O Proerd continua visando prevenir o uso de drogas entre os jovens
Estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em 30 escolas da capital paulista mostrou que o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), implementado no país desde a década de 1990, não teve efeito na prevenção do uso de álcool e drogas nas crianças e adolescentes que participaram da pesquisa e, em alguns casos, teve desfechos contrários aos esperados.
Com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), os pesquisadores do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Unifesp sortearam escolas que não receberam o programa nos últimos três anos e as separaram em dois grupos: o “intervenção”, que recebeu 10 aulas de instrutores do Proerd, e o “controle”, que não recebeu as aulas.
“O Proerd é aplicado em todos os estados há décadas, mas nunca houve nenhuma avaliação sobre a sua efetividade, se cumpre os objetivos a que se propõe. Em São Paulo, chama especial atenção ser obrigatório a todas as escolas, mas não existir nenhum acompanhamento de seus efeitos nos alunos”, dise Zila Sanchez, coordenadora do estudo, para folha de São Paulo.
Não foram percebidas diferenças significativas entre os grupos que receberam e não receberam a intervenção na prevenção do uso de álcool e drogas. Em uma pequena parcela que já fazia o consumo de até cinco doses de álcool em até duas horas antes de passar pelo programa, houve até três vezes mais chance de manter essa prática do que no grupo que não participou do programa.
Dois questionários foram aplicados em 2019 para os dois grupos, um antes da intervenção e outro nove meses depois. Também foram feitas entrevistas com 19 policiais militares que atuaram como instrutores do Proerd no estudo. Foram avaliados tanto o uso de drogas quanto prática e vitimização de bullying, cujos pontos são abordados no currículo do programa que foi reformulado em 2014 no Brasil, a partir de uma reestruturação feita pelo Dare, da polícia de Los Angeles, em 2008, criando o Keepin’it real, traduzido para o português como Caindo na Real.