Loja Zara criou código para alertar entrada de negros em loja: ‘Zara Zerou’

Zara é acusada de prática de racismo por delegada

Investigação feita pela Polícia Civil do Ceará afirma que a loja Zara do Shopping Iguatemi, em Fortaleza, criou um código secreto para funcionários ficarem atentos e acompanharem pessoas negras ou com “roupas simples” que entrassem no estabelecimento. O “alerta” era dado pelo sistema de som da loja, por meio do código “Zara Zerou”.

“Testemunhas que trabalharam no local alegam que eram orientadas a identificar essas pessoas com estereótipos fora do padrão da loja. A partir dali, ela era tratada como uma pessoa nociva, que deveria ser acompanhada de perto. Isso geralmente ocorria com pessoas com roupas mais simplórias e ‘pessoas de cor'”, afirmou Sérgio Pereira, delegado-geral da Polícia Civil do Ceará.

Arlete Silveira, delegada e diretora do Departamento de Defesa de Grupos Vulneráveis, detalhou como era o procedimento de alerta. “[O código “Zara Zerou”] orienta para que exista uma abordagem dentro da loja quando chega alguém ‘diferente’, digamos assim, sem o perfil do consumidor da Zara. É como se aquela pessoa deixasse de ser uma consumidora e se tornasse suspeita”, disse.

Esse tipo de tratamento envolvendo o nome da loja, no entanto, não é novidade e foi identificado diversas vezes dentro e fora do Brasil. Na ocasião, Ana Paula registrou um boletim de ocorrência contra a Zara, e o gerente do estabelecimento responsável por expulsá-la, Bruno Felipe Simões, foi indiciado pelo crime de racismo.

Ao UOL, a Zara afirma em nota que não teve acesso ao relatório no qual constam informações sobre o caso de Ana Paula e o código secreto que alerta para presença de pessoas negras na loja. Disse ainda que “colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde”, já que atribui o episódio a uma “política de segurança que vale para todos”.

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