipo, pra um Nicki Minaj, ela é uma artista extremamente pop; quando a gente olha pra Lil Kim, a Lil Kim é do pop, ela era o pop – ela foi presa, era de gang… Isso é pop, isso é cultura pop junto com cultura hip-hop”, pontua.
A artista enxerga uma fusão entre as culturas. “Acho que a cultura pop, na periferia, inevitavelmente se funde com a cultura hip-hopp, assim como se funde com a cultura do funk, assim como se funde quando a gente olha pro rock também, quando a gente olha pro rock de periferia”, menciona.
“Tudo ali é um movimento de resistir, quando a gente funde essas ideias. Porque se parar pra pensar, tudo que é inovador vem dali. Então, tipo, quando a gente olha pro pop, aí tu caça mesmo o que é pop, tu fala: ‘mano, essa mana estava copiando a Janet Jackson’. Meio que são primos”, complementa.
“É uma influência total, tanto nas minhas rimas, nas minhas referências, no álbum, principalmente, teve duas faixas que fiz muita questão mesmo de que elas fossem voltadas de fato pro movimento hip-hop, que são ‘Cadela’ – junto com a Levinsk, Boombeat e Afrodite BXD – e ‘Se Prepara Mona’ – que também faz uma referência ao funk carioca, que é o sample da Tati Quebra Barraco”, reflete.
Finalizando, KING imprime a presença do hip-hop em sua arte. “São músicas, ali, que identifico mais, que realmente parei pra criar nesse lugar. Mas, ao mesmo tempo, quando a gente olha para as colaborações, né, a gente tem MC Soffia, Karol Conká, Dalua… Então, é isso. É a fusão desses dois mundos dentro da minha cabeça [risos]”, relata.
Ouça “Se Eu Fosse Uma Garota Branca“: